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Tudo estava ocorrendo devidamente como deveria, conseguiram salvar as mulheres e crianças do galpão onde estavam e por fim conseguiram a localização dos dois últimos. E tudo estaria realmente bem caso Isabella não tivesse entrado em um estado de estresse pós traumático.

Desde que ela largou sua psicóloga para iniciar seu plano de volta a Londres, seus episódios de gatilhos e flashback a atormentavam. Ela relembrava detalhadamente de cada palavra e ação feita aquele dia. Era como se tivesse acontecido na noite anterior e ela ainda estava se recuperando.

Ela não tinha apoio de ninguém e não queria preocupar Iris com isso, que estava cuidando delicadamente de Heloisa após a mesma contrair uma virose.

E por conta desses gatilhos frequentes, ela ligou para O'Connell e cancelou as próximas três reuniões na semana que tinham juntas, apenas as duas como estava sendo feito ultimamente.

Obviamente Billie não entendeu nada e até pensou em tentar ligar novamente para perguntar o que tinha acontecido, mas lembrara que não havia tanta intimidade assim. A relação das duas era apenas empresarial, mafiosamente falando, que continham benefícios em tamanha quantia para ambas.

Ela ao menos sabia uma forma de conversar com Bella sem se xingarem, discutirem ou flertarem. Infelizmente a relação não passava disso, o que não era tão legal assim.

Elas eram sócias, óbvio que Billie tinha um poder extremamente maior do que Isabella, mas estavam trabalhando juntas para que John caísse. Mas mesmo assim, ela não se sentia no poder de invadir a privacidade de alguém, e pode perceber que algo bem delicado estava acontecendo, apenas pelo tom de voz usado por Bella na ligação.

Billie era babaca, mas não a esse ponto.

Isabella queria ajuda, óbvio que queria. Ela queria ficar bem para que pudesse ter sua devida paz quando acabasse com ele.

Ela sabia que o que a deixava mal era ter a consciência de que John Müller estava vivo, traficando pessoas e matando a sangue frio como se não tivesse tentado matar sua própria filha.

Ela se sentia mal por não ter conseguido matá-lo quando teve a chance. As três vezes em que veio observá-lo pessoalmente durante os quatro anos e se viu sozinha com ele podendo atirar e perfurar o cérebro dele com uma bala, ela se sentia fraca por não ter conseguido.

Isabella infelizmente guardava muita coisa consigo mesma. Não confiava em ninguém além de sua real e única família. Não tinha amigos ou com quem contar em um dia como este. Ela ao menos tinha a quem dizer bom dia em sua própria casa.

Ela morava sozinha em um enorme casarão, por ser o único lugar afastado de tudo que ela achou. Tudo era difícil para ela, e longe de todos ela era fraca, se permitia chorar e se tornar fútil por alguns minutos, horas ou dias.

Qualquer um que visse ela em um momento como esse, negaria no mesmo instante. Não parecia a mesma pessoa que ela era em seu dia a dia, que usava vestidos chamativos e bem extravagantes. A mesma que tinha um olhar, voz e modo de falar especialmente para ocasiões importantes.

Sabia se defender muito bem, óbvio, teve que aprender a sobreviver antes que algum psicopata narcisista tentasse a matar novamente. Mas ali, encolhida na cama enorme de casal vestida apenas com um pijama cor de rosa, Isabella se permitia relembrar tudo o que passou para chegar onde está, e tudo o que ainda faria para conseguir o que não conquistou.

Ela se sentia um lixo por estar tão inofensiva assim, como se a qualquer momento fossem entrar e gargalhar de sua situação. Ela só precisava de um tempo sozinha, como sempre foi.

Billie Eilish On

- Eu não sei Finneas, tem algo errado. A voz dela estava diferente, sem aquelas provocações ou gemidos que ela soltava no meio da frase.

𝐛𝐚𝐜𝐤 𝐭𝐨 𝐥𝐨𝐧𝐝𝐨𝐧 • 𝐛𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞 𝐞𝐢𝐥𝐢𝐬𝐡Onde histórias criam vida. Descubra agora