Parte 3

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Quatro meses depois

Depois do episódio na biblioteca venho evitando falar o nome dele, ou se quer olhar em sua direção, já bastava o encontrão no refeitório, merda e se ele me viu sair da biblioteca.
Quero pensar que ele não viu e nem ela.
- Karol já estamos no final do ano eles não viram você relaxe, Emília não é uma que guarda as coisas para si, aquela nojenta já teria tentado te intimidar.

Tentei relaxar como disse Caro, no final do dia estava no banheiro quando escutei a porta bater e vozes.
- Não sei, acho que alguém nos ouviu uma vez quando estivemos na biblioteca. Droga agora não posso sair e ainda sou obrigada a ouvir a conversa.
- Pode ter sido só um livro, vocês viram que caiu.
- Sim, mas estamos terminando o ano não quero complicação na formatura, já falei para ele que aqui na escola não.
- Quero ver você aguentar.
- Eu sei o safado é gostoso.
Reviro os olhos e espero que elas saiam para poder respirar.

Chego em casa e o carro do meu pai está ao lado de fora estranho ele chegou mais cedo hoje.
Quando me aproximo da porta escuto vozes alteradas e depois o grito da minha mãe, abro a porta rapidamente.
- O que está acontecendo? Questiono e eles se assustam.
- Não é nada filha eu vi uma barata e gritei. Ela está nervosa secando o canto dos olhos.
- Mas não se preocupe seu pai já achou, fique tranquila. Assinto ainda desconfiada.
- Vou tomar banho. Aviso e subo as escadas, abro a porta do meu quarto e jogo a mochila lá batendo a porta para que eles pensem que estou no quarto, chego só no primeiro degrau.

- Você precisa se controlar Mônica.
- Não toque em mim.
- Eu sei meu amor me perdoa eu...
- Cale a boca Miguel, você não sabe como estou me sentindo.
- Pela nossa filha Mônica por favor.
- Fale baixo, vai ser só pela nossa filha, ela merece um lar tranquilo.
- Do que eles estão falando, por acaso estão brigando, em toda minha vida nunca se quer vi meus pais discutirem.

A noite estava com muita sede e não conseguia dormir, desci as escadas e encontrei meu pai dormindo no sofá, não fiz barulho, peguei o cobertor cobrindo ele e peguei a água voltando para o meu quarto.
Aquela semana passei a observar meus pais mais de perto, como nunca percebi, que eles passam o tempo inteiro brigando.
Eles não conseguem olhar se quer um para a cara do outro.

- Sabia que te encontraría aqui.
Estava atrás das arquibancadas o treino de vôlei já estava no finalzinho.
acabo suspirando ao ver o Pasquarelli tirar a camisa.
- Você ainda suspira por ele amiga, eu até te entendo porque... Ela para de falar e olho para ver o que aconteceu.
Volto a olhar para frente onde seus olhos estão grudados e sorrio, seu queixo acaba de cair por Agustín Bernasconi, melhor amigo de Ruggero.
- É parece que não sou só eu que suspiro por aqui.
- Como eu nunca prestei atenção naquela coisinha sem camisa?
- Porque você não presta atenção nos garotos dessa escola esqueceu?
- Verdade. Mas ui que calor, esse cara é... empurro ela de lado e pulo do murinho.

- O que você tem? Carolina pergunta e caminhamos juntas para a saida.
- Você já viu seus pais brigarem? Ela para me olhando preocupada.
- Algumas vezes, mas coisa boba eles se resolvem logo, porque?
- Eu nunca presenciei nada do tipo, e de um tempo pra cá venho observando que...
- Que?
- Acho que eles se odeiam.
- Não, eles se amam Karol estamos sempre juntos é impossível teríamos notado.
- Eu sei, só que...
Conto a Carolina o dia que ouvi minha mãe gritar com meu pai.
- Presta atenção Caro, estamos sempre juntos, mas eles não, seu pai mesmo conversando com o meu ele abraça sua mãe, ele beija ela, o meu não.
Não participamos de coisas familiares os três a muito tempo, nas férias ou estou com você ou com um dos dois.
- Pensando assim você tem razão, o que será que aconteceu?
- Eu não sei.
- Será que eles vão se separar?
- Eu não sei, nunca imaginei meus pais separados, mas não gosto do clima em casa, é como se tudo estivesse voltado a mim, eu sou o centro da atenção deles, como se a qualquer momento fosse quebrar e não gosto disso.
Caro me abraça e vamos juntas para casa.

Estava deitada na minha cama escutando música com fones de ouvido, enquanto stalkeava a conta de Ruggero nas redes sociais, não sei o porquê dessa minha obsessão por esse cara.
A qual é Karol, olhe pra ele, lindo, moreno, alto, olhos intensos e um sorriso safado, qual garota não cai nesse sorriso.
A cena do refeitório passa na minha mente, foi a primeira vez que estive tão perto dele.
Suspiro e fecho o computador tirando os fones é quando escuto barulho de vidro quebrando, corro para a porta.

- Caro por favor.
- Fique longe de mim, não quero nunca mais olhar para sua cara.
- Fale baixo nossa filha está dormindo.
- É só por ela que ainda está aqui, pois não quero que ela sofra, mas nós não temos mais nada.
- Vocês deviam se separar.
Falo eles nem perceberam que eu já desci as escadas e estou sentada nos degraus.
Eles olham para mim espantados e um sorriso fraco sai dos meus lábios.
- Karol. Meu pai chama.
- Vocês deveriam se separar. Falo mais uma vez.
- O que você está falando? Minha mãe pergunta.
- Vocês acham que eu vou sofrer se separarem, eu estou sofrendo, mas não pela separação e sim por isso. Aponto de um para o outro.
- Eu cresci vendo a cumplicidade e amizade que vocês tinham e desejando que um dia eu tivesse algo assim, e ver o quanto estão lutando para não se matarem dentro de casa, isso sim me deixa triste.
- Não é nada disso filha nós não... Interrompi minha mãe.
- Chega mãe, chega de mentir pra mim vocês acham mesmo que sou tão estúpida e frágil que posso quebrar a qualquer momento, o que querem fazer me colocar dentro de uma caixinha para que nada no mundo me deixe triste, sinto muito mãe mas isso aqui é vida real e prefiro ver os dois bem felizes mas  separados.
Dou as costas e subo as escadas, mas paro e me viro para eles.
- Estou falando sério. Falo olhando para ela, e pai temos um quarto de hóspedes  nada de sofá ou suas costas vão continuar te matando.
Ele abre e fecha a boca. Respiro fundo e volto para o meu quarto.

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