Parte 7

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Entrar em casa hoje foi a coisa mais difícil que fiz, apoio a mochila na minha cama e saiu do quarto em busca de alguma coisa que possa comer, entro na cozinha e percebo as chaves do carro e o celular do papai mas ele não está ali, subo as escadas e entro no quarto dos meus pais e quando me aproximo do banheiro ele está caído.
- Pai. Grito, chamo por ele, mas ele não responde, pego o telefone e ligo para ambulância que não demora a chegar.
- Por favor ele vai ficar bem não é?
- Senhorita fique calma, vamos levá-lo e você precisa se acalmar.
- Eu posso ir com ele, por favor?
- Ok tudo bem, pode acompanhá-lo.
Fechei a porta e corri para dentro da ambulância, segurei sua mão e com todo meu coração pedia no meu íntimo para que ele ficasse bem.
Chegamos ao hospital e o enfermeiro avisou que teria que ficar na recepção aguardando.
Nem sei quanto tempo tinha passado, o nervosismo só aumentava e meu corpo tremia não sabia o que fazer, um medo assustador me dominava.

- Você deve ser a filha do senhor Sevilla. Pulei da cadeira.
- Sou eu, ele está bem? O senhor de cabelo grisalhos sorrir para mim.
- Seu pai está bem e quer vê-la.
- Graças a Deus.
Foi um alívio ouvir aquilo, segui o médico até a ala em que papai se encontrava.

- Pai. Ele sorrir para mim mesmo com seu rosto pálido e senti um aperto em meu peito.
- Minha princesinha.
Abriu os braços e me aconcheguei, sequei as lágrimas e me afastei para ver seu rosto.
- Pai o que aconteceu, o senhor está bem?
- Eu estou bem, não se preocupe.
- O senhor não me parece bem quer por favor me contar de uma vez por todas o que está acontecendo? Ele suspira e engole em seco.
- Meu amor, eu...
- Não enrola pai, quero saber agora eu tenho direito de saber.
- Eu trair sua mãe Karol.
- Que?
- Isso que ouviu, eu me envolvi com outra mulher, quando ainda namorava sua mãe.
- Você quer dizer a mais de vinte anos atrás? Pergunto incredula.
- Sim, sua mãe descobriu e o resto você já sabe. Levanto e caminho ate a janela com os braços cruzados.
- Eu errei filha, mas eu sempre amei a sua mãe.
- Pai porque essa história veio agora?
- Porque ela encontrou Cassandra depois de anos, e ela lhe contou.
- E o que você tem?
- Como assim?
- Te encontrei desmaiado.
- Não foi nada eu estou bem, quero olhar pra você minha princesa, você sempre foi a luz dos meus olhos, lembro o dia em que você nasceu e trouxe a maior alegria em minha vida.
- Ah papai.
Nosso abraço sempre foi o melhor, me aconchego sentido seu cheiro inconfundível.
- Como está o meu paciente? Me afasto.
- Doutor sem rodeios? O médico sorrir.
- Karol não foi nada. Olho novamente para o médico.
- Um princípio de infarto, vai precisar se cuidar senhor Miguel.
- Paiiii.
- Eu estou bem.
- Agora, porque foi medicado.
A porta se abre em um rompante e minha mãe entra por ela desesperada e chorando.
- Miguel... Ela suspira secando as lágrimas.
- Você... Aí meu Deus.
- Eu estou bem Caro. Mamãe vai em lágrimas.
- Venha aqui querida.
Ela se aproxima e se joga em seus braços.
- Não me assuste assim nunca mais.
Ele sorrir alisando seu rosto e beija seus lábios e ela volta a abraça-lo.
E meu coração dolorido se derrete com a cena e meu sorriso se alarga, desvio o olhar secando as lágrimas, quando abro os olhos os do médico estão arregalados, volto a olhar para o meu pai que até a pouco estava sorrindo mas agora está....
- Miguel.... Miguel o que você tem...
- Eu... Eu... Não....
Seu olhar cai em mim.
É uma sucessão de acontecimentos entre médicos gritando comandos e enfermeiros nos empurrando porta a fora.

Me encolhi enquanto mamãe esmurra a porta chamando por ele, eu só queria que a noite fosse embora e o sol raisse na minha janela juntamente com meu despertador me avisando que era outro dia e era hora de levantar para vida.
Eu sabia, eu soube no momento em que seus olhos pararam em mim que ele estava nos deixando.

Quando a porta se abriu e o médico passou por ela foi o meu fim, não achei que pudesse suportar tamanha dor, mas foi só olhar para ela, para minha mãe que entendi.
Eu precisava engolir a minha, colocá-la em algum lugar aqui dentro e ser a sua base assim como ele me pediu para ser.
A abracei com toda as minhas forças enquanto ela desabava, fui o muro inabalável que ela precisava enquanto por dentro tudo em mim se ruia.
Não importava eu sentiria depois, seu olhar, seu último olhar me dizendo adeus era para que eu cuidasse dela da minha mãe do grande amor da sua vida, e eu iria cumprir.

Eu não consegui fechar os olhos, não tinha noção do que fazer, minha mãe estava inconsolável, ainda bem que tinha os pais de Carolina comigo, minha avó está de cama com a notícia e o mundo parece que está desabando na minha cabeça.
- Karol querida sei que é um momento difícil, mas eu tomei a liberdade de organizar o funeral e liguei para a empresa funerária estão esperando a liberação do... Ele engole e sei o quanto custa dizer algo assim, só assinto.
- Obrigado tio.
- Kah você precisa dormir um pouco. Larissa a mãe de Caro me incentiva.
Olho para Carolina, e sei que minha amiga me conhece bem, ela estende a mão para mim.
- Deixa que eu cuido dela mãe. Subimos para o meu quarto e Caro vai no banheiro, quando sai trás em mãos um elástico para amarrar meu cabelo e me ajuda a entrar no banheiro.
Consigo tomar banho e me vestir, quando saiu do Caro está ali sentada com uma escova em mãos, ela me faz sentar e pentea meus cabelos.

E como se a dor que empurrei para longe enquanto segurava minha mãe, rompesse a barreira que construir, meus ombros tremem e um soluço alto escapa dos meus lábios.
Caro deixa de lado o pente e senta na cama puxando meu corpo, me abraçando e acariciando as minhas costas.
- Chora amiga, coloca para fora toda a dor que está sentindo, ela não vai passar, vai amenizar, mas eu vou estar aqui te segurando ok. Faço que sim, sem consegui conter as lágrimas.
Soluço como um bebê a dor parece me rasgar por dentro, eu perdi o meu pai, meu melhor amigo o meu herói.

Droga....
Sinto os braços de Carolina me envolver.
- Ele te mandou isso.
Vejo um pequeno vasinho de margarida.
- Com..como é possível. Ela sorrir para mim.
- Conseguimos uma coisa ou outra, o importante é que ele te ama e está muito orgulhoso da mulher linda que você se tornou.
- Ah Carolinaaa.


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