Parte 38

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Vamos de maratona.

1.5

- Cretino, filho da mãe Argh. Resmungo batendo a porta e vou direto para o banheiro tentar me acalmar com a água bem gelada.

Na manhã seguinte passo para ver Carolina e controlar se a minha dinda está bem.
Não conto o que aconteceu, não quero minha amiga no meio disso.
Na parte da tarde passo no hospital e assino um contrato com eles, visito um pouco da ala de cirugía vascular e depois vou para casa, amanhã cedo tenho minha primeira paciente.

Quando estaciono meu carro, o carro de Ruggero está parado na frente da minha casa e não na dele, desço do carro, pego a bolsa e bato a porta escuto barulho de chaves e não me viro.
- Ah você finalmente chegou.
Olho de relance, faço uma cara de indiferente e continuo andando para minha casa.
- Estou falando com você. Paro no degrau.
- E eu ainda não vejo o porquê de você falar comigo. Ele sorrir o desgraçado.
- Não deixei você dormir não é?
- Muito pelo contrário eu dormir muito bem, só não entendo o que você quer comigo.
- Eu? Nada, o senador está atrás de você.
- Existe algo que foi inventado e que em pleno século vinte um todos sabemos usar, se chama celular. Ele revira os olhos e abre a porta.
- Entra.
- Como é?
- Vamos logo, entra de uma vez ele pediu para levar você. Era só o que me faltava, dou as costas para ele e vou para entrar em casa.
- Porque com você tudo tem que ser tão difícil, não pode simplesmente entrar na porra do carro.
- Não, eu não posso, você não manda em mim, quer que eu vá peça, fale, tenho certeza que dona Antonella e o senhor Luis te deram educação suficiente para tratar uma mulher eu não sou sua funcionária.
- Cala essa boca Karol você está me irritando. Começo a rir.
- Boa noite Ruggero.
- Karol... A porra.
Bato a porta, e ele corre subindo os degraus mas já é tarde, já fechei, ele bate várias vezes.
- Abre essa porta Karol. Ligo o som bem alto para abafar suas batidas e tiro o sapato me jogando no sofá.
Meu celular começa a tocar e vejo seu nome, deixo que toque mais um pouco e então abaixo o som, levanto e abro a porta e o encaro, na verdade levanto bem o rosto já que estou sem os saltos.
Ele faz um esforço enorme e então fala.
- O Guilherme me ligou hoje, pedindo que levasse você até a mulher dele, ela piorou e ele não sabe mais o que fazer, então doutora você poderia fazer o enorme favor, de colocar seu rabo no meu carro.
Ponho a mão no queixo pensando, dou as costas e ele respira fundo, calço meus sapatos e arrasto a bolsa saindo.
Ele abre a porta do carro, mas passo direto abrindo a porta do meu carona.
- Você pode colaborar e entrar aqui.
- É claro que posso, mas se tenho que ver um paciente, preciso disso aqui.
Tiro uma bolsa grande e uma menor com meus utensílios.
Ele abre a porta de trás e coloco as coisas.
Entro no carro dele e ponho cinto, abro meus emails e vou respondendo em silêncio, mas observo pelo canto do olho que vez ou outra ele olha para mim, e balança a cabeça negando.

Quando chegamos, a casa, é até ofensa isso é uma mansão.
- Vem, é por aqui.
- Doutora Sevilla.
- Boa noite senador.
- Me chame de Guilherme.
Olha eu lembro o que você me disse, mas por favor. Assinto e sigo com ele até o quarto, onde está sua esposa e para meu total espanto é praticamente uma UTI.
- Cassie. Ele chama e ela abre os olhos.
- Eu trouxe alguém querida.
- Olá Cassie, eu sou doutora Sevilla, posso dar uma olhada em você? Ela assente com a máscara no rosto.
Abro a maleta menor e tiro meu estetoscópio, escutando seu coração que bate bem fraco e sua respiração.
Olho para porta e Ruggero está parado com a minha bolsa e aceno para ele que me entrega, e já preparo meu monitor.
Jogo as imagens na tela, verico todos os lados o que está impedindo o sangue de circular.
Passo uma medicação e peço a enfermeira que está com ela para aplicar.
- E então doutora?
- Ok, eu não sou muito de rodeios, até porque você já vem de vários diagnósticos, ela tem dois tumores um na veia central e o outro na lateral, o risco de uma cirugia aberta é gigantesco isso você já sabe, e se me procurou é porque sabe que eu tenho experiência na indução, mas já adianto temos riscos e grande, ela está muito debilitada.
Ele respira fundo.
- Os riscos são menores? Ela tem uma chance?
- Tem, mas você...
- Eu sei, eu tenho que está preparado.
Ele olha para Ruggero e volta a olhar para mim.
- Vamos fazer. Assinto e pego o telefone na bolsa saindo do quarto, já com o telefone no ouvido, organizo com o diretor a cirugia e uma ambulância para levá-la.
- Ok tudo certo, eles estão enviando uma ambulância, em alguns minutos estarão aqui, amanhã nos vemos no hospital antes da cirugia.
Ele assente e recolho meu material, ponho a bolsa no ombro.

- Obrigado doutora.
Aceno e Ruggero abre a porta do carro para mim, olho para ele e esse olhar me desarma por inteiro.

Desço do carro e subo as escadas da minha casa.
- Karol. Paro com a chave na porta.
- Obrigado, ele é um amigo e já está a bastante tempo tentando.
- Não me agradeça eu não posso garantir nada. Ele assente e dou as costas entrando em casa.

Pela manhã passo novamente em Carolina, o carro de Agustín não está lá fora, mas como tenho as chaves empurro a porta, e vou para a cozinha preparar um café, arrumo os pães e o bolo e faço um suco de laranja.
Me aproximo do quarto e a porta está aberta, ponho a cabeça e a cena me deixa sem palavras.
Ruggero está sentado no chão ao lado da cama onde Caro está deitada, a cabeça dele repousa no cantinho e as mãos na barriga dela.
- Ele vai acordar todo dolorido.
Ela sussurra para mim sorrindo e alisa o cabelo dele. Faço um sinal do porque ele está ali.
- Agus ficou de plantão na delegacia essa noite.
- E porque não me chamou?
- Ruggero já estava aqui. Faço bico.
- Não seja ciumenta. Reviro os olhos.
- Ela estava bem agitada essa noite, chutando bastante, ele sentou aí para não perder nenhum chute, e cantou até ela adormecer, ao menos acredito que foi isso porque parou de chutar depois da música. Meu coração dar um saltinho ao ouvir Carolina falar, ela está olhando para mim e sabe exatamente o que estou pensando.
- Bem precisamos acorda-lo, você precisa comer.
- Apesar de adorar um mimo, vocês não precisam ficar comigo vinte quatro horas.
- Pode parar de reclamar.
- Longe de mim, então quer acorda-lo.
Reviro os olhos.
- Vou pegar um balde com água, bem gelada.
- Que maldade. Saiu do quarto mas escuto quando ela o chama.
Logo depois ele aparece na cozinha se arrastando com cara de sono.
Abre a geladeira e tira de lá um gel congelado, enrola e põe no pescoço, uma risada escapa dos meus lábios, então ele percebe que estou ali.
- Posso saber o motivo da risada?
- Bom dia para você também, e isso vai ajudar. Coloco um gel para massagear o lugar.
- Hum que cheirinho bom de café. Carolina aparece.
- Carolina, sua amiga quer me envenenar. Cuspo o café.
- O que?
- Ela preparou café da manhã e me entregou um gel para o meu pescoço, ela com certeza quer me matar.
- Eu não fiz café da manhã pensando em você. Ele arqueia a sobrancelha.
- E quer saber, fique com essa merda dura. Ele cai na gargalhada e Carolina também e vou saindo.
- Ah pode deixar ele vai está duro.
- Kah volta aqui...

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