Epílogo

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Uma semana e eu estava destruída, cheia de olheiras, e quem me conhece bem, sabia que minhas noites eram em claro e chorando, era assim que eu estava depois que Ruggero viajou.
O primeiro dia eu fiquei perdida, a ficha que ficaríamos um mês longe, ainda não tinha caído.
O segundo dia o vazio se abateu em casa, não tinha mas a sua voz, nem brincando com Ange, nem resmungando como um velho pelos cantos da casa.
No terceiro eu me arrastava na solidão, terminava de cobrir a pequena, agarrava uma manta, seu travesseiro e me jogava no sofá, as lembranças dos nossos corpos na minha cama e na dele eram fortes demais, então optei pelo sofá.
Parecia que tínhamos terminado um romance de longos anos.
As noites em claro me rendeu o livro quase completo, eu só não sabia o que escrever para o final.

No sábado fui trabalhar só porque tinha uma cirugia marcada logo depois do almoço, mas cancelei o restante e voltei para casa, Ange não havia dormido bem a semana inteira, e sei que em partes era porque sentía falta dele.
Do papa, como ela mesmo perguntava.
Estaciono o carro e fecho a porta.
- Eu tenho o final.
Escuto aquela voz mas não entendo bem o que diz, estou preocupada com meu coração que parece sair do peito a qualquer momento.
- Ruggero. Caralho ele está aqui, está aqui mesmo.
- O que faz aqui? Pergunto nervosa.
- Eu senti saudades. A coisa me deixa surpresa.
- Mentira eu morri de saudades, meu peito chegava a doer e chorei como uma criança todas as noites longe de vocês. Levo as mãos a boca sem consegui reagir.
- Ruggero o que você está... Ele mostra o meu livro e meus olhos se arregalam.
- Eu tenho o final do nosso clichê. 
Engulo em seco e ele se aproxima, não sei o que esperar, não era para ele ler, então ele fala.
- Eu desde moleque sempre sonhei em ter uma família, uma mulher, filhos uma casa com a cerquinha branca, cachorro e o caralho a quatro, e quando me casei pensei que seria realizado, mas não, então resolvi colocar esse sonho na gaveta e esquecer, até você aparecer e virar meu mundo, até nossos amigos morrerem e deixarem a vida deles para nós, e então o meu sonho que estava guardado, saiu da gaveta sem que eu o tirasse de lá, e me pegou em cheio.
Eu demorei para assimilar tudo, sou meio lerdo.
Acabo sorrindo em meio as lágrimas e quero abraça-lo, senti tanto sua falta.
- Mas eu cheguei a conclusão, o que tínhamos não era um relacionamento, era mais do que isso.
Observo seu olhar para mim, cheio de amor e suas palavras tão sinceras.
- Você se tornou minha companheira, minha melhor amiga, e acima de tudo minha mulher, então doutora Karol me daria o prazer de oficializar o nosso para sempre.
Minha respiração é interrompida, acabo arfando em meio as lágrimas, e só quero uma coisa nesse momento, seco o rosto e me controlo buscando a voz não sei onde.
- Ruggero.
- Fala de novo, eu passei sete dias sem ouvir a sua voz querida. Meu coração se aquece.
- Ruggero.
- Estou aqui.
- Me beija... Agora. O sorriso mais lindo do mundo é direcionado a mim, e a música toca em minha mente que sou única para esse homem.
- Se eu soubesse que era o seu primeiro beijo teria feito durar a noite inteira.
- Bobo. Volto a beija-lo porque um só não é suficiente.
- Isso é um sim?
- Acho que vou ter que caprichar no próximo beijo porque você ainda tem dúvidas.
Eu ainda sou a garota que sonha com o capitão do time.
- Então devo dizer que seus sonhos se tornaram realidade querida, porque eu descobri que não sei viver sem essa garota. Eu amo você Karol.
- Você tem ideia do que está fazendo comigo? Pergunto porque me custa acreditar que ele está dizendo isso mesmo, parece um sonho e por favor mamãe não me acorde.
- Tenho e assumo todas as consequências.
- Eu amo você Ruggero sempre amei.
- Eu sei querida me perdoa por não perceber antes.
- Você veio.
- E não vou embora, na verdade eu tenho que voltar, mas dessa vez vocês vem comigo. Surpresa estampada nos meus olhos.
- Vamos nos casar ou acha que vou deixar você pensar, de jeito nenhum, vou te amarrar a mim.
- Mas eu...
- Mas nada doutora vamos pegar nossa garotinha, e arrumar umas malas, você está oficialmente de férias.
- Quem disse?
- Eu, seu marido.
- Você nem oficializou e já está comandando a minha vida, isso...
- Eu vou te compensar de outro jeito.
Ele recebe um tapa pela safadeza.

Minha mãe não entendeu nada quando me viu com Ruggero, disse a ela que depois explicava e ela só sussurrou vai ser feliz depois você me conta.

- Ruggero preciso saber quanto tempo vamos ficar lá.
- Até o final do mês.
- É muito tempo, e o meu trabalho?
- Eu já disse você está de férias. Ele me abraça por trás.
- Não é você quem decide mocinho, preciso informar que estou tirando uma licença. Ele revira os olhos e termino de fechar uma mala para Ange, e logo depois entro no meu quarto e ele vem comigo.
Senta na cama e me puxa para sentar em seu colo.
- Não queria voltar nesse assunto, mas sinto que você precisa saber. Franzo o cenho e beijo seu queixo.
- Sobre o meu aniversário.
- Não quero saber o que você fez com aquela mulher. Ele sorrir.
- Ciumenta. E beija meus lábios.
- Quando sair daqui aquele dia, não assimilava as coisas direito, Ange me chamou de pai e tudo que eu queria era sair correndo, com o medo absurdo do que estava sentindo.
Quando voltei passei na delegacia, e os garotos me chamaram para ir no bar tomar uma cerveja, já que era meu aniversário e eu fui, só que exagerei e acordei no sofá de casa com você tocando na porta.
- E a loira?
- Pois é, eu não lembro que horas ela chegou, e nem que foi a mesma a me levar para casa, quando você saiu eu perguntei para ela o que tinha acontecido entre nós, e a verdade é que nada aconteceu, eu estava bêbado e ela me levou, só tirei a camisa e apaguei no sofá, ela dormiu no meu quarto porque foi dirigindo o meu carro e não quis pegar táxi de madrugada, é isso.
Mas que fique claro, desde o momento em que passamos a morar juntos a única mulher com quem eu dormi foi você.
- Voce não precisava me explicar isso.
- Ah eu precisava sim, e quero dizer que não existe e nem vai existir outra mulher na minha vida, somente você Karol, o mundo deu a volta e te trouxe de novo para mim e dessa vez não vou te deixar ir.
- Eu esperei por esse momento toda a minha adolescência até sonhava com esse dia.
- É mesmo então me conta como eram esses sonhos. Ele faz uma cara maliciosa e dou uma rebolada de leve.
- Acho melhor eu realizar o sonho o que me diz? Falo e já vou abaixando abrindo sua calça e tirando junto com a cueca.
- Assim você me acaba, mas antes.
Ele me faz parar com seu pau quase na boca e coloca uma almofada embaixo da bunda e fico sem entender.
- Você se empolga, não quero esse dedo no meu rabo de novo, de jeito nenhum mocinha, agora vem aqui colocar sua boca deliciosa em mim.
Sorrindo e babando obvio vou com muito prazer.

O mês terminou e as "férias" também, assim que voltamos para cidade Ruggero não foi direto para casa ele parou no cartório.
- O que viemos fazer aqui?
- Oficializar uma coisinha. Beija minha mão e com Ange no colo entramos.
Ele cumprimenta algumas pessoas que pelo visto já o conhecem e entramos em uma sala, um senhor sorridente aperta minha mão e logo me entrega uma papelada com uma caneta.
- Você...
- Eu disse que iria te amarrar, agora você não me escapa. Sorrio e assino e entrego a ele.
Quando estamos saindo do cartório a loira vem entrando.
- Ruggero. Ela se aproxima e beija seu rosto. Mas Ruggero tem Ange em seu braço e a outra mão está segurando a minha e ela percebe.
- Como vai Karol?
- Muito bem.
- Muito bem casada você quer dizer. Ele fala e acabo sorrindo.
- Vocês... A cara que a mocreia faz é impagável.
- Desculpe precisamos ir, estamos em lua de mel você sabe, não tem como escapar.
Tiro as chaves da bolsa e destravo o carro e Ruggero ainda está rindo.

Chegamos em casa já era noite, coloco o pijama na pequena que já pede colo a Ruggero, encostando a cabeça em seu peito, ele sorrir e pega o controle, a música lenta começa e ele estende uma mão para mim.
Dançamos os três a música que tanto marcou nossas vidas, olho para o lado e posso ver Carolina sorrindo para mim, ela está dançando também suas mãos estão envolvendo alguém e sei bem quem, sorrio de volta.
- Obrigado, eu amo você. Balbucio.
- Eu também amo você. Ela fala. Volto o meu olhar para ele que sela nossos lábios.

Confesso que essa foi a mais gostosa de escrever, eu simplesmente adorei cada momento, ela foi pensada e finalizada antes mesmo de ser escrita e fico feliz que gostaram.
Então é isso muito obrigado e nos vemos na próxima. 🥰😘

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