Parte 58

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Papa.
Duas palavras e me desestabilizaram
Cheguei a delegacia para finalizar as últimas coisas antes de viajar.
- Chefe tenho algo para você. Glória me entrega uma caixa de presente, me fazendo recordar que daqui a dois dias é meu aniversário.
- Eu sei, você não gosta de comemorações, mas esse presente vai ficar ótimo na sua sala. Sorrio e agradeço.
Chego em minha sala e abro a caixa, me deparando com um porta retrato.
Eu lembro bem esse dia, Karol estava aqui, e Glória trouxe um bolo para comemorar seu aniversário.
Sou eu, Karol e Ange.
- Que linda família. A voz de Gustavo.
- Não somos uma família.
- Porque não quer, vocês tem sintonia, Ange é um bebê maravilhoso, fora que Carolina e Agus sabiam o que estavam fazendo, tramaram direitinho para juntar os melhores amigos. Ele rir.
- Eu no seu lugar iria querer sim, acho que está perdendo tempo negando o que todo mundo vê. Ele sai e fico mergulhado em pensamentos.

- Bem não era essa reação que eu esperava. Olho para o lado e ele está sentado.
- Ela me chamou de pai Agus.
- É o que você representa para ela.
- Você é o pai dela.
- E sempre serei, mas pai é quem cuida, protege, dar amor, e eu passei isso para você porque eu sabia que daria tudo a ela.
- Esse era o seu sonho não o meu.
- Esse sempre foi o seu sonho, você só escondeu ai dentro, e acreditou veemente na sua mentira de não se relacionar depois da Emília que agora está difícil aceitar.
- É a sua vida Agustín.
- Não Ruggero essa é a sua, e eu só estou aqui para te fazer vê isso.
Nego sentindo meu corpo tremer, olho para o porta retrato novamente e me perco ali.

A seleção foi feita, passei e fiz a entrevista.
Agora era esperar para o treinamento, esse cargo pode mudar minha vida, além de trabalhar direto no ministério público.
No caminho de volta, vendo a quantidade de mensagens de felicitações, só queria encher a cara e esquecer que dia é hoje.
- Você não está aqui.
- Estou.
- Não fisicamente, esse dia perdeu a graça.
- Não diga isso. Não falo mais nada só  me concentro na estrada, passo na delegacia para deixar um material e os caras me chamam para o bar, é estou realmente precisando.

Acordo no sofá com a porta tocando.
Tocando não, vão derrubar, minha cabeça dói, o que dificulta meus movimentos.
Abro a porta e não consigo ouvir direito o que ela está dizendo.
- Karol... Só sussurro ela continua a falar então se cala, e seu rosto de preocupação e depois alívio passa a um surpreso e decepcionado, olho para as escadas e Clara está ali, os cabelos molhados, vestida apenas com a minha camisa.
Espere Clara? Olho ao redor estou na minha casa.
Quando me viro para porta Karol me olha, e esse olhar me quebra por inteiro, ela me dar as costas.
Clara se aproxima e me envolve com seus braços, me afasto dela indo até a cozinha pegando uma aspirina e água.
- Quer me contar que porra aconteceu?
- Você bebeu demais e eu te trouxe para casa.
- Nós transamos?
- Bem que eu queria, mas você morreu no sofá assim que desabou.
- E porque está aqui?
- Eu estava sem carro, e dirigi o seu, não quis pegar táxi e dormi aqui.
- Foi só isso?
- Você não reclamava da minha presença antes.
- Falou bem, antes eu não tinha uma... Ela sorrir.
- Uma família?
- Clara vai embora por favor, se quiser leva meu carro, mas eu preciso ficar sozinho.
- Tudo bem Ruggero.
Ainda cochilei um pouco no sofá mas quando a porta bateu levantei me arrastando até o banheiro.
Depois de um ducha fria consegui acordar completamente.
Tranquei tudo e fui até a outra casa, assim que abro o cheiro delas tão familiar invadi minhas narinas e me surpreendo com os balões e o bolo ali na mesinha de canto, olho ao redor uma manta no sofá.
Vou até o quarto de Ange e elas não estão, me aproximo da cozinha e a coisa me pega ainda mais tudo pronto para um jantar.
Vou até o quarto de Karol e nada dela, fui até o meu e tinha dois presentes na cama.
Abro o primeiro e pelo pijama sei que foi minha mãe. Tem um cartão.

Querido deveria aproveitar mas as oportunidades que a vida te oferece, nem sempre o mundo dar voltas  dando aquilo que você perdeu, estou do seu lado sempre. Feliz aniversário! Mamãe.
O que eu perdi.

Abro o outro é uma camisa muito bonita.
E três pirulitos. Sorrio.

Feliz aniversário Rugge, Karol e Ange.

Eu realmente não esperava uma família, principalmente eu tinha desistido de ter uma, a coisa com Karol me desestabilizou, porque primeiro, ela foi a garota que eu quis me doar por inteiro, segundo porque eu...
Merda eu me apaixonei.

Levanto rápido e quando vou sair dona Carolina está chegando com a pequena em seu colo, que ao me ver bate palmas agitada.
- Papa. Ela fica surpresa com as palavras de Ange, mas eu não, acabo sorrindo pegando ela, que se aconchega em meus braços e beijo seu cabelinho.
- Papa.
- Oi meu bem. Uma lágrima risca meu rosto.
- O papai está aqui. Ela esfrega as mãozinhas na minha barba me fazendo sorrir. Falo para a mãe de Karol, que fico com ela.
- Sabe onde está Karol? Pergunto antes dela ir.
- Ela pediu para ficar com Ange hoje, acho que está no hospital. Assinto.
Entro em casa e reorganizo tudo o bolo eu levo para a mesa e Ange enfia a mão ali, faço um vídeo no celular e envio para Karol.
Esperando por você!!!
Eu sabia que estava forçando, mas precisamos conversar, ela entendeu errado e eu não agradeci por tudo.

A noite chega e nada de Karol, a coisa já me preocupa, ela não deu sinal e vida e o celular está desligado.
Estou cochilando quando escuto a porta bater.
- Droga. Ela resmunga e desligo a tv me virando, Karol passa direto.
Levanto, ela entra no quarto de Ange e me aproximo fico parado na porta.
Ela beija a pequena deseja bons sonhos e se vira olha para mim, desvia o olhar e passa por mim.
- Karol precisamos conversar.
- Não, eu preciso dormir. Ela fecha a porta do quarto e tento entrar mas ela tranca.
- Karol por favor. Sem respostas.
Droga, eu mereço por ser tão idiota.

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