Parte 44

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Ruggero.

Tudo que eu queria era gritar, arrebentar alguém, dizer a Deus o homem la de cima, devolva meus amigos eles não mereciam isso.
Queria dizer porque não me levou no lugar dele, eu poderia ir, a missão deles ainda não tinha terminado nessa terra, eles tinham um ao outro, tinham uma pequena para crescer. Porque?

Precisei deixar Karol, para cuidar do funeral, pois eu sabia que os pais de Agus não estaria com cabeça, e muito menos o senhor Raul, que precisou ser medicado.
Quando voltei era cinco da manhã a mãe de Karol estava na cozinha fazendo um café, e sorrir fraco ao me ver, acenou para o quarto da pequena princesa.
Karol estava sentada na poltrona a cabeça recostada no berço segurando a mãozinha da neném.
Devagar soltei a mão das duas e peguei Karol no colo colocando-a na cama, tirei seu casaco, puxando o cobertor e beijei sua cabeça, olhei mais uma vez para Ange e respirei fundo engolindo a minha dor.
Dona Carolina me entregou uma xícara de café e me fez sentar, alisou meus cabelos e nesse momento desabou tudo.
- Chore querido, coloque tudo para fora é a única maneira.
- Porque?
- Não entendemos os desígnios superiores Ruggero, nós vivemos de conquistas e perdas o tempo inteiro, e essa é a única em que não aceitamos, porque não estamos prontos para ela, mesmo sabendo que um dia ela chegará para todos nós. Assinto, quando consigo respirar normalmente levanto, preciso de um banho.
Já em casa depois do banho, estava tentando por minha cabeça no lugar mas sem Agus como eu faria.
Era o meu amigo que gritava comigo e colocava meu juízo no lugar.

- Vamos acorde, já chega eu deixei você fazer suas birras de garoto mimado, agora levante vista suas calças de homem e pare de ser um prostituto. Rir e ele também jogando uma almofada no meu rosto.
- Onde estão as garotas que eu trouxe?
- Já mandei pra casa o que você acha?
Coloque a cabeça no lugar Ruggero as coisas acontecem e você tem que saber lidar com elas.

Meu celular toca e atendo Gustavo.
- Chefe.
- Sim.
- Temos um problema.
- Fale de uma vez.
- Não era ele, o killer não era ele.
- E quem diabos era aquele miserável.
- Eu estou na mesa do Agus e peguei o docie para arquivar, ele tinha um parceiro Ruggero e o Agustín tinha descoberto estava na cola dele.
Por isso ele mandou o parceiro eliminar o Agus.
- Desgraçado, eu quero esse filho da puta Gustavo, quero todo mundo trabalhando para encontra-lo.
- Já estamos fazendo isso chefe, nos vemos daqui a pouco. Assinto, estava para sair e escuto um barulho vindo do jardim, volto e percebo a figura do outro lado, ela está plantando algo e as lágrimas caem ao mesmo tempo que fala sozinha.
Me aproximo.
- Eu deveria colocar um monte de bosta na sua planta só por você ter me deixado aqui. Soluço.
- Eu sei que você quis seguir o seu amor, mas eu não aceito ter te perdido Carolina, não aceito, e a sua filha, em algum momento pensou como ela ficaria sem você, eu só precisava te levar para cirugia, dois minutos, era pedir muito.
Me abaixo e toco suas mãos, ela então levanta o rosto, é de cortar o coração.
Seco suas lágrimas mas não falo nada, não tem o que dizer nesse momento, só ajudo Karol com a pequena roseira as flores preferidas de Carolina, eu sei porque dei um buquê a ela para me perdoar, por ter visto uma mulher pelada na minha casa.

A quantidade de oficiais era enorme, Agustín era conhecido e querido por onde passava, meu amigo...
- Ruggero o meu filho. A mãe de Agus se aproxima e me abraça, seu pai também.
- Onde está minha netinha? O pai de Agus pergunta.
- Achamos melhor não trazê-la. Falo e a mae dele me encara.
- Era o pai dela, deveria está aqui. Karol então olha para ela.
- Esse não é o lugar para um bebê, vamos preservar a Ange, e nos despedir de seus pais, era o que você deveria está fazendo não questionando.
- Karol... Sussurro e ela olha para mim.
- Vem. Chamo e ponho um braço sobre seus ombros.
Nós oficiais da polícia estamos todos fardados com quepe na cabeça.
Chegamos perto do caixão deles, e Karol toca o rosto de Carolina.
- Porque Ruggero. Ela chora contra o meu peito.
Um padre faz um sermão e preciso deixar Karol un minuto más meus pais estão ali, o pai de Carolina está sentado, ao lado do caixão olhando para a filha.
- Eu já volto. Ela assente e me aproximo do pelotão.
Todos nos posicionamos com a arma na mão, a ordem é dada e liberamos o disparo, então a pior parte é feita.
Volto para perto de Karol, seu corpo treme quando descem o caixão, e preciso apoia- lá em mim.
Peço a papai que levem ela para o carro enquanto me despeço das pessoas.

Fico de frente para a lápide e aliso a foto deles.
- Eu juro que ele vai pagar pelo que fez.
Seco a lágrima e vou para o carro, papai levou Karol e sua mãe.
Entro na delegacia e estão todos reunidos.
- Chefe. Gustavo fala.
- Nós queríamos dizer que estamos todos de luto, Agus era uma de nós e não vamos descansar enquanto não pegarmos o disgracado. Assinto e peço que me tragam os papéis que eles precisam para liberar algumas autorizações.
- Eu preciso ir qualquer coisa me liguem.
Abro a porta do carro e Gustavo aparece abrindo o carona.
- O que está fazendo?
- Ordens são ordens. Minha cara de que não está entendendo porra nenhuma, ele levanta o celular e me faz ver uma mensagem com letras em negrito e gigantes.
- ENQUANTO EU NAO ESTIVER, NAO DEIXE O RUGGERO SOZINHO. É UMA ORDEM. AGUS.
A data é do nascimento de Ange.
Olho para Gustavo e aceno, trocando de lugar com ele, que me deixa em casa.

Meu coração está apertado e estou sufocando.
Tiro a roupa e me jogo embaixo do chuveiro, quando saiu, coloco uma bermuda e uma camisa e saiu de casa atravessando a pista e entro na casa deles, procuro por Ange que ficou com a babá pela manhã.
- Agora sim você está cheirosinha não é dinda. Sorrio ao ver Karol conversar com ela, e me aproximo pegando sua chupeta e colocando na boquinha rosada, ela me encara com aqueles olhos rendondos e cor de chocolate de Carolina.
- Como vai a pequena princesa. Cheiro seu cabelinho.
- É, sua madrinha tem razão você está muito cheirosa. Olho para Karol que me encara de volta e sorrir, terminando de fechar a fralda.
Depois de vestida e penteada, Karol passa ela para mim.
- Vou fazer a mamadeira e você aproveita para comer alguma coisa, tenho certeza que não se alimentou hoje.
- Você se alimentou? Ela faz que não.
- Imaginei.
Com muito custo consegui comer alguma coisa, deixei Karol na cozinha e levei a pequena para o quarto, sentei na poltrona de balanço, e fiquei admirando aquele ser tão pequeno e indefeso e que agora tinha uma vida para enfrentar, sem seus pais, fiquei perdido em pensamentos e não percebi Karol entrar.
- Ela dormiu.
- Oi.
- Ela dormiu. Levanto e ela arruma a coberta no berço e me ajuda a colocá-la ali, e ficamos velando o seu sono por um tempo em silêncio, deslizo minha mão no berço e seguro a mão de Karol que suspira ao meu toque, e olha para mim, engulo em seco e aproximo o meu rosto do seu devagar.
Nossos lábios se encontram e aquela sensação gostosa de anos atrás, quando beijei a minha garota misteriosa toca a minha pele aquecendo de dentro para fora.
Envolvo sua cintura tranzendo-a para mim sem deixar seus lábios, estamos tão entregue naquele beijo é tão intenso.
- Karol, você está aqui? Uma voz, um pouco distante se faz ouvir e nos separamos ofegantes sem tirar os olhos um do outro.
- Karol.
- É o Felipe. Ela fala e assinto, então sai do quarto.
Volto a olhar Ange que dorme tranquila, arrumo a câmera na ponta do berço e vou saindo do quarto.
- Ah oi Ruggero ela dormiu? Dona Carolina aparece e faço que sim.
- Porque não descansa um pouco querido eu vou está aqui se precisarem. Assinto e ela beija meu rosto.
Volto para minha casa e ao subir os degraus vejo na varanda da casa ao lado Karol abraçada ao tal doutor.
Só entro em casa e me jogo na cama tentando dormir um pouco e apesar da dor e o cansaço a única coisa que me vem na cabeça e me faz adormecer é o beijo.

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