Parte 12

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- Aí meu Deus vocês estão indo mesmo.
- Ah mãe não chora. Abraço ela.
- Você vai ficar bem? Pergunto. Ela me observa.
- Se você estiver bem eu também vou estar, nada de me deixar sem notícias, quero saber onde anda e com quem está, a e coloquei o anticoncepcional na sua mala duas caixas, você vai saber quando precisar usar. Reviro os olhos.
- O que? Tenho certeza que vai arrumar um gatinho por lá. Dou risada.
- Só você mamãe. Escutamos a última chamada e nos despedimos deles.
Fizemos o pequeno corredor abraçadas, com uma mochila nas costas e a mala cheia de sonhos que um dia planejamos e hoje estamos indo em busca de realizá-los.

Depois de horas de vôo, só queríamos uma coisa, banho e uma cama gostosa.
Decidimos que por hoje dormiriamos juntas.
- Eu não me despedir dele. Carolina sussurra.
- Mas você foi...
- Sim, eu disse que iria resolver algo mas desistir. Seus ombros encolhem, e mesmo no escuro consigo ver.
- Como eu fui tola a pensar que poderíamos ter alguma coisa, vamos ficar fora muitos anos, eu seria egoísta, afinal nem nos conhecíamos, mas o que ele me deu foi o bastante, então decidir guardar com muito carinho e você sabe que sou péssimas com despedidas.
- Então vocês.... Ela rir se virando com a barriga para cima e respiro fundo.
- Eu também. Agora tenho sua total atenção.
- Eu vivi o meu conto de fadas, onde era a própria cinderela e tivemos uma noite maravilhosa da qual não me arrependo.
Mas ao invés do sapato eu perdi uma chamada, e não, o príncipe não pode vim atrás da Cinderela, porque ela foi só um tapa buraco.
Caro segura minha mão e aperta devagar.
- Isso é injusto você não foi uma tapa buraco. Sorrio.
- É como eu me sinto, já que ele voltou com ela no outro dia.
- Quer saber perdemos nossa virgindade? Sim, foi uma das experiências mas bonitas que vivemos agora é bola para frente temos muito para conquistar e viver ainda, não são dois garotos gostosos que vão nos fazer parar, afinal o mar é cheio deles.
Tenho que rir Carolina sendo Carolina.

Um mês que estamos aqui parece foi ontem.
Pensei que teríamos férias, sim de uma semana as outras três foi correria total, aulas e mais aulas em laboratório, horas de estudos na biblioteca e uma cassetada de livros, ou seja morta estou.
Consigo ligar para mamãe todos os dias o que nos rende altos papos principalmente quando está com a tia Lu a conversa é bem longa.
Estava com um problema ao meu acesso no portal do Lisboa, estamos estudando aqui mas repondo matéria online, é uma merda mas temos que fazer.
Falei com a coordenação e disseram que enviaram minha password para meu número e não por email.

Chego em casa correndo e vou direto na gaveta ao lado da cama.
- O que você tanto procura? Carol chegou juntamente com Ema nossa colega de casa.
- Meu chip antigo, eu preciso de uma senha que mandaram pra ele, droga onde eu coloquei.
- Olha na outra, você separou as coisas vê se não está ali.
- Achei, valeu você tinha razão. Sento na cama e as duas se jogam.
- Espaçosas. Ema rir e liga a tv, consigo conectar e assim que o celular liga uma cassetada de mensagens chegam.
- Iai conseguiu?
- Hum espere... É Lisboa... Lisboa, achei.
Carolina pega o tablet e me entrega para que coloque a senha.
- Ufa agora sim, não posso ficar sem nota.
- De jeito nenhum, precisamos fechar ou nada de diploma. Assinto e Carolina pega meu telefone.
- Karol... Ela chama e estou concentrada no tablet mas escuto o plim, a cada segundo avisando que uma mensagem está chegando.
- Karol...
- O que? Pergunto com a cara no tablet.
- Você precisa ver isso.
Paro o que estou fazendo e ela vira o telefone para mim, tem mas de cinquenta áudios de Ruggero no meu número. Assustada pego o telefone, nós mudamos o número no outro dia, e desde então venho usando o daqui.

Oi garota misteriosa, sei que parece estranho mas hoje senti saudades.
E seu olhar ficou marcado em mim, e nossa química eu nunca vou esquecer.

Ei talvez você não escute esse áudio nunca, mas eu queria dizer que esperei você aparecer na formatura, esperei reconhece-la no meio de todos aqueles alunos, queria que o destino fosse diferente.

Oi sou eu outra vez, você sabia tudo sobre mim, inclusive que tinha namorada, você estava certa, eu tinha, mas aquela noite não, eu estava solteiro.
É difícil falar mas eu voltei com ela e só queria que soubesse que você não foi uma tapa buraco foi a melhor coisa que aconteceu em toda minha vida.

Acho que você deveria jogar esse número fora afinal eu estou te enchendo não é mesmo? Mas não joga não, você se tornou alguém em quem eu posso desabafar, seria legal se ao menos uma vez você respondesse.

Oi sou eu de novo, e hoje faz um mês do nosso dia, e seus olhos são tudo o que me restou para recordar garota misteriosa, quem sabe um dia lá na frente a gente não se esbarra.

- Caralho ele te encheu de mensagens. Ema se aproxima tentando entender nosso idioma e Carolina explica o que está acontecendo.
- Porque você não responde?Ela pergunta e logo conclui.
- Acho que ele ficaria feliz.
- Não acho que seria uma boa ideia Em, eu estou bem assim, não posso me machucar entende? Ela faz que sim.
Desligo o telefone e retiro o chip colocando de volta na gaveta.
Ele tem alguém na vida dele não posso ficar me iludindo só porque fui
"especial por um dia".

As vezes só queria que tudo não passasse de um sonho.

Abro os olhos, e escuto a música de ninar, levanto devagar e entro no quarto de Ange, o perfume de Carolina me recebe.
- Imaginei que você estaria aqui. Ela sorrir para mim e volta a olhar a pequena no berço.
- Olá anjinho, você está crescendo muito rápido sabia? Ange sorrir como se entendesse.
- Acho que vou fazer a festa dela. Falo.
- Você acha? Ela então retira um livro na estante de Ange e abre uma página.
Sorrio vendo sua caligrafia, descrevendo como seria realizado o seu primeiro aninho de vida.
Uma lágrima risca meu rosto.
- Eu vou fazer, prometo.
- Eu sei que sim.

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