Parte 14

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As coisas aconteciam na velocidade da luz por aqui, a vida não para.
Viver longe de casa é como um relógio em montanha russa, mesmo com a correria você sentia vontade de chorar, gritar querer jogar tudo para o alto só pelo aconchego que sua casa proporciona, não importa qual situação você a deixou, essa vontade grita em seu coração e a saudade aperta, principalmente quando você só tem uma pessoinha como eu.

- Oi minha princesa então quando você chega?
- Ainda não está certo mãe depois da formatura não tive folga, e essa vai ser minha primeira cirugia fora do hospital estou um pouco nervosa mas confiante que vai dar certo.
- Você é nosso orgulho Karol! Nós te amamos! Ela sempre fala nós e nunca se refere a ele no passado, como eu, para mim ele está aqui comigo sempre.
- Quando souber mais detalhes te aviso. Carolina entra na sala de plantão fazendo mimicas e dou risada.
- Carol chegou aqui está te mandando um beijo se cuida mamãe logo estarei aí.
- Não vejo a hora.
- Eu também. Desligamos e olho para Carolina.
- Desembucha.
- Eu fiquei sabendo... E..
- Fala de uma vez.
- O Ruggero se separou, bem pelo que entendi a Emília deixou ele. Levanto do banco colocando meu jaleco.
- Nossa é uma pena eles pareciam felizes.
- Você não precisa fingir para mim que não se importa.
- Eu não estou... Ruggero foi meu amor adolescente, aquele amor bobo puro clichê sabe, mas passou hoje tenho Antony e estou feliz.

- Espere um minuto porque está pulando a minha parte favorita. Reviro os olhos.
- Porque tenho que falar...
- De quando você virou uma cadela, vadia a essa você tem sim. Faço uma careta.

- Ele não é homem para você eu já te disse.
- Já, mas eu o amo e você vai respeitar isso por mim.
- Ok, mas ele que ande na linha ou arranco a cabeça dele com meu bisturi.
- Tudo bem senhora cardiomonster.

Quando chego em casa já exausta do plantão, me pego olhando para a gaveta.
Eu mantive o mesmo número por anos só para escutar sua voz todos os dias.
Depois de oito anos eu ainda me preocupo e suspiro por você, isso só pode ser castigo.
Exatamente no dia da minha formatura, chegou seu áudio, como de costume, ele sempre mandou todos os dias, ele sabia que eu estava ouvindo mas que não responderia nenhum deles.

Oi garota misteriosa, hoje é um dia importante para mim, para minha vida, estou dando um passo importante, sei que parece estranho, mas desde que eu te conheci sentia que podia confiar em você.
Eu vou me casar e tenho certeza de ama-la, mas sinto que é um passo grande, talvez se tivéssemos nos encontrado eu não estaria nesse impasse, então me diz o que fazer porque estou mesmo precisando.

Foi sua última mensagem no meu celular, e ele se casou e se passaram três anos, eu não tive mas notícias suas até hoje.
Prometi a mim mesma viver, porque tinha esperança que um dia meu príncipe encantado iria me notar então seríamos felizes para sempre.
Doce ilusão, clichê demais.
Virei noites em festa, cai na farra, dancei, fiz muita bagunça por aí, pintei o cabelo, e o principal trepei muito até conhecer Antony, pois é, sinto que ele me completa.
Carolina não gosta dele, porque diz que ele é autoritário e arrogante mas não vejo assim, é o seu jeito ele cuida de mim, e estou feliz.

Dois dias depois estou fechando a mala.
- Pegou tudo meu amor? Antony pergunta.
- Peguei sim, estou ansiosa para ver minha mãe.
- Eu sei que sim, vai dar tudo certo. Ele me beija e faz carinho no meu rosto.
Eu e Carolina estamos sendo enviadas a Itália para fazer uma cirugia.

A viagem foi tranquila, e como sempre minha mãe e os pais de Caro nos recebem em clima de festa.
Quando consigo descansar, acordo com barulho na casa ao lado.
Levanto e olho pela a janela, a luz está acesa mas logo se apaga então escuto o ronco do motor e o carro saindo.
Estranho mamãe não falou nada sobre novos vizinhos.

Pela manhã me ajeito e espero Carol para irmos ao hospital, que logo aparece.
Chegamos no hospital e já nos levam direto para ala cardiológica e nos apresentam o quadro do paciente que já estávamos estudando.
Depois de decidir o melhor procedimento era hora de conhecer nosso paciente.
- Boa tarde senhor Carlos, essas são as doutoras de quem eu falei e hoje vamos fazer sua cirugia.
O Doutor Fabio responsável pelo hospital comunica.
- Pode me chamar de Karol.
- E eu de Carolina. Ele sorrir ainda debilitado.
- Vamos concertar isso ok, não se preocupe. Ele assente e saímos da sala para nos preparar.

As duas da tarde entramos na sala de cirugía e oito horas depois seu Carlos está sendo levado para o quarto, ficará em observação, e nós consequentemente estamos de plantão.
Entramos na sala de funcionarios do hospital para comer e descansar um pouco.

- Que horas são?
- Meia noite.
- Quer um café? Eu e Carol ficamos atualizando nossos registros que nem vi a hora passar.
- Quero, na verdade eu vou com você.
Saimos da sala atrás de uma máquina.
- Doutoras será que podem nos dar uma ajuda no pronto socorro? Aquilo está um inferno. Um médico passa chamando.
- Claro. Corremos com ele até o pronto socorro, onde tiro o jaleco colocando uma bata, luvas e uma máscara tampando boca e nariz.
A primeira maca entra e Carolina segue de perto a mulher, ajudo alguns pacientes, até que escuto.
- Eu já posso ir embora, não quero ficar aqui.
- Mas o senhor precisa ficar bateu a cabeça no volante e...
- Quer ajuda? Pergunto ao enfermeiro e ele faz sinal que sim.
- O que temos?
- Acidente de carro, vítima alcoolizada.
- Tudo bem. Abro a cortina.
- Traz saco de glicose. Ele assente e me aproximo do homem deitado na maca.
- Olá sou a doutora Karol, vim dar uma olhada em você, posso?
Falo enfiando a mão no bolso puxando a lanterna, quando levanto o rosto ele está sentado e eu, perco a fala, o ar e a mobilidade das pernas.
- Garota misteriosa é você?

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