Parte 8

192 17 15
                                    


- Você não deveria ter vindo para escola, é o último dia. Caro resmunga.
- E ficar em casa, pensando em tudo que aconteceu, não obrigado prefiro a escola.
- Karol querida tem um minuto.
A diretora me chama e assinto.
- Vou ver o que ela quer nos vemos depois.
- Vai la, te espero na sala. Ela beija minha bochecha e entro na diretoria.

- Sinto muito Karol pelo que está passando, eu deixei você livre se não quisesse vir as últimas aulas.
- Eu sei, muito obrigado mas não consigo ficar em casa nesse momento.
- Imagino querida. Ela estica a mão por cima da mesa e segura a minha.
- Vai ser difícil agora mas com o tempo a dor ameniza. Faço que sim.
- Te chamei porque temos que emitir a passagem de vocês e bem... Não sabia se mudou alguma coisa, você ainda quer o intercâmbio. Percebo que fiquei em silêncio por muito tempo.
- Você quer um tempo para pensar?
- Desculpe é que preciso conversar com a minha mãe.
- Tudo bem querida me faça saber o que decidiu até amanhã.
- Certo.
- Tem outra coisa que queria perguntar. Olho para ela.
- O professor de literatura me contou que pediu a você para fazer um discurso aos formandos. Bato a mão na testa.
- Desculpe eu esqueci mas...
- Espere, sei que está passando por um momento difícil, se não quiser nós entendemos e...
- Tudo bem diretora eu posso fazer.
- Tem certeza?
- Tenho, eu vou fazer e amanhã te dou a resposta do intercâmbio.
- Tudo bem se cuida Karol espero uma resposta amanhã. Assinto e deixo sua sala com os pensamentos me consumindo, e essa dor que só aumenta em meu peito, não posso chorar aqui, não posso.
Eu perdi meu pai, tenho meu intercâmbio em mãos mas não posso esquecer da minha mãe, ela precisa de mim agora e... Meu corpo se choca com outro e um líquido acaba molhando tanto a mim quanto a ela que está estérica gritando.
- Olha por onde anda garota, olha o que você fez sua idiota, a minha blusa sua...
- O que está acontecendo aqui?Porque você está gritando.
- Aí amor olha o que ela fez comigo, você é cega por acaso que não me viu e..
- Já chega Emília.
- Porque você está gritando comigo, foi ela quem começou olha o meu estado.
Uma lágrima cai dos meus olhos e seco rapidamente.
- Karol tudo bem? Ele pergunta e fico surpresa por ele lembrar o meu nome.
Faço que sim.
- Você conhece essa garota?
- Já chega Emília, pare de show é só uma camisa, deixe a Karol em paz.
-  Me desculpe Emília, eu realmente não estava prestando atenção.
- Viu só ela... Ruggero a interrompe novamente, segurando seu braço.
- Só pare, e vamos de uma vez. Ele volta seu olhar para mim e um pequeno sorriso surge no canto dos seus lábios, pego minha mochila que caiu, e passo pela rodinha que já estava se formando, Carolina tinha razão eu não deveria ter vindo.

- Mãe. Ela não está na cozinha, deixo minha mochila ali e subo para o quarto.
Mamãe está ali sentada olhando para o guarda- roupa.
- Mãe, ela olha para a porta e seca as lágrimas.
- Oi filha não vi você chegar.
Me aproximo dela e sento ao seu lado.
- Não sei se consigo me desfazer das suas coisas está tudo tão confuso e dolorido e me sinto tão culpada. Seguro sua mão.
- Ninguém tem culpa de nada mãe, eu conversei com o médico, o papai deveria está se cuidando e não era a primeira vez que ele foi parar no hospital.
- Como assim?
- Pois é, ele escondeu da gente que estava com problemas e no final aconteceu o pior, mas sabe ele dedicou a vida inteira a nós duas, sempre fez o seu melhor como pai e acredito como marido também, apesar do que aconteceu quando ainda namoravam. Ela encolhe os ombros.
- Ele disse que tinha orgulho de mim, e que eu iria longe, e eu quero fazer isso por mim e por ele, porque ele acreditou em mim.
- Há minha garotinha, você sempre sendo a mais forte, mas não esqueça você tem sua mãe, posso está em pedaços mas ainda estou aqui.
Ela seca as lágrimas.
- Sabe sua tia Lu me chamou para passar um tempo com ela na fazenda e acho que vai ser bom, preciso de um tempo.
- Eu acho ótimo, quando nós vamos.
- Nós? Não Karol, tem um futuro brilhante a sua espera, você vai para o intercâmbio e vai terminar o que começou.
- Mas mãe...
- Eu sei que ele pediu para que cuidasse de mim, e eu vou me manter em pé por vocês. Abraço ela bem forte.
- Vamos ficar bem não é? As lágrimas rolam por seu rosto.
- Vamos sim.

A noite chega e a casa continua em silêncio, mamãe tomou um de seus remédios e uma xícara de chá e adormeceu, mas eu não, eu estou aqui sem consegui fechar meus olhos.
Levanto pego meu casaco e amarro o cabelo colando os óculos, já que retirei as lentes.
Desço as escadas e ponho as botas, abro a porta para o jardim.
Vou até a casinha onde guardamos as novas mudas de plantas e pego tudo o que preciso.
Ligo o som bem baixinho e me concentro.
Escolho um ponto exato no jardim, me abaixo ali e pego uma das pás e começo a cavar, minha cabeça está baixa e me permito chorar, mas paro o que estou fazendo quando um soluço escapa dos meus lábios e tento me controlar.
- Droga. Tento secar as lágrimas e me assusto quando uma mão enfia a pequena pá para mover a terra, levanto a cabeça e ele sorrir para mim.
Ficamos em silêncio, ele me ajuda com a planta e colocamos juntos.
- Meu avô me contou o que aconteceu, eu sinto muito e não espero que minhas palavras amenizem a dor que possa estar sentindo, só que sinto mesmo de verdade. Faço que sim, que eu entendi.
Terminamos de plantar.
- Você pegou o jeito. Comento.
- Depois de uma dúzia de tulipas acho que sim.
- Obrigado por me ajudar.
- Precisando é só chamar e me desculpa pela Emília hoje.
- Ela estava certa eu que não prestei atenção.
- Ela não precisava te tratar daquele jeito. Dou de ombros esse é o jeito dela mas quem sou eu para abrir seus olhos não é mesmo.
- Ruggero onde você está?
- É ele precisa de mim para tirar a soneca. Acabo rindo.
- Ao menos consegui fazer você sorrir já valeu a pena, se cuida Karol.
- Você também.

- Karol. Escuto a voz de Carolina eles ficaram com a cópia das chaves e ela aparece na porta do jardim.
- Não consegue dormir?
- Não, mas eu já terminei.
Limpo as mãos e fico em pé.
- Vem vamos deitar um pouco. Faço uma careta.
- Antes vamos comer brigadeiro na janela. Sorrio.
- Essa é minha parte favorita na fofoca. Falo e ela rir.
- Ok, prometo que não vamos falar do capitão gostoso.
- Ele acabou de sair daqui, estava me ajudando com a planta. Carolina para nas escadas.
- Isso é sério? Faço que sim.
Vamos logo de uma vez para essa janela quero todos os detalhes.

Meu Clichê Onde histórias criam vida. Descubra agora