Parte 43

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O chá de bebê foi ótimo, Carolina ficou muito feliz e eu estava radiante principalmente depois de aprontar com o cretino, tirei várias fotos para usar contra ele.
Eu sei sou uma megera, mas sou linda e gostosa e não sou cega, ele é homem e seus olhos me procuram.
Tenho raiva ainda por tudo o que me disse.
O engraçado é que mesmo sem notar ele continua fazendo.
Ele mandava áudio para o meu antigo número desabafando e continua fazendo, só que não por telefone e ainda não se deu conta.
Como se abrir comigo por conta da mãe, da relação dos pais.
A dor e medo de perder o legame.

A cirugia de Antonella foi bem simples, já fiz o procedimento várias vezes.
As semanas passaram rápidas demais e logo a grande notícia chegou.

- Karol preciso... De... Você ... Tá ... Nascendo.
Nem preciso dizer que corri como uma louca, estava na sala de descanso e já fui cancelando meu plantão.
E ela nasceu, linda e forte e a alegria que senti é inexplicável, ela não é minha mas sinto como se fosse.
Meus amigos estavam radiantes, e ele também, pois é.
Ruggero era um tio babão e protetor e saia da delagcia correndo para ficar um pouco com ela.
Era lindo acompanhar seu crescimento de perto.

Mamãe voltou do sítio e matamos a saudade juntas e como se esperava ela estava ali colada em Carolina ajudando no que podia.
Arrumou uma babá de sua confiança para ficar com a neném quando Caro decidiu voltar a trabalhar.
Ange ficaria com a babá nos horários que um de nós não podia estar com ela e olha que gente não faltava, só quando Ruggero precisava viajar aí Agus o cobria na delegacia.

Cheguei ao hospital e encontro Carolina na sala de descanso, pulo em cima dela que rir.
- Maluca.
- Você, a isso eu já sabia. Ela me dar língua e levanta trocando de roupa.
- Aí estou com cheirinho de neném. Ela sorrir.
- Sua mãe acabou de mandar uma foto dela.
- Aproveita e dar uma esticada com o maridão vocês merecem.
- Boa ideia, vou mandar mensagem para ele.
- Boa garota, tenho que ir me pediram ajuda com uma paciente.
- Karol. Paro na porta e ela corre em minha direção me abraçando forte. Acabo rindo.
- Eu também me amo.
- Boba.
- Eu amo você e não te agradeci o bastante tudo que fez por nós, por esta aqui, estou tão feliz.
- Eu também estou, e agradeço pelo pacotinho lindo. Seus olhos brilham.
- Nos vemos amanhã. Ela assente e saiu atrás do doutor Paulo.

- Doutora precisamos de você no pronto socorro.
- O que aconteceu?
- Um acidente quatro vítimas, dois morreram no lugar, um na ambulância e o outro está em estado crítico.
- Certo.
Corro para a emergência, mas o diretor está ali e fecha a porta pedindo um minuto.
- O que foi?
- Você precisa manter a calma.
- Porque?
- Caralho nunca foi tão difícil.
- O que está acontecendo? Ele abre a porta e minhas pernas fraquejam.
- Caro.... Um sussurro sai dos meus lábios e corro para perto dela.
- Doutora... Os médicos começam procedimentos falam o que estão aplicando, eu grito outras coisas, e ela segura meu braço abrindo os olhos.
- Karol.... Segura a máscara de oxigênio.
- Caro, você vai ficar bem, eu vou te levar para o centro cirúrgico aguenta firme por favor.
- Karol.... Me promete que vai cuidar da Ange.
- Não, por favor... Por favor...
- Me promete que vai ama-la e proteger o meu bebê até dos avós você sabe... Ela respira.
- Não deixa ela ficar com eles me promete.
- Carolina não me peça isso, fica comigo eu preciso de você, só mas um pouco, só precisamos te levar para outra sala.
- Me prometa Karol, quando tínhamos cinco anos prometemos ser amigas para sempre, que cuidariamos uma da outra e dos nossos filhos, você lembra? Faço que sim não contendo as lágrimas.
- Promete pra mim, que vai lembrar a ela todos dias que foi amada pelos pais e que vai crescer a minha princesinha.
Promete Karol por favor... Seu suspiro.
- Eu prometo.
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
- Naooooooooooooooo.
- Carrega em 200, libera. O doutor Fábio me afasta.
- Carolinaaaaaaaa.
- Trezentos vai, libera. Estou em choque levo as mãos ao cabelo.
- Hora da morte... Abro a porta e saiu, minhas pernas estão tremendo, não consigo respirar por conta das lágrimas e minha garganta dói.
Quando viro o corredor paro, na outra ponta Ruggero vem entrando e me ver, as lágrimas rolando por seu lindo rosto, corro em sua direção e ele faz o mesmo vindo de encontro a mim, e quando nos abraçamos parecemos a ancora um do outro nesse momento, choramos que o corpo chega a tremer, sei que as pessoas estão olhando para nós, mas nesse momento a nossa dor é tudo que temos.
- Karol... O Agus...
- Naoooooo..... Choro.
- Carolina? Balanço a cabeça.
- Naoooo, não pode ser, ela tinha ficar viva.
- Chefe. Um dos policiais o chama.
- Precisamos liberar o corpo e chamar os familiares, e das outras vítimas também. Ele assente e olha para mim e falamos juntos.
- Ange.
- Tudo bem ela está com minha mãe. Tomo um minuto para respirar.
- Preciso trazer o tio Raul, que loucura meu Deus.
- Eu vou até os pais do Agus. Assinto.
Ele se afasta anda um pouco mas para volta a olhar para mim e vem ao meu encontro novamente, e me abraça acariciando meus cabelos.
- Eu vou pedir para alguém te levar até ele, e trazer vocês em segurança.
Assinto.
- Toma cuidado. Ele assente e vai.
Faço o percurso de volta, para pegar minhas coisas, mas antes de sair passo no necrotério onde levaram os corpos e eles estão ali, um ao lado do outro.
Me aproximo toco o rosto de Caro e depois aquele de Agus.
Pego na mão deles e coloco uma em cima da outra e seguro.
- Eu nunca vi um amor tão bonito, que superou o tempo, rompeu barreiras e floresceu, e mesmo diante da morte vocês não se rederam, foram os dois juntos, porque um não vive sem outro.
Eu entendo, mas não posso deixar de sentir revolta, porque eu perdi duas pessoas que amo, e não tenho como recuperar. Choro.
- Descansem em paz meus amigos, um dia nos encontraremos e quem sabe vamos ver um filme e comer pizza sentados no tapete, tomando uma cerveja e rir da cara um do outro.
Essa é a lembrança que quero ter e que vou guardar para sempre em minha memória.
Eu amo vocês.

Deixo aquela sala com o coração mas leve, mas não inteiro.
Ao invés de ir até o tio Raul, fui para casa deles, contei a minha mãe que chorou novamente comigo, e ela foi até o tio Raul.
Entrei no quarto de Ange, olhei cada porta retrato, cada ángulo daquele quarto que tinham tantas lembranças nossas, e fora escolhido a dedo por sua mãe.
Chego ao berço e ela está com os olhinhos abertos e ao me ver expressa um sorriso.
- Oi amorzinho. Pego ela nos braços sentindo seu cheirinho de bebê inconfundível e quando me viro ele está ali.
Se aproxima devagar e alisa seu rostinho.
- Pequena princesa. Ela balbucia algo incomprensivel e Ruggero beija sua testa, olha para mim e nos envolve, descanso a cabeça em seu ombro.
Nossas diferenças ficaram em segundo plano, nesse momento compartilharmos a mesma dor.

" O choro vem perto dos olhos para que a dor transborde e caia."
                                Cecília Meireles.

Nota da autora.
Simplesmente o capítulo mas difícil que escrevi, juro.


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