Capítulo 25| Normal

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-A surpresa ainda não acabou

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-A surpresa ainda não acabou... -Diz o Matteo fazendo eu encara ele dentro do carro.

Vamos em direção a praia, sorrio vendo a água, tiro a minha cabeça pra fora do carro e o vento joga meus cabelos pra trás, o sol toca meu rosto e meu corpo se arrepia.

Quando percebo estamos cheios de barcos em volta, me sento novamente dentro do carro e encaro o Matteo sem entender.

-Estamos indo aonde?

-Alissa, te falei que íamos conhecer um ilha.

-Achei que tinha mudado de planos.

Ele sai do carro e estica a mão para eu descer também. Assim eu faço e ele olha pra mim e sorri.

-Ainda não adivinhou? -Ele pedi e o olho sem entender. -Ilha, na Itália...a máfia.

-Ai meu deus, estamos indo pra Sicília? -Pergunto ansiosa até demais e ele sorri pra mim.

-Sim, estamos indo pra Sicília.

Subimos em um barco e não tem ninguém além de nós dois.

-E quem vai pilotar isso aqui?

Ele tira a parte de cima de seu terno ficando apenas de camisa, ele dobra a mesma e abre alguns botões.

Sim, é ele quem vai pilotar isso daqui.

Ele abre uma lata de cerveja e eu pego um refrigerante, estou ouvindo ele me contar da primeira vez que matou um homem.

-Não gostava muito disso, como já te contei, minha primeira morte foi praticamente obrigada pelo meu pai. Mas o primeiro homem que eu matei foi diferente. -Ele suspira e bebe um gole da sua bebida. -Ele era casado com a irmã do meu pai.

-Seu pai tinha uma irmã? -Ele concorda com a cabeça e aparenta tristeza.

-Ela estava grávida, isso foi logo depois do casamento forçado. Ela odiava ele, apanhava quase sempre e ninguém fazia nada por conta que ela era mulher e era irrelevante pra máfia, eu tinha 15 anos. Um dia cheguei da escola e ela estava toda roxa, a neném estava em seus braços e ela não parava de chorar.

Ele bebe mais alguns goles e se senta ao meu lado.

-Ela e a bebê não sobreviveram aquele dia.

-Mas a final, quem você matou?

-O homem, o marido dela, eu o matei. O matei por que a autópsia disse que a neném foi mortar por espancamento e a mulher apanhou o suficiente para que mesmo que ela sobrevivesse tivesse milhares de sequelas pro resto da vida. Ela entregou a Alice em meus braços e morreu no hospital de morte cerebral.

Meus olhos estão cheios de lágrimas.

-Eu sinto muito.

-Você não a matou, não é culpa sua. Ele também não sentia, então não sinta nada.

-Matteo, eu sinto muito mesmo.

-Eu também.

Estranhamente o assunto surge novamente e o meu refri já acabou.

-Foi a uns 5 anos atrás, eu estava na escola. -Começo a conta e ele presta atenção. -Escola pública, escola de pobre. Aí entrou um cachorro na escola, sempre tive muito medo de animais em geral, mas tentei ser civilizada. Aí o animal começou a correr atrás de mim e minhas pernas não aguentavam mais, era época de páscoa, eu estava morrendo de medo, consegui sair da escola e corri em direção oposta do cachorro, porém quando eu olhei pra trás ele ainda estava lá, aí eu pulei no colo de uma coelha que eu encontrei na rua. Acho que a moça trabalhava em alguma loja que vende chocolate. Na minha cabeça era melhor ir pro colo de uma pessoa fantasiada de bicho do que ser morta pelo cachorro.

Matteo deu uma gargalhada e começou a rir de mim, algo que parecia não acabar nunca.

-E foi assim que eu fui pra casa no colo de uma coelha.

-E por que você não desceu? Podia ter ido pra casa apé.

-E arriscar do bicho voltar?

Matteo voltou a rir novamente e eu faço biquinho.

-Não ri de mim.

Ele me olha e vem até mim.

-Tudo bem, pode subir em mim toda vez que tiver medo de algo. -Ele sorri maliciosamente e eu nego com a cabeça. -Na verdade seria um prazer ter você em cima de mim o tempo todo.

-A Natália também achou bem legal.

-Hum? -Ele me pedi sem entender nada.

-É o nome da menina que tava por baixo da fantasia. -Ele da um sorriso e me pego sorrindo também.

-Chegamos. -Ele diz olhando em volta e a praia está praticamente vazia, as pessoas são tão de boa aqui que passa muita tranquilidade. Descemos do barco e tiro o meu calçado pra sentir a areia em meus pés, meus cabelos voam e eu não consigo parar de sorrir.

-Vejo que gostou do lugar. -Matteo diz pegando na minha cintura e levanto o meu olhar sorrindo pra ele.

-Eu amei. -Colco meus braços em cima de seus ombros e sinto o seu cheiro bom próximo do meu nariz.

-Tanto quanto me ama? -Nego com a cabeça.

-Acho que seria impossível. -Digo me afastando dele e correndo em direção a cidade, olho pra trás e vejo ele correndo atrás de mim, paro e sinto meu corpo ser levantado do chão, sorrio sentindo ele fazer cosquinhas pelo meu corpo e ele da uma gargalhada me olhando.

-Vai precisar de muito mais pra fugir de mim. -Ele diz brincando e me coloca no chão, olho pra ele com um sorrisinho e nego com a cabeça.

-Eu não vou a lugar algum amore mio. -Digo e ele sorri puxando o meu braço com delicadeza em direção ao carro cinza chumbo, não há seguranças aqui, nem vidros a prova de bala, o proprio carro é um conversível.-Por que aqui somos tão...

-Livres? -Ele completa e o olho prestando atenção. -Sou dono dessa parte da Itália, não existem maneiras de acontecer qualquer coisa aqui.

-E a polícia? -Pergunto e ele sorri de lado, óbvio, também trabalham pra ele. -Então aqui podemos ser "normais"? Sem carros a prova de bala, ou seguranças até na hora de ir do banheiro?

-Basicamente. -Ele da os ombros e abre a porta pra eu entrar no carro, me sento no banco do passageiro e me escoro pra trás, acho um óculos de sol femininos e coloco não ligando de quem seja.

Dou um tapa em seu braço quando ele senta no motorista e ele somente vira o rosto pra me olhar.

-Então por que não viemos aqui desde o começo? -Eu peço e ele da risada sem responder a minha pergunta. -E de quem são esses óculos? -Ele me olha e encara o óculos.

-Senhora Márcia. -Ele responde simples e eu estranho, ele nem cogitou ser de outra pessoa.

-Ela vem muito pra cá?

-Uma ou duas vezes ao ano, ela também gosta dessa liberdade. Se sente...normal.

Maldita tentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora