answers.

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[I'm afraid of all I am
My mind feels like a foreign land
Silence ringing inside my head
Please, carry me, carry me, carry me home.]

(ALERTA GATILHO; AGRESSÃO FÍSICA.)

{point of view; julie blaise}

Eu perdi a noção do tempo.

Nada aconteceu desde que despertei nesse lugar, eu não conseguia enxergar e nem ouvir nada.

A única coisa que eu sabia era que eles fizeram de tudo pra impedir que eu me mexesse. Meu corpo foi deitado sobre uma superfície fria, a qual eu julguei ser feita de concreto por me arranhar a cada mínimo movimento. As mãos foram amarradas acima da cabeça e os pés igualmente presos por correntes.

Na verdade, havia outra coisa que eu tinha certeza; gritar por ajuda era completamente inútil. Onde quer que fosse esse lugar, era muito bem vedado e escondido.

Essa merda era muito mais profissional do que eu imaginava.

Meus pensamentos foram interrompidos com um arrastar de ferro dentro do cômodo, seguido por passos e farfalhares de roupas. Entrei em alerta. Minha respiração ficou descompensada e se misturou com os barulhos da pulsação em meu peito.

E, pateticamente, minha palma começou a coçar mais do que nunca. Fechei a mão em punho e rocei minhas próprias unhas contra o local.

— Julie Blaise Murphy. Vinte e quatro anos. Um e sessenta e sete de altura. Nascida e criada no Canadá, mas foi emancipada aos dezesseis, saindo em seguida da casa dos seus pais supostamente abusadores. — Uma voz tórrida e rouca lia minha ficha, pingando escárnio. Deu uma risada antes de continuar; — Garota, você já sofreu um bocado.

Um barulho alto soou ao meu lado e eu me afastei por instinto. Era uma pasta, provavelmente.

Minha pasta.

Eu podia ouvir seus passos ao meu redor, me sondando e avaliando minhas reações. Continuei quieta. Mas infelizmente meu corpo me traiu, minha boca tremia levemente pelo frio e isso foi o bastante para atrair sua atenção.

Seus dedos ásperos roçaram o meu queixo, forçando a tremedeira a parar.

— Quase sinto pena de você, anjo. — Ele percorreu minha mandíbula, eu podia sentir sua respiração. — Prometo que vou mandar pegarem leve, ok? — Ele sussurrou contra o meu lóbulo e eu engoli a seco, virando o rosto pra longe dele. — Claro, isso só será possível se você colaborar conosco. — Ele empurrou meu queixo e se afastou, engoli um suspiro de alívio.

— O que vocês querem? — Minha voz saiu como um sussurro raivoso, arrancando outra risada dele.

— Queremos algo que seu namoradinho pegou, Julie. — Sua voz já estava mais distante agora. — Você deve imaginar o que seja.

— Jake? É sobre ele que você está falando? — Eu ri fraco, apertando os olhos. — Porra, isso só pode ser brincadeira.

— Olhe como fala. — Seu tom rude era cortante, quase pude sentir seu fuzilamento. — Nós sabemos que estão juntos. — Quem dera, pensei.

— Pois vocês estão recebendo informações muito equivocadas, então. — Balancei a cabeça negativamente, mesmo sabendo que ele não poderia ver. — Eu não sei absolutamente nada sobre o Jake.

— Hum.. isso é o que veremos, então. — O metal foi arrastado novamente, julguei que aquilo fosse a porta do cômodo. Ele pigarrou antes de sair. — Mas não se esqueça, Julie. O Jake pesquisou sobre você antes de todo aquele show que vocês fizeram, ele certamente sabe algumas coisas. Mas eu fui bem mais a fundo. Tenho tudo sobre você e todos que você conhece na palma da minha mão. — Mordi o interior da boca. — Esteja ciente das consequências das suas escolhas daqui pra frente. — Concluiu firmemente e o metal bateu. Um suspiro de alívio me escapou.

Where Are You?Onde histórias criam vida. Descubra agora