[Oh, home, let me come home
Home is wherever I'm with you.]{point of view; jake}
Há comprovadamente oito bilhões de pessoas no mundo e, na minha concepção, para cada uma existe um significado diferente de saudade.
Um cheiro marcante, algum lugar específico ou uma memória tão forte que é inevitável não sentir os calafrios percorrendo seu corpo quando para pra pensar. Para cada pessoa existe uma saudade diferente com uma intensidade diferente, e àquela era a minha.
Seus olhos estupidamente azuis brilhavam como faíscas sobre a luz fraca da sala de estar, esperando ansiosamente pelas minhas explicações e todas as coisas implícitas não ditas.
Mas eu não conseguia falar nada.
Eu havia mergulhado no mar de saudade no momento que Daniel abriu a porta pra mim.
Estava sufocando no seu cheiro, nos seus movimentos perdidos e nas suas palavras intangíveis. Estava completamente afogado em seus olhos encharcados que não vi quando os meus também se umedeceram.
— Eu disse que voltaria, mon ceour. — Sussurrei a única coisa que consegui, levando minha mão livre até seu rosto gélido e ligeiramente molhado pelas lágrimas recentes.
— Vamos, acho que eles precisam de um momento. — Ouvi Jessica murmurar e dar um empurrão em Daniel para que ele saísse do caminho, seguindo para o quarto arrastando-o pela mão.
Eu hesitei por um segundo antes de levar minha outra mão até sua bochecha livre, embalando seu rosto à minha frente. Acariciei sua pele macia, passando o polegar delicadamente em cima da cicatriz proeminente. Ela fechou os olhos e respirou fundo, aconchegando-se no afago.
— Você está aqui. — Soprou, causando-me um arrepio na espinha por conta da proximidade. Ela cheirava à vinho e loção de baunilha. — Você realmente está aqui, não está?
— Sim. — Sorri desajeitado, sentindo meu rosto inteiro corar quando seus olhos se abriram novamente, agora mais atentos que antes. — Nós..
— Eu sei. — Ela pôs sua mão sobre a minha, apertando-a ligeiramente. — Posso te abraçar primeiro?
Eu não me dei ao trabalho de responder, apenas fiz o movimento rápido de puxa-la para o meu peito, embalando-a nos meus braços com avidez. Ela retribuía o gesto com mais força do que eu pensei que fosse capaz.
Não sei dizer exatamente o tempo que se passou, mas não me importei em contar. Não me importei com nada.
Tudo que importava era que eu tinha voltado pra ela.
Estava em casa agora.
{...}
— Como assim você tomou um tiro?! — Sua voz se tornou alta e aguda repentinamente, afastando-se o suficiente para percorrer os olhos por todo meu corpo. — Onde? Cadê?
— Foi aqui. — Deslizei a mão livre por cima do braço esquerdo coberto pelo moletom. — Foi de raspão e eu já estou bem. Só acabei demorando muito pra perceber por conta da adrenalina do momento, então perdi sangue demais e desmaiei.
— Meu Deus. — Sussurrou, aterrorizada. — Quando foi isso?
— Faz uma semana, mais ou menos. — Dei de ombros. — Passei dois dias em um hospital e já me liberaram.
— Eu quero ver.
— Sério? — Franzi as sobrancelhas, estranhando o pedido. — Por que?
— Quero ver se foi só isso mesmo ou se você tá só maquiando a situação. — Ela cruzou os braços e sentou de frente pra mim. — Anda, tira esse moletom.
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Where Are You?
FanfictionTrês meses se passaram. Minha vida havia voltado ao normal, minha rotina simples e monótona estava nos eixos novamente. Eu estava longe de qualquer loucura que vivi nas últimas semanas. Então eu deveria estar feliz, certo? Eu deveria estar em paz po...