provocation.

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(2/2)
[I can't get your tenderness
Still I can't get you off my mind
What is it about you, baby?]

{point of view; julie blaise}

— Eu acho que estou enlouquecendo, Ruby. — Murmurei desgostosa, enfiando o rosto entre as mãos.

— Por que isso do nada? — Ela indagou após se sentar na sua habitual poltrona, cruzando as pernas e encarando-me de forma curiosa.

— Alguma coisa está acontecendo comigo. Eu.. — Balancei a cabeça negativamente. — Eu estou com uma sensação estranha no peito.

— Como assim?

— Quando eu comecei a ter sentimentos pelo Jake, meses atrás, eu senti algo parecido com isso. Mas era ameno, inofensivo, sabe? — Levantei os olhos na sua direção. — Agora parece algo avassalador, toda maldita hora que eu olho pra ele eu desmancho. Eu nunca senti isso.

— Hum.. — Murmurou, arqueando as sobrancelhas de maneira pensativa. — Sente um aperto no estômago e o coração acelerado? — Assenti. — Sente uma angústia pesar em seu peito toda vez que ele se afasta? — Assenti. — Sente como se as coisas fossem mais simples quando ele está por perto? — Assenti. — Você tem quantos anos, Julie?

— Fiz vinte e quatro esse ano.

— Nunca esteve apaixonada por outra pessoa além do Jake? — Sua pergunta me pegou desprevenida, fazendo-me franzir o cenho.

— Não. Nunca deixei que ninguém se aproximasse de mim o suficiente para acontecer tal sentimento. — Suspirei. — Só o Jake.

— Então você só foi apaixonada por uma pessoa, e foi on-line. Certo? — Assenti novamente. — Entendo seu desespero agora.

— Pode explicar para que eu possa entender também?

— Você esteve apaixonada por ele durante algum tempo, mas o relacionamento de vocês era um tanto.. raso. Não havia muitas demonstrações de afeto e, frequentemente, havia situações conturbadas demais no meio de vocês. Então não houve tempo suficiente para focar nesse sentimento. — Ela recostou as costas no estofado, respirando fundo. — Agora, com Jake tão perto e demonstrando tanta afeição por você, mesmo que distante, você está sentindo. Você sente o quanto ele gosta de ti. E finalmente tem tempo de sentir a sensação avassaladora que é estar apaixonada.

— E-eu.. eu não.. — Gaguejei, sentindo-me incapaz de continuar a falar. Minhas sobrancelhas franziram e um bico se formou em meus lábios conforme meu coração acelerava pensando naquela possibilidade. — Mas ele..

— Sim. Ele fez coisas terríveis, mas no fundo você sabe que nada daquilo foi desejando seu mal, pelo contrário. Ele foi imprudente ao pensar que poderia resolver tudo sozinho, mas era só isso que ele queria: resolver tudo. Queria te manter em segurança porque acreditava que você estava em perigo perto dele. — O enjoo me atingiu com força e precisei fechar os olhos por alguns segundos, respirando fundo. — É muito óbvio que, assim como você, ele não sabe lidar com seus próprios sentimentos.

— Isso é..

— Eu sei. — Murmurou risonha, compreensiva. — Qual foi o estopim desse seu reconhecimento?

— Eu não sei ao certo. — Desviei o olhar. — Acho que dois dias atrás, na segunda vez que o vi sentado do lado de fora do meu quarto, dormindo no chão. — Engoli a seco. — Jessica tinha me contado que ele tinha feito isso no dia anterior, mas eu não acreditei. Mas quando eu o vi ali.. — Ri fraco. — Foi como um baque. Fiquei mais de meia hora só encarando-o dormir, sem entender o porquê dele fazer aquilo e o porquê tinha mexido tanto comigo.

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