[We're all sinners we're all saints
We're all the people we say we ain't
We're all winners and we're all cheats
We're all the things that we wanna defeat
We're all innocent and we're all pure
We're all deceased and we're all the cure
We're all living and we're already dead
We're everything that we need to pretend
Rip off your mask and show me who you are
Show me who you are, show me
who you are.]{point of view; julie blaise}
O ser humano foi projetado para suportar quais tipos de conflitos? Qual o limite exato para o sofrimento de alguém?
Existem chances de viver normalmente depois que ultrapassa esse limite?
Há chances de recomeçar sem o peso do passado?
Essas eram as perguntas que rondavam minha cabeça durante todo o trajeto até o presídio. Alan se manteve quieto desde o momento que entrei no carro, parecia perdido em seus próprios pensamentos assim como eu. O que tornava aquele silêncio barulhento demais.
Meu corpo estava tão tenso que era difícil controlar os tremores. Suor se acumulava em minhas palmas, forçando-me a esfrega-las no tecido grosso da calça com certa rigidez.
Passei os últimos dias recebendo olhares preocupados dos meus amigos, que, apesar de não tocarem mais no assunto, deixaram implícito que não sabiam se aquela seria uma boa ideia.
E agora, avistando há poucos metros o longo muro cinza com fios de cobre afiado no topo, eu também já não sabia mais o que esperar.
— Tem certeza disso, Julie? — Alan se pronunciou pela primeira vez, quebrando nosso silêncio desconfortável com uma pergunta simples, porém banhada em uma preocupação dolorosa.
Bloomgate agora fazia parte do nosso pequeno grupo de amigos, o que era um pouco irônico. Ainda me confundia com a intimidade que ele e Jake adquiriram, mas era bom tê-lo por perto. Era um bom exemplo de serenidade.
Então, vê-lo apreensivo daquela forma me fazia repensar tudo mais e mais. Mas, no final das contas, meus pensamentos sempre voltavam a ser os mesmos.
O fim da história. O meu recomeço.
O nosso recomeço.
— Nunca tive tanta certeza de algo antes.
Ele suspirou alto e desligou o carro, estacionando-o e dando a volta para abrir a porta pra mim. Caminhamos novamente em silêncio até o enorme portão preto e deixei que Alan fosse um pouco mais à frente para conversar com o guarda que nos aguardava.
Alguns passos atrás e eu já não conseguia ouvi-los, mas podia ver o rosto do oficial. Um homem alto, com os cabelos cortados em um buzzcut quase grisalho. Havia uma cicatriz protuberante do interior do seu olho esquerdo até o meio da testa, o que só realçava seus olhos amedrontadores.
Seu olhar se encontrou com o meu e um arrepio percorreu minha espinha, por reflexo levei uma mão até meu rosto, passando a ponta dos dedos pela minha própria cicatriz.
Precisei respirar fundo algumas vezes após Alan mandar que eu o seguisse, andando cautelosamente para dentro do presídio.
Fomos revistados e com isso tiraram meu celular, imediatamente me senti mal. Queria poder falar com Jake mais uma vez antes de entrar. Ou ao menos ouvir o último áudio que me enviou pela manhã, quando notou que eu saí sem acorda-lo.
Engoli a seco de novo, mas segui. Os corredores eram estreitos e pouco iluminados, todos os oficiais que eu via pelo caminho estavam portando armamentos de alto calibre e não sabia dizer se aquilo me assustava ou me tranquilizava.
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Where Are You?
FanfictionTrês meses se passaram. Minha vida havia voltado ao normal, minha rotina simples e monótona estava nos eixos novamente. Eu estava longe de qualquer loucura que vivi nas últimas semanas. Então eu deveria estar feliz, certo? Eu deveria estar em paz po...