Where Are You?

dream.

(2/2)
[I'm feeling like a lost little boy
in a brand new town
I'm counting my sheep
And each one that passes
is another dream to ashes
And they all fall down.]

{point of view; jake}

A caminho de volta para Duskwood foi absolutamente silencioso.

Alan fez perguntas sobre meu surto, mas minha voz havia sumido. As palavras estavam embaralhadas no meu cérebro enquanto eu repetia a cena que vivi cinco anos atrás.

flashback on.

— Eu não acredito que ele fez isso! — Steve exclamou ao meu lado, vigiando a porta enquanto eu digitava o mais rápido que conseguia.

— Sinceramente? Eu não me surpreendo tanto assim. — Apertei a mandíbula e arranquei o pendrive do computador, desligando-o em seguida. — Você viu o que ele estava prestes a fazer, cara. Acabar com a minha vida não é nada perto disso.

— Eles nunca vão te perdoar, Jake.. — Murmurou, passando as mãos pelos cabelos. Joguei a alça da mochila no ombro. — Você vai virar um inimigo, entende isso? Vão colocar um preço na sua cabeça por trair a equipe.

— Eu sei. — Suspirei. — Eu vou me virar. Mas você precisa sair daqui agora, e rápido.

— Eu vou te cobrir. É o mínimo que posso fazer. — Ele pôs a mão sobre meu ombro e eu balancei a cabeça negativamente. — Tem certeza que vai levar com você?

— Tenho. Não vou deixar essa merda na mão de um lunático que nem ele. — Apertei as alças da mochila e enruguei a manga do casaco, encarando o relógio antigo em meu pulso. — Tenho cinco minutos pra atravessar o prédio e rezar para que eles não percebam que as câmeras foram congeladas.

— Vai dar certo, irmão. — Ele abriu a porta atrás de si e eu encarei o cômodo uma última vez, apagando a luz em seguida.

— Até algum dia, Steve.

flashback off.

— Ela estava com aquele mesmo esmalte, no dia. — A voz de Alan me puxou dos meus devaneios, fazendo-me encara-lo.

— O que? — Franzi o cenho, meio atordoado.

— Acho que você pode estar se perguntando porque eu tinha certeza que aquele era o dedo dela. — Deu de ombros, sem me encarar nos olhos. — Era o mesmo esmalte, mesmo tamanho de unha.. tudo. Eu lembro de reparar nas unhas porque ela ficava coçando sua mão o tempo todo, como um tique nervoso ou algo do tipo. Esmalte verde com um desenho de margarida na ponta. — Respirou fundo. — Nunca vou esquecer disso.

— Eu entendo. — Assenti, engolindo a seco. — Eu sei quem pegou ela, Alan.

— O que?! — Indagou alarmado, finalmente virando o rosto na minha direção.

— O nome dele é Iuri Orlov. — Seu nome trazia um gosto amargo ao meu paladar, apertei a mandíbula e continuei. — Nós trabalhamos juntos, anos atrás.

— Trabalharam juntos? Em que? — Franziu o cenho, confuso.

— Quando eu fiz vinte anos, um colega me convidou a entrar em um.. grupo. Digamos assim. — Estalei a língua no céu da boca.

— Que tipo de grupo, Jake? — Seu tom se tornou apreensivo.

— Você conhece o grupo Anonymous? — Indaguei e imediatamente pude ouvi-lo arfar.

— Tá brincando! — Balançou a cabeça. — Você fazia parte disso? É sério?

— Basicamente, fiz parte de um dos milhares de grupos reunidos pelo mundo que estão vinculados a isso. Não era dos grandes nem nada. — Dei de ombros. — Foi difícil no começo, todo mundo é muito exigente. Mas eu gostava do que faziam, sabe? — Ri fraco. — Apesar de terem absolutamente todas as informações do mundo na palma da mão, não usam para o mal. Pelo contrário.