[We didn't start the fire
No, we didn't light it, but we tried to fight it.]{point of view; jake}
Acho que, em nenhum outro momento da minha vida, eu estive tão atordoado como estava agora. Nada parecia real, o tempo passava e eu não conseguia raciocinar.
E, apesar de tudo, o que realmente tomava conta do meu subconsciente era ela. Sempre ela.
Encarei a estrada através da janela, a paisagem parecia apenas um borrão por conta da velocidade exuberante em que Alan dirigia. Com o vidro aberto e um cigarro pendendo entre os dedos, eu sentia meu peito queimar a cada respiração.
Enquanto passávamos pelo caminho percorrido milhões de vezes por mim, memórias tórridas inundaram minha mente, fazendo meu corpo estremecer.
Eu estava com medo do que encontraríamos naquela casa. Estava com medo do plano não dar certo. Estava com medo do que a mente diabólica de Iuri havia planejado. E, acima de qualquer coisa, estava com medo por ela.
Pressionei minha têmpora e massageei o local com a ponta dos dedos, sentindo-me a beira de um colapso mental.
Céus, eu queria tanto conseguir desligar meus pensamentos por alguns minutos.
No momento em que senti o carro diminuir o movimento e parar lentamente, me obriguei a silenciar meus medos. Não havia espaço pra eles nesse plano.
— Porra, que lugar enorme. — Daniel foi o primeiro a se pronunciar. Por alguns momentos eu havia me esquecido da sua presença.
— Verdade. — Alan franziu as sobrancelhas, observando o prédio alto através do vidro da janela. — Parece vazio.
— Está abandonado — balbuciei, sentindo minha boca secar conforme arrumávamos as coisas. Enfiei minhas mãos nas luvas grossas e ajustei o fecho.
— Tem certeza que ele está aqui? — Daniel indagou, também se aprontando. Enfiei o ponto eletrônico no ouvido e suspirei.
— Não, não tenho. — Alan estendeu uma arma na minha direção e eu hesitei por um momento, sentindo minha respiração descompassar.
— Apenas faça o que eu te ensinei. — Murmurou ao notar minha hesitação. — Ela precisa de você, Jake.
— Isso é loucura — Dan respondeu em um sussurro, enquanto prendia seus cabelos longos em um coque baixo antes de pôr a máscara.
— Ele já deve ter visto o carro chegar, saiam logo daqui — os apressei, encarando o largo portão de ferro. — Saiam agachados, como combinamos. Se tiverem reativado alguma câmera, não será possível captá-los dessa forma.
Eles assentiram e rapidamente se retiraram do veículo. Pouco tempo depois observei o portão ser aberto lentamente, deixando que eu adentrasse.
Eu conseguia ouvir meus batimentos descompassados, podia sentir o suor dentro das luvas, e podia sentir os espasmos na minha perna, fazendo-me sacudir o pé. Quando finalmente saí do carro, precisei me apoiar na lataria quando minhas pernas fraquejaram.
Respirei fundo algumas vezes, olhando ao redor atrás de algum sinal de alguém. Minha mão se manteve firme na arma em minha cintura.
— Olha só quem finalmente apareceu — a voz grave muito conhecida por mim tomou conta do ambiente, fazendo-me virar o tronco em sua direção. — Confesso que esperei que você fosse mais rápido.
— Eu também poderia dizer que esperava muitas coisas de você. — Cruzei os braços. — Mais humanidade, por exemplo. Mas, convenhamos, acho que você nunca teve isso. — Suspirei e enfiei a mão no bolso, resgatando o pendrive falsificado. — É sempre um desprazer te encontrar, Iuri. — Lhe encarei de cima abaixo, surpreendentemente conseguindo deixar minha voz firme.
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Where Are You?
FanfictionTrês meses se passaram. Minha vida havia voltado ao normal, minha rotina simples e monótona estava nos eixos novamente. Eu estava longe de qualquer loucura que vivi nas últimas semanas. Então eu deveria estar feliz, certo? Eu deveria estar em paz po...