fallen angel.

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[I know that you're wrong for me
Gonna wish we never met on the day I leave
I brought you down to your knees
'Cause they say that misery loves company
It's not your fault I ruin everything
And it's not your fault I can't be
what you need
Baby, angels like you can't fly
down hell with me
I'm everything they said I would be.]

(ALERTA GATILHO: LEVE DESCRIÇÃO DE ABUSO FÍSICO E AGRESSÃO FÍSICA)

{point of view; julie blaise}

Eu não me recordava muito do que havia acontecido na noite anterior, mas, quando acordei, era como se eu tivesse levado outra surra.

Pisquei lentamente, me acostumando com a luz fraca que pendia sobre a minha cabeça. Sentia como se minhas pálpebras pesassem uma tonelada, a dificuldade para manter os olhos abertos era quase tão grande quanto a dor em meu ventre.

— Acorde, Julie. — Uma voz sussurrou próxima ao meu ouvido, mas eu não conseguia raciocinar para saber qual deles era. Girei um pouco meu pescoço e pisquei, vendo a tenebrosa máscara novamente. — Você já dormiu demais.

Ele mexeu nas minhas cordas e em meus pés, mas eu não me movi. Não restava forças para fazer qualquer movimento naquele momento, nem mesmo para falar. Minha garganta estava seca e dolorida pelos gritos abafados.

— Adivinha só. — Ele puxou meu corpo, forçando-me a ficar sentada. Os pontos recentes pareceram a ponto de estourar com o movimento brusco, o que me arrancou um gemido sôfrego. — Ao contraio do que você afirmou, Jake está, sem dúvidas, muito ciente de tudo isso e extremamente preocupado com você.  — Ele murmurou acidamente e eu me forcei a abrir os olhos, atordoada. — Exatamente como um bom namoradinho estaria.

— Como.. — Minha voz arranhou a garganta, causando-me desconforto imediato.

Ele envolveu meu corpo e me pegou no colo, minha cabeça tombou pro lado e eu quis gritar. Não havia dúvidas que aqueles cortes inflamaram antes mesmo dos retalhos dados pelo homem de ontem.

— Vou te colocar em um lugar melhor, doce anjinho mentiroso. — Sua voz era conhecida, mas parecia muito abafada pela máscara e com meu discernimento afetado, eu não conseguia distingui-lo.

Passos e mais passos, vozes fracas e barulhos leves eram audíveis ao meu redor. Havíamos saído do porão, mas eu não fazia ideia de onde estávamos. Minha visão continuava embaçada e lenta demais.

— Agora as coisas vão ficar boas. — Outra voz se fez presente no novo cômodo.

O homem me colocou sentada em uma cadeira e meus braços foram puxados pra trás, cordas envolveram meus pulsos em um nó firme. A área machucada latejou pelo movimento, fazendo-me arfar.

— Eu descobri o que ele está planejando, e confesso que é inteligente. — Ele riu, forçando-me a levantar o rosto. — Mas eu sou muito mais. — Pisquei lentamente, sentindo seu aperto se intensificar no meu queixo. — Agora eu tive que fazer uma pequena mudança de planos. — Ele envolveu sua mão na minha mandíbula, apertando a área com brutalidade. Me mantive imóvel, lutando para ficar acordada. — E, digamos que essa mudança não acabará tão bem pra você, anjo.

Suas palavras eram firmes e rudes, mas não consegui esboçar qualquer reação. Eu estava fraca devido à perda de sangue e, certamente, por não comer ou beber nada há dias. Àquela altura, nada do que ele dizia me assustava mais.

A morte deixou de ser um medo e passou a ser uma esperança.

— Você está me ouvindo? — Ele chacoalhou minha cabeça e apertei os olhos, sentindo-a latejar.

Where Are You?Onde histórias criam vida. Descubra agora