Where Are You?

flaws.

[No fair
You really know how to make me cry
When you give me those ocean eyes
I'm scared
I've never fallen from quite this high
Falling into your ocean eyes
Those ocean eyes.]

{point of view; jake}

Tentei diversas vezes me concentrar no trabalho que precisava fazer, mas meus dedos pareciam feitos de gesso sobre o teclado enquanto meu cérebro não assimilava os códigos que preenchiam a tela.

Portanto, decidi me deitar no quarto e tentar descansar um pouco. O quê resultou em várias horas torturantes, perdido em meus pensamentos.

Tudo que eu mais queria era conseguir falar com ela, mas toda e qualquer tentativa pareciam erradas. Falhas irreparáveis.

Fui arrancado dos meus devaneios quando ouvi meu celular vibrar sobre a mesa, chamando minha atenção. Estiquei-me até o aparelho e atendi a chamada após ver o nome que brilhava na tela.

— A que devo a honra, Bloomgate? — Resmunguei, passando minha mão livre sobre o rosto e respirando fundo.

— Você é muito habilidoso quando se trata de ser disfarçadamente passivo agressivo. — Retrucou, fazendo-me revirar os olhos. — Posso perguntar o por quê do mau humor?

— O mesmo de sempre; minha própria existência.

— O quê você fez? A garota finalmente descobriu que está entrando no quarto dela escondido e abraçando-a sem consentimento? — Ele debochou risonho e eu bufei, balançando a cabeça negativamente.

— Não sei exatamente como definimos nossa relação, Alan, mas nesse momento estou cogitando seriamente em acabar com essa.. quase amizade. — Pude ouvi-lo gargalhar do outro lado da linha.

— Lamento por ser a única pessoa capaz de falar as verdades sobre suas atitudes bizarras. — Suspirou. — Mas você precisa admitir que isso tudo está meio estranho, não acha?

— Eu sei que está, pode acreditar. Eu não me sinto devidamente confortável com essa situação também. — Espreguicei o corpo, sentando na cama. — Eu só não descobri ainda um modo de ajudá-la sem precisar.. invadir.

— Talvez você devesse, sei lá, conversar com ela? — Ele riu. — As pessoas normais fazem dessa maneira, você deveria testar.

— É sério, Alan. — Respirei fundo, exasperado. — Eu estou travado, ok? Não consigo proferir mais de dez palavras à ela sem perder completamente o rumo.

— Eu sei, só estou brincando com você. — Ele bocejou. — Entendo que sua cabeça funciona de outra forma, garoto. Você não está acostumado com nada disso, não sabe como agir.

— Exatamente.

— Mas, por incrível que pareça, acho que você tem algo ao seu favor. — Arqueei a sobrancelha, desconfiado.

— E o quê seria? — Indaguei.

— Sinto que Julie é exatamente igual à você nesse quesito. — Murmurou. — Ela também não sabe lidar com os próprios sentimentos e, coincidentemente, está atrelada a essa confusão mútua com você. Mesmo sem saber.

— Eu não sei, é complicado.. — Fechei os olhos, encostando a cabeça na parede atrás de mim. — Isso vai ser absurdamente clichê, mas.. — Eu ri nasalado. — Antes de conhecer a Julie, sinto que ninguém nunca havia me compreendido tão bem. Eu não precisava me desdobrar, ela simplesmente me entendia. — Deixei que um sorriso deslizasse pelos meus lábios. — Quando notei que Julie me aceitava de verdade, foi como se eu finalmente fizesse parte de algum lugar. Como se, apesar de tudo, ela tivesse passado a fazer parte de mim.