Where Are You?

forgiveness.

[I thought that I've been hurt before
But no one's ever left me quite this sore
Your words cut deeper than a knife.]

{point of view; jake}

O caminho até o hospital foi assustador. Havia uma pressão tão forte em meu peito que era como se todos os meus órgãos estivessem se contraindo, prestes a implodirem de uma só vez. Não existia palavras para descrever o quanto cada segundo daquilo me torturava.

Daniel ligou para Jessica cerca de vinte vezes durante nosso trajeto de meia hora até o hospital, e não foi atendido nenhuma delas.

Eu me peguei pensando no pior várias vezes, mas eu não me permitia continuar.

Eu preferia que nunca mais aceitasse olhar na minha cara e que meu nome lhe causasse repulsa pro resto da vida. Eu preferia que ela me desprezasse, que me odiasse ou que sentisse nojo de mim. Eu preferia ter qualquer sentimento dela, um milhão de vezes, do que nunca mais tê-la aqui.

Eu me mataria em um piscar de olhos, pois simplesmente não consigo imaginar viver qualquer tipo de vida em um mundo onde Julie não exista.

— Jake? — Dustin sacudiu meu ombro com um solavanco, trazendo-me de volta para a realidade. — Chegamos.

— Ah, certo. — Engoli a seco e balancei a cabeça, concordando brevemente. Nós saímos do carro e só então notei que Daniel já havia ido na frente.

Era estranho e amedrontador andar em público sem sequer tentar me esconder, mas enfiei aquele medo no fundo da minha mente. Definitivamente não precisava de mais aflições no momento.

— Você está tremendo. — Dustin declarou e eu apertei a mandíbula, continuando a caminhar mais devagar do que deveria.

— Eu acho que estou prestes a vomitar. — Parei de andar, tentando sugar o máximo de ar que eu conseguia. Minha respiração parecia travada, meu peito entrava em combustão a cada suspiro e o desespero percorria minhas veias como lava fervente. Apoiei minha mão boa sobre o peito, pressionando o local com força enquanto fechava os olhos. Contei até dez, vinte, trinta.. mas tudo só piorava.

— Talvez você também precise de um médico. — Ele murmurou e eu balancei a cabeça negativamente, voltando a abrir os olhos.

— Não, não. Vamos lá. — Me recompus e voltei a andar, mesmo que cada músculo do meu corpo rejeitasse os movimentos.

Todos nos encararam quando passamos pelas portas automáticas, provavelmente pelo fato de Dustin estar vestindo um terno exuberantemente chique em um hospital mediano de cidade pequena. Ou, talvez, porque eu parecia com um morto vivo.

— Com licença, boa noite. — O homem ao meu lado se dirigiu à secretária, que nos encarou de cima abaixo. — Viemos pela Julie Blaise.

— Certo, vou responder o mesmo que respondi ao outro rapaz. — Ela apontou sutilmente para atrás de nós. — Julie foi levada para UTI, então não pode receber visitas no momento. Caso tudo ocorra bem, hoje mesmo ela retorna ao quarto e poderão vê-la. — Ela ponderou por um momento. — Ah, e a moça ruiva que estava acompanhando-a também está em observação devido a um desmaio.

— Merda. — Apertei os olhos e dei meia volta, sentando-me ao lado de Dan.

— Obrigado, avise-nos caso tenha alguma notícia, por favor. — Ouvi as palavras distantes de Dustin e apoiei a cabeça na parede atrás de mim, fechando os olhos por um breve momento.

— Se ela morrer, Jake..

— Eu mesmo farei isso, Daniel. Não precisará sujar suas mãos. — Murmurei, interrompendo-o prontamente. Minha voz saíra mais grossa e rude que o normal, mas a resposta pareceu satisfazê-lo.