terrifying.

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[I got a problem and I don't know what to do about it
Even if I did I don't know if I would quit but I doubt it
I'm taken by the thought of it
And I know this much is true
Baby, you have become my addiction.]

{point of view; julie blaise}

Quatro dias haviam se passado desde que retornei do hospital.

E faziam quatro dias que ele não saía dali.

Respirei fundo, encarando o homem adormecido sentado ao lado da minha porta.

Nós não havíamos conversado desde então, ele apenas me trazia comida, trocava as bolsas de remédio duas vezes por dia e eu agradecia. Só isso.

Mas nenhuma indiferença parecia ser o bastante para afastá-lo. E eu não sabia como reagir aquilo.

Não sabia como reagir ao encontrá-lo pela quarta noite seguida dormindo ao lado da minha porta. Não sabia como reagir ao saber que era ele que, todo dia, fazia questão de preparar um tipo de sopa diferente só porque eu comentei que me enjoava repetir a mesma comida várias vezes. Não sabia como reagir ao notar que ele se preocupava em preparar todos os meus banhos de banheira com sais de banho de cores diferentes e com uma playlist personalizada tocando, porque aparentemente descobriu que eu me sentia mal por não conseguir tomar banho de chuveiro sozinha.

Mas, apesar de eu não saber como reagir a tudo isso, meu cérebro parecia ter certeza que sim. Vê-lo ali, com os braços cruzados e a cabeça apoiada contra a parede em um sono profundo, jogou uma onda de dopamina pelo meu corpo. Fazendo meu coração acelerar e meu estômago se contrair em bilhões de borboletas nervosas.

Em um ato impulsivo me peguei caminhando lentamente de volta para o quarto, pegando minha coberta extra e levando até o lado de fora. Estendi o tecido delicadamente pelo seu corpo e quis vomitar meu coração pela proximidade.

Seu cheiro me inebriou por mais tempo do que deveria, fazendo-me dar um passo em falso pra trás quando notei que estava praticamente fungando seu cabelo.

Merda.

Balancei a cabeça negativamente e corri de volta pro quarto, trancando a porta atrás de mim.

{...}

Senti minha cabeça latejar um pouco quando abri os olhos naquela manhã, acostumando-me com a pequena claridade que invadia as brechas da cortina.

Era estranho o modo como os pesadelos haviam cessado nos últimos dias. Eu conseguia dormir e acordar sem ter aquela sensação esmagadora no meu peito, como se não fosse mais tão impossível respirar.

As dores me incomodavam com frequência, mas, apesar disso, era notável a melhora em meu quadro geral. Apesar de estar fraca no momento, eu não sentia mais a sensação assustadora de quase morte que passou tanto tempo me atormentando.

E aquela foi a razão para o pequeno sorriso que brotou em meu rosto.

E não a batida leve contra a porta.

Claro que não.

— Posso entrar? — Sua voz rouca atravessou a madeira da porta e me acertou diretamente na boca do estômago, causando-me um alvoroço interno.

— Pode. — Bocejei enquanto me apoiava nos braços para me sentar, ajeitando as costas contra a cabeceira. Passei as mãos desajeitadamente pelos meus fios emaranhados, sentindo-me um pouco envergonhada por Jake me ver naquele estado.

Where Are You?Onde histórias criam vida. Descubra agora