hope.

1.5K 197 250
                                    

[When I can't feel you, I feel out of touch
Two seconds without you's like two months.]

{point of view; julie blaise}

Nos primeiros segundos depois que o vi sair pela porta senti como se meses tivessem se passado.

Meu peito ardia à cada vez que eu tentava respirar fundo, minhas pernas fraquejavam e minha visão se tornou apenas um borrão devido às lágrimas incessantes.

A ansiedade me consumiu quando a porta bateu, arrebentando minhas estruturas recém recuperadas. Eu tinha esquecido como doía quando ele ia embora.

E, mesmo após três semanas, ainda doía. Ainda me destruía por dentro.

— Julie? — Dan murmurou ao sacudir levemente meu ombro, chamando minha atenção.

— Ah, oi. — Pisquei algumas vezes, recobrando minha consciência. — Desculpe, o que disse?

— Só estava perguntando se já quer almoçar. — Ele lançou um olhar apreensivo em direção à Jessica. — Hoje tem consulta com a Ruby?

— Acho que não. — Franzi o cenho. — Hoje já é terça?

— Foi ontem. — Concluiu cautelosamente.

— Ah, sério? — Respirei o fundo, balançando a cabeça negativamente. — Preciso ligar pra ela então.

Eles ficaram em silêncio e assentiram. O almoço seguiu com aquela tensão no ar e eu me amaldiçoei por não saber lidar com tudo aquilo. Sabia que eles estavam pisando em ovos comigo há semanas e, por mais que eu me tentasse, nem sempre conseguia me distrair o suficiente para esquecer de Jake.

Tentei com todas as forças focar em dar continuidade no meu tratamento e na maior parte do tempo eu conseguia, minha saúde física já não era um grande problema, o que deixava espaço de sobra para pensar até demais durante o tempo livre.

Jessica e Daniel passavam a maior parte do tempo trabalhando, mas sempre que ficávamos juntos eles se esforçavam para fazer algo legal por mim. Como uma sessão de filmes ou uma noite da pizza com jogos diversos. Era legal, eu me divertia e, por alguns instantes, eu esquecia.

Mas sua memória era inevitável.

Ruby disse que aquilo seria um processo complicado pra mim, visto que já tenho um extenso histórico de abandono e o trauma com Jake sequer tinha sido curado antes dele partir novamente. E talvez nunca seja.

Porque, apesar de não ter sequer uma notícia sua há quase um mês, eu sentia que devia esperar. Que valeria a pena esperar.

Sentia que ele voltaria pra mim de verdade dessa vez.

E eu me agarrei à essa sensação durante todos os últimos vinte e três dias. Desde o momento que ele bateu a porta até o segundo exato que o relógio se movimentou na parede atrás da mesa de jantar.

Eu me via mergulhada em uma banheira de esperança pastosa, que toda vez que eu tentava sair dela meus músculos pareciam pesados demais para se mexerem. Então eu ficava parada, esperando.

E esperando.

E esperando.

E esperando.

Mas até quando?

— Lilly perguntou se pode vir aqui hoje. — Jessica soltou derrepente, chamando imediatamente nossa atenção pra si. — Ainda não respondi. O que vocês acham?

— Bom, eu não sei. — Daniel passou a mão pela sua barba desgrenhada, pensativo. — Ela já sabe sobre Julie há algum tempo e só agora está tentando aproximação, o que isso deve significar?

Where Are You?Onde histórias criam vida. Descubra agora