lie.

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[When you said your last goodbye
I died a little bit inside
I lay in tears in bed all night
Alone without you by my side
But if you loved me
Why did you leave me?]

{point of view; julie blaise}

Desde muito nova eu aprendi a achar conforto no silêncio, era tranquilo e acolhedor pra mim. Eu também nunca tive medo do escuro ou de ficar sozinha.

Eu sabia que os piores demônios estavam andando pelas ruas a luz do dia. Eles não precisavam se esconder na escuridão.

Mas agora, com essa aflição gritante em meu peito, sinto que tudo que eu achei que sabia era falso.

Eu ouvi a porta ser aberta, ouvi os passos e o arrastar da cadeira. Mas a luz se manteve apagada.

Havia alguém aqui, me observando em silêncio, no escuro.

E eu nunca senti tanto medo quanto agora.

Eu rezei sozinha dentro da minha cabeça, como fiz várias vezes durante anos da minha vida. Rezei para que, se houvesse alguém olhando por mim, que me desse forças para aguentar o que eu sabia que estava por vir.

Meus machucados recentes ainda ardiam, a imagem daquele homem arrastando a lâmina pelo meu corpo ainda era fresca na minha memória. As palavras de todos eles ecoavam na minha cabeça em um looping lento e ardiloso.

Eu não queria acreditar em nada daquilo, eu definitivamente preferia acreditar que o Jake estava longe daqui e que nunca veria o que fizeram comigo.

Até ontem, eu não sabia o quão sério tudo isso podia ser.

E, agora que eu sabia, preferia que ele nunca mais voltasse.

— Você é forte, Julie. Tenho que admitir. — A voz tórrida voltou, me atormentando instantaneamente. — Você não vê que toda essa resistência só te causará ainda mais sofrimento? — Eu continuei em silêncio, sentindo a palma da minha mão voltar a coçar. Respirei fundo e apertei as unhas na área já machucada. — Você acha que ele virá até nós?

— Ele sabe onde estamos? — Me alarmei, sentindo a bile subir pela minha garganta.

— Ah, imagino que ainda não. — Ele riu. Sua risada era tão suave quanto seu tom, ele exalava tranquilidade e escárnio. — Mas, devo admitir que esse garoto é a pessoa mais inteligente que eu já conheci, então.. Ele vai se tocar. Em algum momento. — Ouvi um farfalhar de roupas e prendi a respiração. Sua mão fria encostou no meu rosto, fazendo-me recuar pelo susto. — Mas ele também é meio perturbado da cabeça, não acha?

— Eu não o conheço. — Tentei manter a voz firme, mas falhei no momento que sua mão envolveu minha mandíbula machucada.

— Ah, jura? Que pena. — Ele aumentou o aperto, fazendo meu osso doer. — Talvez eu possa te contar mais sobre ele, então.

Eu continuei em silêncio, tentando manter a respiração regulada. Ele tirou a mão de mim e ouvi seus passos novamente.

— Vamos lá.. — Ponderou, pensativo. — Eu o conheci cerca de cinco anos atrás. Ele era muito jovem, mas sabia mais que todos os outros juntos. — Suspirou. — Era só colocá-lo na frente do computador com uma xícara de café e ele faria absolutamente qualquer trabalho.

— Eu não preciso saber nada disso. — Resmunguei rudemente. Sinceramente, eu queria saber tudo sobre ele. Absolutamente tudo. Mas qualquer menção ao seu nome me fazia sentir um buraco afundando no peito.

— Eu li parte das suas conversas com ele. — Ele riu. — Tenho que admitir que são.. fofos, até. — Balbuciou risonho, fazendo-me bufar. — Aquela última mensagem dele dizendo que te amava antes de supostamente sumir na mina foi tão dramático. Vocês poderiam protagonizar uma série na Netflix.

Where Are You?Onde histórias criam vida. Descubra agora