agreement.

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[Somewhere, I can't escape
I'm running from myself
Somewhere in between in love and broken, I'm in hell.]

(ALERTA GATILHO; CRISE DE PÂNICO.)

{point of view; jake}

Atravessei o corredor às pressas até o banheiro, adentrando ao cômodo e trancando a porta atrás de mim.

Apoiei minha cabeça contra a madeira e tentei aspirar o máximo de ar que conseguia, o que causou uma queimação em minha garganta. Envolvi as mãos ao redor do meu pescoço e fechei os olhos, tentando me acalmar.

Senti meu estômago embrulhar e rapidamente me esgueirei até o vaso sanitário, inclinando o tronco pra frente e apoiando meu peso em minhas mãos trêmulas. A bile queimou minha garganta enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Apertei a descarga após terminar e voltei a me levantar com dificuldade, apoiando-me sobre o mármore frio da pia. Pressionei as pálpebras e balancei a cabeça, tentando novamente voltar ao eixo, mas era impossível me concentrar. Sentia como se meu coração estivesse latejando contra os meus ouvidos e chacoalhasse meu corpo em um ritmo frenético, fazendo-me tremer.

A ciência diz que quando se tem um ataque de pânico você passa por uma oscilação de sentimentos, e, principalmente, por uma sensação agonizante de irrealidade. Como se você estivesse fora do seu próprio corpo e distante de sua mente.

Quando voltei a abrir os olhos e encarei o reflexo do espelho, eu senti. Senti como se eu não fosse real, como se aquele que me encarasse de volta com os olhos avermelhados e a respiração irregular fosse uma pessoa completamente desconhecida para mim.

Senti que tinha definitivamente perdido o controle de tudo.

"Eu sempre era boa e útil por um tempo, mas nunca o bastante para ficarem para sempre."

"Você me deu esperança de que algo poderia finalmente mudar na minha vida. E eu te odeio por isso, Jake."

Eu balancei a cabeça, voltando a encarar minhas mãos. Os nós dos meus dedos haviam embranquecido devido a força com que eu apertava o mármore, só então fazendo-me sentir a dor do ato. Mas já estava dormente, assim como o resto do meu corpo.

Eu deveria saber que aquilo aconteceria. Eu deveria ter previsto que Julie nunca me perdoaria de fato por tudo o que fiz. Eu deveria entender que ela tem todos os motivos do mundo para não me querer em sua vida. Porra, eu deveria saber que ela me odiava.

E, apesar da negação constante, eu acho que sempre soube disso. Mas agora que tinha certeza sobre esse sentimento, nada no mundo poderia ter amenizado o baque.

Nada nunca superaria a dor de sentir que a pessoa que eu mais amava no mundo passou a me odiar por minha culpa.

Culpado.

Culpado.

Culpado.

Meu peito voltou a queimar e eu passei as costas da mão pelo rosto, tentando enxugar as lágrimas que não paravam de sair. Era quase irônico o modo como Julie fora a única pessoa a conseguir me alegrar em anos, e também a única a conseguir arrancar meu choro tão bem guardado.

Where Are You?Onde histórias criam vida. Descubra agora