Capítulo 3

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- E a Rainha viveu feliz para todo o sempre em seu castelo.

- Eu gosto dessa história.

Hope disse se afundando ainda mais nos cobertores, as horas passaram voando e só me dei conta disso quando a coloquei na cama; Nova Orleans já começava sua agitada vida lá fora, e aqui dentro o meu coração se agitava em felicidade por pensar que, naquela noite, não seria eu lidando com os bebuns e loucos.

- No que está pensando? - Sua voz baixinha afastou meus pensamentos -.

- Nada importante, - sorri -, porque gosta dessa história?

- A minha mãe lia para mim, - ela fechou os olhos -, ainda me lembro de sua voz imitando a Rainha Genevieve.

- Sente saudade dela?

- Todos os dias, mas sei que ela está olhando por mim.

Meu coração apertou. 

Por que diabos perguntei aquilo? Talvez não fosse adequado e a qualquer momento a criança pudesse entrar em um estado de histeria, bom, era algo que eu costumava fazer quando mencionava o nome dela. Bastava seu nome escapar dos lábios de alguém e eu não me aguentava, fiquei assim por mais tempo do que deveria e sinceramente, nem sei se hoje poderia ouvir seu nome sem derramar uma lágrima.

- Estou feliz por você ter vindo.

- Eu também estou muito feliz, princesa, - sorri tentando esconder os olhos marejados -, mas que tal dormir um pouco? Amanhã teremos um dia muito divertido pela frente.

- O que faremos?

- Que tal uma visita à galeria de arte, depois sorvete de menta e chocolate e filmes da Disney?

Seus olhos se abriram rapidamente e um sorriso grande surgiu em seu rosto.

- Vai ser o melhor dia de todos.

- Mas, - levantei o indicador -, precisamos dormir bastante e descansar, certo?

- Sim, - ela assentiu sorrindo -, boa noite, Cece.

- Boa noite, Hope.

Esperei uns minutinhos até ela apagar e me levantei cuidadosamente, quando estava prestes a fechar a porta senti um vulto me cobrir, tapei a minha boca com a palma da mão impedindo um grito de escapar enquanto Klaus me fitava inexpressivo, ele nada disse, apenas olhou para mim e para porta, repetiu o movimento algumas vezes antes de eu entender e sair de seu caminho.

Ele deixou um beijo na testa da filha e afagou seu cabelo, acendeu a luz da luminária e saiu do quarto em silêncio. Por um segundo, não entendi o que ele queria com aquele olhar, mas permaneci no corredor até ele voltar bufando e pedir que eu o acompanhasse.

 Seu escritório era repleto de livros antigos, mesas de mogno com plantas, papéis velhos e cadernos empilhados, além de alguns artefatos que não me demorei olhando, temia que ele notasse meu interesse e passasse a me ver como uma bisbilhoteira (vulgo fofoqueira).

- Assine as últimas três páginas. - Ele me entregou uma caneta muito sofisticada, devia ser bem antiga, me pergunto qual seria a história daquela caneta e como ele a conseguiu -.

- O que é isso?

- O contrato, - ele se sentou presunçosamente em sua confortável cadeira e apoiou a mão no queixo -, se vai cuidar da minha filha deve seguir algumas regras.

- Eu posso demorar um pouco para ler tudo - precisamente sete páginas -.

- Tenho todo o tempo do mundo, Cecília. - Ele se recostou na cadeira -.

A Babá ✦ The OriginalsOnde histórias criam vida. Descubra agora