Quando Aslin empurrou Cora contra o chão, dissipando o redemoinho de magia, o som foi semelhante a um trovão ecoando pelo céu. Nuvens densas cobriram a lua e uma garoa leve apagava algumas velas, Cora investiu contra Aslin lançando-a contra um altar com tigelas, ossos e ervas, os líquidos das tigelas se espalhando pelo chão, Aslin levantou:
– Acha mesmo que pode me vencer, Aisling? Eu criei você, sua coisinha suja – cuspiu, o olhar vidrado na ruiva –, eu sou você e você sou eu.
– Eu não sou você – retrucou Aslin –, nunca fui. Talvez seja por isso que você me odeia tanto.
– Ah, você é igualzinha à mim – sorriu –. Pode mentir o quanto quiser para si mesma, mas eu sei a verdade sobre tudo, Aslin.
Aslin engoliu em seco.
– Hayley morreu por sua causa, mas você tentou trazê-la de volta à vida – Cora fez um biquinho –, que bonitinho. Aquele era o seu jeito de aliviar a própria consciência?
– Cala a boca.
– Imagino que deve ter sido doloroso assistir o amor da sua vida beijando a sua melhor amiga, foi muito nobre da sua parte – Cora caminhava de um lado a outro –, espera, não me diga que foi por causa disso que a matou.
– Cala a boca – Aslin disse entredentes –.
– Você deveria ter voltado para cuidar da garotinha – disse, Aslin tinha lágrimas nos olhos –, é o mínimo que poderia fazer depois de matar a mãe–
O som do trovão rasgou o céu novamente, Cora foi lançada há alguns metros de nós e eu senti o chão tremer. Aslin passou por mim sem sequer me enxergar, os olhos presos em Cora que, agora, se levantava com murmúrios e com alguns gestos com as mãos fez o chão se partir em fendas e os monstros de sombras começaram a surgir, os rugidos bestiais reverberando pelo lugar.
Eu não podia perder a oportunidade.
Cora abafou um grito quando afundei minhas presas em sua carne rasgando sua carótida, seu sangue tinha gosto amargo de doença. Ela murmurou algo e eu senti a dormência em minha cabeça, a dor latejante começando a intensificar, me afastei cuspindo seu sangue no chão e naquele momento, fui puxada pelas sombras:
– Querida, deixe a briga para os adultos, sim?
Gritei quando as garras afiadas rasgavam a minha pele, gritos abafados em meus ouvidos enquanto eu era jogada de um lado para o outro. Avistei Aslin por entre as sombras, tentando me ajudar, mas foi impedida por Cora – quando atingi o chão, senti uma coisa fria contra a minha pele.
A lâmina que Cora cortou o pulso de Aslin.
A empunhei e tentei cortar as malditas sombras, mas o sangue tapava a minha visão e parecia haver um furacão ao meu redor, o barulho incessante atrapalhando os meus sentidos até que o silêncio fez meus ouvidos doerem, levantei o olhar e os monstros da escuridão haviam desaparecido:
– Aslin?
Chamei, mas estava sozinha. Tudo havia desaparecido.
– Cece, precisa me ouvir. – Meu coração despedaçou –.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei trêmula para Hope, me abaixei diante dela –.
– É como daquela vez com as serpentes – sorriu –, estou segura, mas precisava te encontrar antes dos outros.
– Hope, não é como daquela vez – murmurei, lágrimas nos olhos –, precisa romper esse feitiço agora. É muito perigoso.
– Eu descobri uma coisa, Cece–
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A Babá ✦ The Originals
VampireHope precisa de uma babá. Klaus precisa de ajuda com a filha. Cecília precisa desesperadamente de um emprego novo. Que mal pode acontecer, não é mesmo? ✦ Cecília vê sua vida estagnar quando chega a Nova Orleans, então, determinada a mudar o curso de...