O dia estava estranhamente perfeito, as ruas de Columbia eram calmas e bonitas, avenidas inteiras repletas de árvores e flores nas calçadas, o sol fazia cócegas em meu rosto, por um momento pensei que aquele seria um bom lugar para morar.
Viver longe da loucura de Nova Orleans, nada de bruxas, vampiros ou lobisomens. Eu poderia mudar o meu nome, talvez começar uma faculdade legal e ter um emprego tranquilo. Adotar um gato e encontrar alguém para dividir os prazeres simples da vida, como deitar juntinhos na frente da janela vendo a chuva e tomando um delicioso chocolate quente.
Céus, como seria bom se tudo fosse mais simples.
Afastei os pensamentos impossíveis de uma vida normal. O carro parou em frente a um prédio velho, havia um longo conjunto de prédios idênticos de cor azul petróleo, todos tinham uma árvore na frente e um pequeno estacionamento, sendo diferenciados apenas pelo número grande pintado na lateral. Aquele era o prédio número cinco.
Freya havia nos contatado mais cedo, avisando-nos que Cody estava naquele lugar.
Eu senti um aperto no peito e a mesma energia ruim que me afligiu nas masmorras de Klaus estava me assombrando naquele momento. No fundo, uma parte de mim sabia que era uma péssima ideia vê-lo novamente, a outra parte, por outro lado, desejava vê-lo para pôr um ponto final e definitivo na nossa história.
Aquele prédio parecia abandonado há anos, o chão estava empoeirado, as paredes grafitadas, mas ainda havia alguns poucos sinais de vida ali, como um jardinzinho crescendo em vasos de cerâmica nos topos das escadas de cada andar:
- Como vamos encontrar o apartamento dele? - perguntei de repente -.
- Não precisamos do apartamento, - Josh sussurrou -, não está ouvindo a música?
Aos poucos ouvi a música, estávamos perto o suficiente para sentir as vibrações das batidas repetitivas ecoando pelo lugar. O andar seguinte estava protegido por um homem robusto e grande, ele pareceu chocado por nos ver, mas não hesitou em abrir a única porta de todo o andar.
A música alta preenchia uma ampla sala com luzes fluorescentes brilhando por todos os lados, as janelas estavam vedadas e os mesmos símbolos grafitados nas paredes estavam brilhantes e vívidos aqui dentro. Um DJ animava a multidão de uma plataforma há alguns metros do chão, todos moviam-se em sintonia, o cheiro de álcool estava impregnado no ar e havia mais uma coisa, algo como ferrugem.
- São vampiros - Josh sibilou para mim -.
Olhei em volta, finalmente me dando conta de onde estávamos, havia sofás espalhados em cantos afastados da pista de dança, grupos de pessoas se beijavam e mordiam umas às outras. O cheiro forte de ferrugem era sangue. Logo, alguns olhares curiosos paravam em nós, mas se prendiam em mim, afinal eu era o seu lanchinho da tarde.
Josh segurou minha mão com força. O volume da música agitada diminuiu e uma voz alta ecoou da mesa de DJ, neste momento, e devo dizer que foi um showzinho bem dramático, uma luz de holofote iluminou o nosso provável anfitrião:
- Klaus Mikaelson, - sua voz sedutora ressoou pelo lugar -, a que devo a honra?
A mulher estava usando um vestido justo escuro com mangas compridas e detalhes delicados em dourado; seus cabelos pretos estavam presos de um só lado e ela era incrivelmente bonita. Os cochichos se espalharam rapidamente ao nosso redor, surpresos com um vampiro original eles se amontoaram para olhar mais de perto, prendendo-nos em um círculo.
- Sienna Candreva, - Klaus riu soprado -, vejo que conseguiu escapar das minhas algemas, mas, por favor, não diga que esse lugar é seu. Um tanto decadente, não acha?
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A Babá ✦ The Originals
VampireHope precisa de uma babá. Klaus precisa de ajuda com a filha. Cecília precisa desesperadamente de um emprego novo. Que mal pode acontecer, não é mesmo? ✦ Cecília vê sua vida estagnar quando chega a Nova Orleans, então, determinada a mudar o curso de...