Capítulo 23

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Aiden olhou pelo retrovisor e eu senti o seu olhar em mim – não pude dizer o quanto sentia pelo que fiz com sua irmã, há uma ferida em meu peito que jamais cicatrizará, acho que o mesmo acontecia com ele, e isso nos ligaria para sempre.

Josh tomou as minhas mãos nas suas e meu coração se partiu sabendo que era a última vez que eu sentiria seus dedos roçando os meus e espalhando aquela corrente elétrica que somente a nossa conexão permitia – éramos ligados pelo coração, pelo universo ou qualquer coisa assim.

Sorri sentindo lágrimas quentes escorrerem pelas minhas bochechas, Josh limpou-as com o polegar e me abraçou com tanta força que pensei que o atravessaria. Me afastei minimamente e abri a boca, mas a fechei em seguida, incerta do que deveria dizer e se é que já não disse tudo.

Eu o amo, ponto final.

Josh assentiu rapidamente compreendendo nossa conversa silenciosa, seus olhos diziam que ele sentia o mesmo.

Eu já sabia.

Não houve mais conversas, apenas o choro abafado pelo abraço apertado.

Após algum tempo, e eu não sei quanto tempo, rompemos o abraço com o som irritante de uma buzina, sorrimos e eu segurei seus dedos até eles se arrastarem para longe dos meus, até que não houvesse mais nada me segurando.

O carro se foi e o rosto de Josh se iluminou  antes de desaparecer para sempre na escuridão, soluços foram arrancados da minha garganta, meu corpo quase tocou o chão, mas Klaus o segurou e em um abraço me aninhou em seu colo.

~

Mais tarde naquela mesma noite, eu não dormi.

Simplesmente não senti necessidade de fazê-lo, e então eu arrumei o meu apartamento. Limpei todo o meu closet separando em caixas o que eu poderia jogar fora e o que eu poderia doar, molhei as plantas que resistiram aos meus cuidados – mesmo sabendo que só estavam vivas por causa de Josh.

Abençoado seja.

Ed Sheeran tocava no spotify, eu dançava da melhor forma que podia segurando as caixas, os panos de limpeza e a vassoura, tudo isso equilibrado em meus braços enquanto eu empurrava com o pé um balde de roupas sujas que coloquei na máquina de lavar assim que consegui alcançar a pequena lavanderia do apartamento.

E o apartamento que por anos detestei pelo pouco espaço parecia gigantesco sem ele. Me peguei fitando a porta de seu quarto e nem sei quanto tempo passou, mas Klaus pigarreou me assustando com sua presença sorrateira:

- Puta que pariu, Klaus – soltei sem pensar, e ri colocando a mão no peito –.

- Você está bem?

- Ah, sim, só estou limpando algumas coisas, colocando outras no lugar, você sabe.

- Sei – murmurou –, eu te esperei. Em casa, digo. Você disse que ia apenas caminhar um pouco.

- É verdade. Eu comecei a caminhar e quando vi, já estava entrando no apartamento, pensei que seria uma boa ideia deixar tudo organizadinho.

- Você quer conversar?

- Eu acho que tenho alguns minutos até a máquina de lavar apitar, – falei despretensiosamente –, o que manda?

- Cece, você acabou de perder o seu melhor amigo. Não acho muito normal que esteja aqui limpando.

- Eu estou bem, – falei sorrindo –, fiquei triste na hora, mas passou.

- Só estou preocupado, – falou suspirando –, não me parece saudável. 

A Babá ✦ The OriginalsOnde histórias criam vida. Descubra agora