Encarei seu corpo inerte, o cheiro de carne queimada fazia meu estômago embrulhar. Minha mão se fechava em um punho com tanta força que minhas unhas rasgavam a palma da minha mão. Josh e Klaus estavam fora de vista, quando falei:
- Cody, não é porque está morto que vou sentir pena de você, tampouco te perdoar pelo que fez comigo - minha voz estava entrecortada -, mas queria que estivesse vivo agora e talvez assim você pudesse me contar porque fez o que fez comigo. Porquê eu? O que te levou a isso?
Um soluço escapou de minha garganta, minhas mãos doíam pela força das unhas contra a pele:
- Eu não posso mudar o passado ou voltar no tempo para me salvar de você, e por isso, eu espero que o seu espírito imundo esteja preso nesse lugar horroroso e que você passe a eternidade perdido e sozinho, tudo isso porque eu não te perdoei - funguei -, e Deus me perdoe por isso, mas eu espero que tenha sofrido do jeito que me fez sofrer. Espero que esteja me vendo agora, pois quero que saiba que, apesar de você ter me destruído, eu estou aqui!
"Eu me reergui sem você, morei em abrigos, passei fome e perdi todo o rumo da droga da minha vida. MAS EU ESTOU AQUI, CODY! E ver você preso em uma estaca me faz sentir um pouquinho melhor, porque eu sei que você está no lugar que deveria estar. Cody, você está pagando por tudo o que me fez e eu estou tão feliz por isso."
Desabei a chorar, não me sentia nem um pouco feliz, mas aliviada, talvez, por vê-lo tão insignificante e vulnerável. Esquecido pelas pessoas que supostamente o salvaram.
- A vida inteira eu me escondi das pessoas que me fizeram mal. Eu me escondi de quem eu fui criada para ser, mas eu cansei - limpei meu rosto -, cansei de fugir. Eu vou atrás da merda do meu final feliz, e não é você, nem o Victor que vai me impedir. Querem que eu seja o monstro? Eu vou ser a porra do monstro!
~
Nova Orleans continuava alegremente barulhenta, as ruas cheias de turistas seguindo os desfiles que percorriam as ruas em uma harmonia contagiante trazendo luz para uma cidade apagada em trevas. Eu encarava a multidão de longe, estava distante, perdida em uma fase da minha vida que eu jurei esquecer.
E como se um interruptor ligasse em minha cabeça, eu estava de volta.
Hope me abraçou por trás, seus lindos olhos azuis me puxando para a realidade, não deixei de sorrir, a pequenina fazia jus ao nome:
- Oi, meu amor - me abaixei ficando de sua altura -, senti a sua falta.
- Eu senti a sua falta também, - ela sorriu, me mostrando uma falhazinha no seu sorriso -, o meu dente caiu.
- Ai meu Deus, - eu arregalei os olhos -, quando isso aconteceu? Alguém vai ganhar uma moedinha da fada do dente - ela sorriu abertamente -.
- Hoje de manhã, - ela respondeu animada -, o que é a fada do dente?
- Você ainda não conheceu a fada do dente? - ela negou com a cabeça -, bom, a fada do dente vem durante a noite para coletar os dentinhos de leite que caíram, é só colocar o dentinho embaixo do travesseiro e na manhã seguinte você tem uma moeda.
- E como ela é?
- Ninguém sabe - dei de ombros -, mas eu imagino que muito bonita com asas azuis cintilantes e um vestido muito brilhante.
- Ela deve ser linda - Hope concordou -, tudo bem, vou guardar o meu dentinho embaixo de travesseiro.
- Ótimo - sorri -, está com fome? O que quer comer?
- Panquecas!
~
O cheiro de panquecas com gotas de chocolate inundou a casa. Hope e eu ríamos da bagunça que estava na cozinha, farinha de trigo voava pelos ares a cada minuto que tentávamos mexer a massa juntas. Ela gargalhava. Elijah entrou na cozinha com um pequeno sorriso no rosto, se recostou na porta e nos observou:
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A Babá ✦ The Originals
VampireHope precisa de uma babá. Klaus precisa de ajuda com a filha. Cecília precisa desesperadamente de um emprego novo. Que mal pode acontecer, não é mesmo? ✦ Cecília vê sua vida estagnar quando chega a Nova Orleans, então, determinada a mudar o curso de...