Capítulo 26

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Klaus dormia profundamente quando o deixei. As ruas estão tomadas por turistas bêbados e a alegria contagiante que só Nova Orleans proporciona, para mim eles não passavam de borrões disformes com vozes alteradas, aos meus ouvidos, o som estava abafado, eu sentia meu coração batendo acelerado na minha garganta e eu... eu só precisava respirar.

Meus pensamentos eram um trem descarrilhado colidindo repetidas vezes em uma parede de concreto. Senti o medo congelar o meu estômago, eu sentia que ia vomitar.

Acordei no meio da noite pressentindo uma tragédia, meu sistema nervoso disparou e transformou o meu momento feliz em uma crise de ansiedade que arrancou o ar de meus pulmões. Eu sabia o que fazer, eu só precisava chegar lá...

Dispensei o bondinho e a caminhada se tornou ainda mais longa, meu corpo estava pesado. Um homem trombou em meu ombro, ele gritou alguma coisa, o ignorei. Duas quadras depois e enfrentei os três lances de escadas como se a minha dependesse disso. Minha mão trêmula demorou a destrancar a porta.

Deixei meu corpo desabar no chão e a sensação de estar se afogando me acertou em cheio. Minha pele formigava, a mente girava como se o ar existente não fosse o suficiente, lágrimas surgindo em meus olhos e o desespero me fazendo arfar. Arrastei-me até o quarto e me enrolei na coberta de Josh.

– V-vai ficar tudo bem, – falei –, só respira, Cece, respira.

Era o que ele sempre dizia.

Encarei o lindo anel de noivado em minha mão, o coração pulsando doloroso em meu corpo – era o momento mais feliz de toda a minha vida. Porque eu me sentia tão miserável? Porque parecia que eu não o merecia? A minha vida antiga não era boa, frustrante, difícil e ordinária de muitas maneiras, mas eu sentia que ela me pertencia – de alguma forma, meu coração estava tranquilo.

Agora tudo parece mais incerto, eu tenho tudo o que eu sempre quis, mas acordo apavorada com a ideia de me casar com o amor da minha vida, de ser a mãe que a Hope precisa, de ser uma Mikaelson. Eu viverei a eternidade com o medo constante de viver? Me sentindo uma farsa em uma vida perfeita que não parece minha?

"Querido Josh, me sinto perdida".

Uma batida na porta me arrancou da cama, o coração disparado com a possibilidade, um sorriso cheio de expectativas o recebeu na porta e a sensação de se afogar me acolheu de volta para a dor:

– Me desculpe – disse envergonhado –.

– Pode entrar, – murmurei dando espaço para ele – o que está fazendo aqui, Kol?

– Eu vi você saindo de casa e não parecia bem, – Kol olhou em volta –, eu precisava me assegurar que ficaria bem ou Klaus arrancaria a minha cabeça.

– Achei que era o... esquece.

– Sinto muito te decepcionar.

Kol me encarava com cuidado, como se eu fosse quebrar em mil pedacinhos em um piscar de olhos. Quase ri da semelhança que tinha com Josh. Por um segundo, me senti um pouco melhor:

– Você quer beber? – quebrei o silêncio –.

– Achei que nunca fosse oferecer.

Apanhei uma garrafa de whisky que guardávamos no fundo do armário da cozinha, todas as garrafas do armário da cozinha tinham uma história de roubo por trás, algumas vezes roubávamos de Marcel e ele fingia não ver – ele sempre teve muito carinho por Josh –, e outras roubávamos do Rousseau's quando não havia mais ninguém no bar. Geralmente chegávamos em casa ao amanhecer e Josh tirava a garrafa de dentro do casaco.

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