Meus passos ecoavam apressados pelas ruas desertas. Ao longe, a cidade eclodia em toda a sua glória musical, mas deste lado havia apenas os meus sapatos contra o concreto e o coração acelerado de Hope - ela seguia o meu olhar preocupado por cima do ombro sempre que passava um carro ou um grupo de pessoas.
Entramos no prédio velho, a luz do hall piscava pelo mal contato e as escadas íngremes nos levaram até o lugar que, durante muito tempo, foi o meu refúgio. Se Hope estava assustada, não deixou transparecer, acho que a minha expressão falava por nós duas, apertei sua mão com firmeza para consolá-la.
Tranquei a porta da frente e retirei sua mochila:
- Não se preocupe, ficaremos só esta noite - sorri -.
Plano idiota.
- Você morava aqui?
- Sim - olhei em volta, ela se sentou no sofá -, o seu pai se sentou exatamente aí quando entrou aqui pela primeira vez e me pediu para ser sua babá.
- Você sentiu medo quando ele veio aqui?
- Eu fiquei apavorada - falei ao me sentar ao seu lado -, não é sempre que Klaus Mikaelson bate em sua porta e faz uma proposta dessas.
Hope riu assentindo.
- Você está com medo agora?
- Sim - admiti -, eu seria louca se não estivesse com medo. E você?
- Estou com muito medo - falou mexendo no pompom da sua blusa -.
- Nós vamos ficar bem - assegurei -.
- Acredita mesmo nisso?
- É tudo o que posso fazer no momento.
Meu celular vibrou com uma mensagem de Klaus que dizia "estamos prontos", suspirei pesadamente e bati as mãos nos meus joelhos ao me levantar:
- Você vai dormir no meu antigo quarto, não é muito bom, mas é o que temos para hoje.
- Vai ser como acampar - ela sorriu -.
- Exatamente igual a acampar - ri -.
É o melhor a se fazer, considerando que o quarto de Josh está cheio de garrafas vazias da última vez em que estive ali com Kol. Hope sorriu e me acompanhou até o quarto, o pressentimento ruim arrepiando a minha coluna, o gosto amargo na minha boca e o frio nas pontas dos dedos.
O plano que Henrik propôs foi parcialmente aceito, desde que Josh nos acompanhasse para fora da cidade, já que seria o mais provável de acontecer. Então fizemos parecer que nós três deixamos a cidade ao entardecer, Josh saiu da cidade em um dos carros dos Mikaelson e Hope e eu ficamos no antigo apartamento.
É uma ideia ridícula, eu sei.
Gastei toda a minha energia protestando e brigando com quem quer que me dissesse que aquele plano era uma boa ideia - me exaltei a ponto de xingar Elijah Mikaelson, dá para acreditar?
- Durma bem, meu amor - acariciei seu rosto -.
- Você não vai ficar? - perguntou, o medo em sua voz -.
- Eu volto em um segundo, vou só pegar o meu celular.
- Por favor, fica...
- Ei, está tudo bem - a acalmei -, o prédio inteiro está sob um feitiço de proteção, nós estamos seguras. Eu volto rapidinho.
Acendi o abajur e fechei a porta cuidadosamente. Apoiei meu rosto contra a porta e suspirei pesadamente, meu coração se apertando:
- Você não deveria estar aqui - falei antes de me virar -.
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A Babá ✦ The Originals
VampiroHope precisa de uma babá. Klaus precisa de ajuda com a filha. Cecília precisa desesperadamente de um emprego novo. Que mal pode acontecer, não é mesmo? ✦ Cecília vê sua vida estagnar quando chega a Nova Orleans, então, determinada a mudar o curso de...