Capítulo 53

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Paralisada, encarei o corpo imóvel e pálido de Aslin - ainda estava quente, afastei seus cabelos do rosto com a minha mão fria. A chuva incessante se tornou uma garoa e os ventos aquietaram, a natureza parecia satisfeita, mas eu não. Eu não conseguia lembrar o próximo passo do plano, tudo parecia um pesadelo.

Levantei o olhar para Cora que ainda estava inexplicavelmente viva e me encarava com um sorriso vitorioso, meu coração despencou ao lembrar as palavras de Hope e voltei a encarar a ruiva, sua morte teria sido em vão? Não. Não pode ser.

Um grito esganiçado irrompeu o ar e a cúpula se agitou, Finn rasgou sua garganta tão depressa que nenhum de nós pôde impedi-lo, foi questão de segundos e Gray despencou no chão segurando a garganta, logo estava morto. Em seguida, Vincent foi atingido por Lucien, mas não foi bem-sucedido como Finn.

Kol quebrou o pescoço de Henrik que se aproximou de Davina.

E o caos começou.

A magia foi desestabilizada e as rachaduras criaram oportunidades para Cora romper a cúpula, Freya tentou mantê-la intacta, mas o poder ricocheteou nela jogando-a para longe. A escuridão nos rodeou e as sombras atacaram os outros, mantendo-os afastados de nós:

- Somos só eu e você agora - murmurou -.

Não respondi, meu corpo parecia anestesiado. Cora rastejou para o lado dela e quando sua mão imunda ameaçou tocá-la, eu segurei o seu pulso, a puxei para o chão e rasguei sua garganta, o sangue esguichando em meu rosto, os gritos estridentes só me instigavam a continuar. Nunca desejei tanto matar alguém.

Quando percebi que não eram gritos, mas gargalhadas.

Me afastei para encará-la, apesar do sangue, não havia marcas em seu pescoço. A pele estava intocada. Sem pensar, afundei a minha mão em seu peito machucando o máximo que podia, a feição surpresa em seu rosto só me fazia querer torturá-la ainda mais, quando alcancei o seu coração e fechei meus dedos contra ele, sua voz entrecortada murmurou:

- Já chega, querida.

Contra a minha vontade, a minha mão foi puxada para fora do seu corpo, e a pele restaurada em segundos. Sua voz tornou-se rouca e grave, um sussurro e o corpo de Aslin foi quebrado, as manchas azuladas correndo por suas veias e sua pele tornando-se fria e pálida:

- O que está fazendo?

- Obrigada por facilitar o meu trabalho, agora é melhor se deitar.

Meu corpo obedeceu sem o meu consentimento, a magia sombria escapando do corpo de Aslin como fumaça, as veias escuras em seus dedos tomando forma nas mãos de Cora - seu pescoço pendeu para trás e a fumaça invadiu seu corpo como uma possessão.

Pequenas chamas irromperam do chão formando o mesmo círculo que antes estava desenhado em tinta branca, o cheiro podre impregnado no ar - Cora curvou o corpo para me encarar, sua feição fora substituída por um olhar sádico e veias escuras por todo o corpo, pálida e irreconhecível:

- Ah, querida - ela acariciou o meu cabelo -, você está em choque, é compreensível. Prometo que a sua dor desaparecerá logo.

Seu dedo estava gélido quando desenhou algo em minha testa e então, fez o mesmo com Aslin. Ela ergueu o punho e as sombras recuaram, uma a uma todas se dissiparam em uma nuvem de corvos que sobrevoou a clareira e atingiram o corpo de Cora com força, transformando-se em fumaça ao tocá-la.

Os Mikaelson estavam ajoelhados ao chão, magia prendendo-os no lugar, sangue fresco manchando as roupas elegantes, mas nenhum machucado aparente. Lucien estava preso em um galho partido de árvore e Finn o arrancou sem cerimônia - não vi Henrik.

A Babá ✦ The OriginalsOnde histórias criam vida. Descubra agora