– Eu a amava tanto, nunca me acostumei com a sua ausência. Na verdade, eu sempre achei que seria eu a morrer primeiro.
Sua voz era um sussurro, os olhos fixos no vazio enquanto girava o anel em seu dedo.
– Às vezes eu ainda acho que vou acordar de madrugada com uma ligação dela – murmurou, com lágrimas nos olhos –.
– No cemitério – hesitei –, você estava tentando...
– Trazê-la de volta.
– E o que aconteceu?
– Eles não permitiram – falou, seca –.
– Sinto muito, Aslin – suspirei –, não consigo imaginar a sua dor, e eu te garanto que se eu soubesse, não teria insistido tanto para você trazer isso à tona.
Ela se afundou nos meus cobertores, havíamos secado uma garrafa de vinho e estávamos terminando a segunda, um sorriso triste apareceu em seus lábios, sua voz era fraca quando disse:
– Eu fui tão desprezível naquela noite, – riu –, nunca me perdoei por isso.
Ela entornou a taça de vinho.
– A minha afilhada havia perdido a mãe. Eu havia perdido a minha única família e, enquanto tentava trazê-la de volta, eu só conseguia pensar em Elijah – ela soluçou –, eu não queria que ele ficasse sozinho.
– Meu amor, não pode passar a sua vida inteira se culpando por isso – murmurei –, você havia perdido tudo, é compreensível.
– Eu só queria que ele fosse feliz – sua voz era embargada de dor –, por trás de toda aquela armadura decente e honrada que ele exibe, Elijah é um homem muito machucado.
Riu sem ânimo e cedeu às lágrimas, a puxei para o meu lado e a abracei – sua dor me sufocava e, mesmo com toda a sua impetuosidade, ela não passava de uma garotinha assustada.
– Deveria ter sido eu – chorou –, eu deveria ter morrido no lugar dela.
– Não fale isso – murmurei –, Hayley não gostaria de ouvir isso, não é?
– E pensar que a última vez em que a vi viva – ela soluçou –, foi quando me apaguei de sua mente.
A abracei com mais força, não havia nada que eu pudesse dizer e acho que ela não teve muitas pessoas para conversar nos últimos anos, então eu a ouviria por quanto tempo ela precisasse.
– Eu nunca disse o quanto a amava, – soluçou – é o meu maior arrependimento. Eu falhei com ela de todas as formas possíveis, mesmo quando ela me fez prometer que eu cuidaria da Hope – lamentou –, eu falhei com ela. Eu falhei.
– Querida, eu tenho certeza que Hayley sabia o quanto você a amava, você não fracassou, apenas fez o que foi preciso.
Ela balançou a cabeça em negativa e se encolheu, apertou as mãos no rosto e tentou enxugar as lágrimas, mas não conseguia conter a dor que transbordava. Aslin não disse absolutamente nada depois disso, apenas chorou por muito tempo e, após muito relutar, conseguiu adormecer.
Levantei cuidadosamente da cama, apesar do cansaço começar a abater o meu corpo eu não conseguia dormir – sentia a ansiedade roçando os meus dedos e a vontade de resolver todos os nossos problemas em cinco segundos, mas, por ora, eu precisava fazer algo mais importante.
Esta noite aprendi uma coisa importante com Aslin, eu não quero viver a minha vida com arrependimentos – nem mesmo quando ela é parcialmente eterna. Parcialmente porque não sabemos o que o futuro está preparando para nós – se até mesmo a família original tem algo que pode matá-los, o que dirá alguém como eu. E, caso eu morra amanhã, não quero ouvir tais palavras saindo da boca das pessoas que eu amo.
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A Babá ✦ The Originals
VampireHope precisa de uma babá. Klaus precisa de ajuda com a filha. Cecília precisa desesperadamente de um emprego novo. Que mal pode acontecer, não é mesmo? ✦ Cecília vê sua vida estagnar quando chega a Nova Orleans, então, determinada a mudar o curso de...