Capítulo 8

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- Prontinho, - sussurrei -, acho que chega por hoje.

- Não - choramingou -, só mais um pouquinho, Cece.

- Não, não, não - fechei o livro e o coloquei em sua mesinha de cabeceira -, temos um acordo mocinha, foram três capítulos e meio dessa vez.

- Preciso saber se o Sirius vai machucar o Harry, - fez um biquinho -, como vou aguentar até amanhã?

- Esse é o preço que se paga por me enganar por um capítulo e meio - falei e ela riu -, vamos lá, é hora de dormir.

A cobri com o cobertor, coloquei o ursinho de pelúcia ao seu lado e acariciei seu rosto deixando um beijo em sua testa. Sonolenta, ela bocejou e se afundou nos cobertores:

- Boa noite, Hope.

- Boa noite, Cece.

Fechei a porta dando de cara com Klaus que, como sempre, tinha uma expressão de poucos amigos. Apesar da gentileza inesperada na noite anterior, hoje ele havia voltado ao habitual Klaus Mikaelson de sempre, me ignorando ou cuspindo grosserias sempre que me via. Ele bufou:

- Achei que essa história fosse durar para sempre, - reclamou -, vem.

- Aposto que adorou ouvir "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" - brinquei -.

- Odiei. Inclusive, que diabos de história anda lendo para a minha filha?

- É um garoto bruxo que-

- Bruxo? É sério? - Ele parou de andar -, Vai ler o que para ela depois? "Crepúsculo"?

- Ainda não tinha pensado nisso - coloquei a mão no queixo, pensando -, é uma ótima ideia. Depois posso mostrar a ela o papai brilhando no sol.

Ele me fuzilou com o olhar.

- Desculpe - murmurei, sorrindo sem graça -.

- Você está de bom humor, - observou, depois de alguns segundos -, aproveite isso enquanto pode.

- O que quer dizer?

- Encontrei o seu fotógrafo - ele sorriu sem mostrar os dentes -.

O vento sibilava contra as paredes de pedra das masmorras, - túneis ou seja lá como queira chamar aquilo embaixo da casa -, mesmo para uma mortal eu podia sentir uma energia muito poderosa emanando daquele lugar. Meu corpo se retrai ao impulso de voltar correndo para dentro quando um grito ecoa pelo lugar:

- Como o encontrou? - Perguntei depois de um tempo -.

- Não importa, mas ele tem algo interessante e gostaria que ouvisse.

Senti um gosto amargo na boca. O homem estava pendurado pelos braços, usava apenas uma calça jeans e estava descalço, seus pés pareciam não suportar mais o peso de seu corpo, pois estavam tortos. Havia cortes profundos em todo o seu corpo e estes não cicatrizavam, ele cuspia sangue. Pude ver facas, correntes e líquidos transparentes espalhados em uma mesa. Prendi a respiração.

- Ben, - chamou Klaus com a voz arrastada ecoando pelos corredores -, trouxe alguém para brincar com você.

O homem se debateu fracamente nas correntes.

- Sabe, o meu amigo Ben - Klaus colocou as mãos nos ombros do homem -, estava me contando uma coisa bem interessante. Pode contar para ela, Ben?

Ben murmurou algo, se debateu e Klaus fingiu estar completamente concentrado no que ele tinha a dizer.

- Ah, certo, - ele falou de repente -, a adaga com verbena, - Klaus arrancou-a de suas costas -, desculpe. Continue.

- E-Eu, - sua voz era áspera e quase inaudível -, sou o, - ele respirou fundo, cuspindo mais sangue -, mensa-

A Babá ✦ The OriginalsOnde histórias criam vida. Descubra agora