A janelinha da porta se abriu e uma bandeja com comida escorregou pelo piso do quarto. Não ousei me mexer, temia que, se eu o fizesse, meu corpo quebraria em pedaços. Fazia mais de duas horas que Victor me compeliu a lembrar de tudo o que aconteceu no Brasil, minha mente latejava e, agora, a sensação ruim na boca do estômago crescia com a certeza de que fui um monstro.
Se me esforçasse bem ainda podia ver o sangue dos inocentes em minhas mãos.
Abracei os meus joelhos e afundei o meu rosto ali, implorando a Deus que tudo fosse um maldito pesadelo, mas não se pode acordar de um pesadelo quando se vive um.
Victor entrou no quarto alguns minutos depois, me encarou e suspirou sentando na beira da cama, mas longe o suficiente de mim:
- Não vai comer?
"Não consigo", eu quis dizer, mas não conseguia nem olhar para ele.
- Sei que é difícil, - murmurou -, mas é necessário que se lembre de tudo.
Ignorando o meu silêncio ele continuou:
- Você é uma chave importante aqui, mas isso não é apenas sobre você, Cecília - ele coçou a barba por fazer -, digamos que você é um efeito colateral que acabou sendo necessário. Consegue entender onde quero chegar?
- Eu acreditei que você era um monstro, - sussurrei finalmente -, mas você me salvou.
- Não fiz por você!
- Eu sei - chorei, meu corpo doía -, mas porquê fez mesmo assim? Ela já estava morta, não faria diferença.
Victor suspirou pesadamente.
- Acho que eu só queria me redimir com ela por ter sido tão ruim. Eu a amava, Helena era o amor da minha vida, eu a amava mesmo.
Seu olhar estava triste, desolado, meu estômago embrulhou.
- Eu não consigo saber se as memórias que tenho foram reais ou não, - solucei -, tenho medo de saber quais foram as verdadeiras.
- Eu só apaguei algumas memórias - sussurrou envergonhado -, o monstro que você acha que sou, é real.
- Por quê me salvou? - falei me sentindo dormente, céus eu queria muito vomitar -.
- Sua mãe foi, - ele suspirou -, o amor da minha vida, e isso é a verdade. Eu fui ruim para ela porque sou um covarde, mas eu a amava.
Não respondi, senti nojo.
- Sua mãe deveria ter se casado comigo, não com o William, - havia sinceridade em sua voz -, você deveria ter sido minha filha, mas todas as vezes que eu olhava para você eu só conseguia vê-lo. Não houve um dia em que eu não quis matar você por isso, - murmurou, estremeci sentindo as lágrimas pesadas em meu rosto -, tão parecida com ele. Quando eu tive a chance de te matar, Matias mudou de ideia, teria que ser a sua mãe, ela sabia e me fez prometer que cuidaria de você.
Meu corpo inteiro tremia, meu coração estava acelerado e apesar de me sentir dormente e fraca eu queria muito sair correndo daquele lugar. Encarei a porta e em um impulso corri para fora dali, e como em um sonho tudo parecia extremamente lento; eu corria e corria, mas parecia não sair do lugar e em um instante Victor me jogou no chão como se eu não pesasse nada:
- Sinto muito.
Murmurou e eu apaguei.
Agora eu estava presa à cama, meus olhos doíam pela claridade da lâmpada, uma voz doce e infantil chamava o meu nome e quando me dei conta Hope estava ao meu lado:
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A Babá ✦ The Originals
VampireHope precisa de uma babá. Klaus precisa de ajuda com a filha. Cecília precisa desesperadamente de um emprego novo. Que mal pode acontecer, não é mesmo? ✦ Cecília vê sua vida estagnar quando chega a Nova Orleans, então, determinada a mudar o curso de...