🌺Prólogo🌺

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Uma batida surda ecoa em meus ouvidos, consequência do ritmo acelerado de meu coração. Elevo o rosto suado para o céu. É como Aiyra disse. O clima no deserto muda bruscamente. A brisa fresca da manhã deu lugar a um vapor sufocante.

Ergo a mão à altura dos olhos para protegê-los dos raios solares. A pele exposta começa a arder. Ajusto melhor o hijabe cobrindo toda a cabeça.

Olho para trás. Nenhum sinal do garanhão que fugiu à galope assim que caí da cela quase inconsciente. Animal egoísta. Fugiu sem hesitar.

Dou mais alguns passos arrastados. Meu tornozelo começa a doer.

Abigail me daria uma surra se me visse nesta situação. Certamente não concordaria com minhas decisões. Mas ela não entende. Ninguém entende. A não ser Aiyra que vivenciou algo parecido.

Sinto-me fraca. Estou desidratando. Gotas de suor escorrem por todo o corpo. Lamento ter perdido o cantil abastecido de água durante a queda.

Uma lágrima solitária se mistura ao suor do rosto. Sei que morrerei aqui. É questão de tempo.

Talvez finalmente tenha encontrado meu lugar. De alguma forma me identifico com o deserto. A beleza disfarça nossa natureza selvagem. Um coração seco e vazio como a paisagem inóspita.

No horizonte, onde as dunas se encontram com o céu de um azul cobalto, ondas de calor transformam a paisagem e parecem desacelerar o tempo. Uma mancha branca se aproxima. Creio que não passa de alucinação de uma mente febril.
Cerro as vistas para apagar a miragem...

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