🌺Capítulo 4 - Prisioneira 🌺

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__ Por favor senhorita, se esforce para comer um pouco. Não comeu nada ontem, nem hoje de manhã. Se não se alimentar, ficará doente. __ Aiyra insiste com a bandeja parada a minha frente.

__ Não comerei enquanto não me libertarem.__ Mantenho-me sentada em um dos divãs do quarto.

__ Precisa esperar o senhor Almir chegar.

__Não preciso esperar ninguém! __ Altero a voz.__Não tenho nada a tratar com esse farsante, muito menos com aquele Sheik de araque de vocês!__ Me dirijo à porta do quarto.__ Exijo que me deixem partir agora!

Dois homens aparecem na porta embarreirando o caminho.

__ Então é isso? Quer dizer que sou uma prisioneira. __ Os encaro.

__ Isso não é uma prisão, senhorita. __ Um dos homens responde.__ Estamos apenas garantindo que não fuja novamente, para sua segurança.

Fecho a porta com força.

__ O deserto é muito imprevisível. Não teria chance lá fora sozinha. Por favor, não se arrisque. Deixarei a bandeja aqui para que coma quando sentir fome.__ Aiyra abaixa a cabeça e sai do cômodo.

Após meia hora encarando a bandeja que exala um cheiro delicioso, enquanto arquiteto outro plano para escapar do cativeiro de luxo que me impuseram, não resisto e acabo devorando tudo que Aiyra trouxe. Um prato generoso com uma espécie de salada com grão-de-bico, costelas de carneiro e uns bolinhos parecidos com quibe, porém com um sabor mais acentuado. De sobremesa, uma fruta suculenta e deliciosa que nunca havia experimentado.

Acabo cochilando no mesmo lugar onde passei toda a manhã e só acordo com o som de um motor de carro. Corro até o terraço e ainda consigo ver a movimentação de pessoas lá embaixo e um jipe estacionado.

Volto para o quarto e encaro a porta. Será que aquele asqueroso do senhor Almir chegou? Olho ao redor em busca de algum objeto que me sirva de defesa, caso ele ou outro faça alguma investida. Vasculho o ambiente, mas não encontro nada. Até que tenho a ideia de desenroscar o gancho de um dos cabides do armário. Testo em meu dedo.

Isso servirá, caso algum infeliz tente tocar em mim.

Escondo a peça no cinto da calça que Aiyra me trouxe mais cedo junto com uma túnica.

A tarde passou sem que ninguém aparecesse. A essas alturas, caminho feito uma fera enjaulada pelo quarto.

Talvez o porco esteja aguardando anoitecer para vir até o quarto em busca de diversão.

Certa disso, resolvo tomar uma atitude. Morrerei lutando. Giro a maçaneta da porta dupla. Ela cede. Para minha surpresa, não me trancaram.

Saio descalça pelo grande salão. Não há sinal dos seguranças de mais cedo, nem de outros funcionários.

Começa a entardecer. As folhagens que decoram o ambiente reproduzem sombras nas paredes. O palácio está silencioso. Entro em um corredor lateral onde há várias portas.

Será que existe mais garotas aqui? A outra mulher disse que esse era o harém do Sultão.

Sinto um arrepio percorrer minha espinha. Que nojo. Já sinto asco desse homem antes de conhecê-lo.

Alcanço o primeiro lance de escada. Desço os degraus sorrateiramente. Vou me esgueirando pelas paredes de pedra. Escondo-me atrás de colunas e estátuas.

O único sinal de vida no prédio é um cavalo amarrado que se alimenta despreocupadamente no pátio central.

Desço o último degrau. Uma lufada de vento morno atinge meu rosto. Sinto minúsculos grãos de areia salpicarem minha pele. Me estico até o portal que dá acesso ao pátio e descubro que um grande portão, que deve ser a entrada principal do palácio, está aberto.

Ela é indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora