🌺 Capítulo 29 - Irmãos Al-Abadi - Parte I 🌺

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Meus olhos percorrem a imensidão de areia que se descortina através da janela do quarto no palácio.

Abraço meu corpo e respiro a brisa agora fresca que vem do deserto. O aroma adocicado das flores que decoram o jardim do terraço invade o ambiente.

O tecido transparente da camisola nova estremece com o vento. A cor lilás se assemelha ao tom que tinge o céu onde o sol se põe.

Muita coisa mudou nos últimos dias. Porém uma das mais difíceis foi me despedir das pessoas da tribo, principalmente de Raja. Nos tornamos inseparáveis durante as semanas em que convivemos no acampamento.

Khan presenciou nossa despedida. Abraçadas, prometi retornar em breve para revê-la. Raja correu até os limites do território e acenou até nos perder de vista.

Montados em Akhal, seguimos pelo deserto de volta ao palácio...

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Mãos ágeis deslizam por minha cintura e braços acolhedores me envolvem.

__ Está pensativa.__ A voz rouca de Khan eriça os pelos de minha nuca. Um beijo é depositado no alto de minha cabeça.

Jogo o corpo para trás. Roço nele e inspiro o perfume masculino. Uma de suas mãos espalmadas em meu ventre.

__ Sinto falta de Raja e do restante da tribo.__ Giro em seus braços.

__ Se quiser podemos trazê-la para viver no palácio. Seria uma companhia a mais, além de Aiyra. __ As mãos de Khan sobem e descem por minhas costas agora.

__ Seria injusto afastá-la dos parentes.__ Apoio as mãos em seu peito exposto e beijo o local.

Ele respira fundo.

__ Mas aqui ela poderia se dedicar somente aos estudos e ter mais oportunidades.

__Acho que deveríamos perguntá-la o que prefere.__ Ergo a cabeça e encaro os olhos muito azuis vidrados em mim.

__ Como quiser. Tomarei providências sobre isso.__ Puxa-me para si e beija meu pescoço.

__ Obrigada. __ Sussurro próximo ao seu ouvido ao ficar nas pontas dos pés.

__ Tentarei fazer o possível e o impossível para que se adapte totalmente em Durab fi Alsahra. Você agora é a sultana desse povo. Quero que enxergue esse palácio como sua casa, Adrielle.

Khan me aperta em seus braços. Curva a cabeça e me beija sem pressa. A intimidade entre nós evolui de forma tão natural que hoje não consigo imaginar como pude associar o que temos às péssimas experiências do passado.

Estar com ele é como encontrar um óasis em meio a aridez do deserto. O deserto de sentimentos em que vivi nos últimos anos.

Quando estamos assim, todas as dúvidas e incertezas se vão. Khan faz com que me sinta invencível. Porém, tenho consciência de que ainda temos alguns desafios a enfrentar.

Temo que a reação do Conselho mediante a notícia de nosso casamento seja diferente da aceitação da tribo que Khan lidera. Eu mesma terei que dar muitas explicações a minha família.

Deixo-o me carregar até a cama do quarto que antes era usado somente por ele. Envolvo os braços em seu pescoço.

Os aposentos do Sultão é cercado de conforto, porém sem exageros.
Tudo ao redor reflete a personalidade do líder que se preocupa mais com as necessidades do povo do que com luxo, glutonarias e ostentações.

O que há de raro no palácio faz parte da história da família nobre de sua linhagem.

Como em meu antigo quarto, há muitas almofadas. As cores douradas e vários tons de azul se sobressaem. Dois divãs próximos à janela que dá para o terraço com um jardim suspenso. Dois tapetes tipo persa, um em cada lado da cama. Um biombo de madeira vazada em um canto e várias lamparinas marroquinas espalhadas pelo ambiente.

Ela é indomável Onde histórias criam vida. Descubra agora