Khan tem razão quando diz que não me convém circular pela cidade sem o hijabe. Na volta para o palácio recebi muitos olhares curiosos e escandalizados. Alguns reconheceram o Sultão, isso amenizou as reações.
__ Por favor, pode diminuir a velocidade? __ Sem mais suportar a dor no tornozelo, apoio a mão no muro que circula a lateral do palácio.
Khan para ao meu lado e me observa.
__ Está se sentindo mal? __ Espalma a mão grande em minhas costas. Sinto um arrepio descer pela espinha. Me afasto mancando mais ainda.
__ Não, estou bem. É só meu tornozelo. __ Tento prosseguir mesmo com a dor.
__ O que aconteceu? Se feriu?__ Puxa minha mão. Nova onda de arrepio.
Por que esse homem gosta tanto de tocar?
__ Não! __ Minha voz sai irritada quando puxo a mão.
Khan permanece parado me observando intrigado enquanto dou alguns passos a frente. Olho para trás.
__ Você não vem?
Ele estreita os olhos.
__ Está sentindo dor, mas se fazendo de forte. O que aconteceu com seu tornozelo?
Me encara de modo insistente. Desvio o olhar tentando pensar em uma história qualquer.
Não quero que saiba de meu defeito físico. Não quero que seja mais um que sente pena de mim. Talvez até cancele o contrato com a agência se descobrir que sou uma aleijada.
Me dou conta de que fiquei alguns minutos divagando. O encaro. Seus olhos azuis me pressionam. Olho para os lados tentando encontrar uma desculpa.
__ O que está escondendo?__ Tomba a cabeça se aproximando.
Dou um passo para trás.
__ Não estou escondendo nada.
__ Exijo que me conte!
Meu sangue ferve rapidamente.
__ Quem pensa que é para exigir alguma coisa?
__ Sou o Sultão, esqueceu?__ Sorri arrogante.
__ Acontece que não sou sua súdita ou adoradora, sei lá como se fala por aqui! Não tenho obrigação de dar satisfação da minha vida nem dos meus problemas!
__ Tem um problema no tornozelo? __ Noto que suas pupilas dilatam um pouco.
__ Não! __ Perco o controle. __ Não tenho problema nenhum.
Tento caminhar mais um pouco, porém a perna vacila.
__ Droga! __ Lágrimas teimosas escorrem por meu rosto. A dor me denuncia.
__ Venha. __ Khan avança em minha direção. Encosto no muro para me esquivar.
__ Não! __ Arregalo os olhos. __ O que pretende fazer?
Khan flexiona as pernas, passa os braços por trás de meus joelhos e me ergue com facilidade.
__ Pare com isso! __ Minha voz saí em um fio.
Seu rosto agora tão próximo do meu que posso sentir o mesmo perfume almiscarado que senti no dia em que estive em seu escritório.
__ Fique quieta e se segure.
__ As pessoas estão olhando assustadas.
__ Devem estar pensando que a tomei como minha concubina. Não se preocupe. Como disse, meus "adoradores" consideram minhas decisões soberanas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela é indomável
RomanceDurante a adolescência, Adrielle Machado passou por um episódio traumatizante que a marcou profundamente. Um relacionamento abusivo a deixou com marcas físicas e psicológicas que atrapalharam seu sonho de se tornar uma modelo de sucesso. Drica, como...