__ Parece que a tempestade que esteve ameaçando o dia inteiro, finalmente está chegando.__ Francis comenta através da vidraça do prédio.
Ergo a cabeça e observo a nuvem de poeira que avança sobre Dubai. Já havia visto o fenômeno em algumas fotos, mas nunca presenciado.
__ É assustador.__ Anette comenta.
__ Talvez precisemos permanecer aqui até que a tempestade passe.__ Fred analisa também a paisagem se transformando lá fora.
Sinto um desconforto. Um sentimento angustiante como um mal presságio.
Vasculho o salão a procura da figura de Khan. Não o vejo em lugar algum. Na verdade, ele sumiu desde que me deixou na pista de dança.
Levanto e vou à mesa onde Najla está acompanhada de um casal desconhecido.
__ Onde Khan está?__ Toco no ombro dela.
Ela me observa de lado com desdém.
__ Que pretensão achar que lhe passarei alguma informação.__ Sorri com escárnio
__ Najla, é sério!__ Seguro seu braço com firmeza.
__ Não me toque, sua louca!__ Levanta.
__ Há uma tempestade avançando do deserto. Sabe melhor do que eu o perigo que ele pode estar correndo lá fora.
A fisionomia de Najla muda. Os olhos negros arregalam.
__ Ele acaba de sair. Disse que voltaria andando para o hotel. Queria esfriar a cabeça. __ Diz sem me encarar.
__ Meu Deus...__ Solto-a e saio disparada.
__ Drica, o que houve?__ Ouço Anette quando passo, mas não posso perder tempo.
__ Deixe-me passar.__ Ordeno ao recepcionista do prédio.
__ Senhora, uma tempestade está avançando sobre a cidade. Já foi decretado estágio de alerta para que todos permaneçam abrigados.
__ Acontece que tem uma pessoa lá fora. Preciso encontrá-lo e trazê-lo de volta.
__ Senhora, é arriscado. Provavelmente ele encontrará outro abrigo.
O rapaz se interpõe em minha frente. Me desespero com a ideia de Khan lá fora.
Najla disse que ele precisava esfriar a cabeça. Deve ter saído tão desnorteado que não prestou atenção na tempestade que se formava.
Sou culpada. Deixei-o acreditar que não o amo, que não me importo com o que vivemos.
Outras pessoas se aproximam e em uma fração de segundos em que o recepcionista vira para explicar, passo correndo por trás dele.
Assim que desço os primeiros degraus, recebo uma saraivada de vento que desestabiliza meu corpo. Corro até o corrimão e desço segurando. Alcanço rapidamente a calçada. A quantidade de areia que se espalha com a ventania impossibilita uma visão clara das coisas. Mas noto que não há quase ninguém nas ruas.
Abaixo e tiro as sandálias altas dos pés para facilitar a caminhada. Ouço uma sirene tocar. Evito atravessar a rua para não correr o risco de atropelamento. Só consigo enxergar há poucos metros de distância e mesmo assim a quantidade de areia no ar começa a arder as vistas.
Um novo chicotear de vento me mantém imobilizada. O vestido longo se agita. Os cabelos sacodem para todos os lados. Me agarro em uma espécie de poste. Coloco a mão sobre os olhos e tento olhar para a frente, mas já não consigo enxergar. Meus olhos ardem muito pela poeira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela é indomável
Roman d'amourDurante a adolescência, Adrielle Machado passou por um episódio traumatizante que a marcou profundamente. Um relacionamento abusivo a deixou com marcas físicas e psicológicas que atrapalharam seu sonho de se tornar uma modelo de sucesso. Drica, como...