🌺 Capítulo 38 - Tempestade do deserto 🌺

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__ Parece que a tempestade que esteve ameaçando o dia inteiro, finalmente está chegando.__ Francis comenta através da vidraça do prédio.

Ergo a cabeça e observo a nuvem de poeira que avança sobre Dubai. Já havia visto o fenômeno em algumas fotos, mas nunca presenciado.

__ É assustador.__ Anette comenta.

__ Talvez precisemos permanecer aqui até que a tempestade passe.__ Fred analisa também a paisagem se transformando lá fora.

Sinto um desconforto. Um sentimento angustiante como um mal presságio.

Vasculho o salão a procura da figura de Khan. Não o vejo em lugar algum. Na verdade, ele sumiu desde que me deixou na pista de dança.

Levanto e vou à mesa onde Najla está acompanhada de um casal desconhecido.

__ Onde Khan está?__ Toco no ombro dela.

Ela me observa de lado com desdém.

__ Que pretensão achar que lhe passarei alguma informação.__ Sorri com escárnio

__ Najla, é sério!__ Seguro seu braço com firmeza.

__ Não me toque, sua louca!__ Levanta.

__ Há uma tempestade avançando do deserto. Sabe melhor do que eu o perigo que ele pode estar correndo lá fora.

A fisionomia de Najla muda. Os olhos negros arregalam.

__ Ele acaba de sair. Disse que voltaria andando para o hotel. Queria esfriar a cabeça. __ Diz sem me encarar.

__ Meu Deus...__ Solto-a e saio disparada.

__ Drica, o que houve?__ Ouço Anette quando passo, mas não posso perder tempo.

__ Deixe-me passar.__ Ordeno ao recepcionista do prédio.

__ Senhora, uma tempestade está avançando sobre a cidade. Já foi decretado estágio de alerta para que todos permaneçam abrigados.

__ Acontece que tem uma pessoa lá fora. Preciso encontrá-lo e trazê-lo de volta.

__ Senhora, é arriscado. Provavelmente ele encontrará outro abrigo.

O rapaz se interpõe em minha frente. Me desespero com a ideia de Khan lá fora.

Najla disse que ele precisava esfriar a cabeça. Deve ter saído tão desnorteado que não prestou atenção na tempestade que se formava.

Sou culpada. Deixei-o acreditar que não o amo, que não me importo com o que vivemos.

Outras pessoas se aproximam e em uma fração de segundos em que o recepcionista vira para explicar, passo correndo por trás dele.

Assim que desço os primeiros degraus, recebo uma saraivada de vento que desestabiliza meu corpo. Corro até o corrimão e desço segurando. Alcanço rapidamente a calçada. A quantidade de areia que se espalha com a ventania impossibilita uma visão clara das coisas. Mas noto que não há quase ninguém nas ruas.

Abaixo e tiro as sandálias altas dos pés para facilitar a caminhada. Ouço uma sirene tocar. Evito atravessar a rua para não correr o risco de atropelamento. Só consigo enxergar há poucos metros de distância e mesmo assim a quantidade de areia no ar começa a arder as vistas.

Um novo chicotear de vento me mantém imobilizada. O vestido longo se agita. Os cabelos sacodem para todos os lados. Me agarro em uma espécie de poste. Coloco a mão sobre os olhos e tento olhar para a frente, mas já não consigo enxergar. Meus olhos ardem muito pela poeira.

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