__ Senhorita Adrielle, vim ajudá-la a se banhar para o jantar com o Sultão. __ Aiyra anuncia ao entrar no quarto depois que os seguranças me trouxeram de volta.
__ Ficou maluca? Não pretendo jantar com ele. Se pensam que vou cooperar com esse absurdo, estão muito enganados. Não serei subjugada tão facilmente como imaginam. __ Respondo agitada.
__ Está fazendo um julgamento errado sobre o Sultão, senhorita. Ele é um bom homem.
__ Quer dizer que acha tudo isso normal? Me manterem aqui contra minha vontade.
__ Converse com ele, senhorita. Tenho certeza de que a ajudará como um dia fez comigo.
Olho para Aiyra desconfiada.
__ Você é uma das concubinas dele?
__ Quê?!__ Aiyra arregala os olhos.__ Não senhorita! O Sultão sempre me tratou com muito respeito desde quando me tirou das ruas de Rahat Almusafir.
__ Como assim te tirou das ruas?__ Sento sobre as almofadas. Aiyra me acompanha.
__ Fiquei órfã muito cedo. Meus pais foram assassinados e salteadores levaram tudo o que tínhamos. __ Ela abaixa a cabeça.
Parece que é difícil para ela lembrar do passado.
__ Tudo bem se não quiser falar sobre isso.__ Toco em suas mãos que não param de enrolar o tecido do vestido.
__ Não, eu quero falar. Para que saiba que está julgando mal nosso Sultão. __ Agarra minhas mãos. __ Como não conseguia trabalho acabei nas ruas, senhorita. Vivi da caridade das pessoas por um tempo. Mas um dos mercadores tentou se aproveitar de mim.__ Aiyra soluça.
__ Ai meu Deus! Ele te tocou?__ Seguro nos ombros da garota que parece ser poucos anos mais nova do que eu.
Ela afirma com a cabeça.
__ Mas graças ao nosso Sultão, ele não conseguiu repetir. __ Ela ergue o rosto e me encara com olhos úmidos.__ Minha desgraça chegou ao ouvido do Sultão. E quando ele soube de tudo que havia acontecido com minha família e que aquele porco havia me tomado e levado para viver com ele, o Sultão invadiu a casa com os guardas. Me resgatou e prendeu aquele monstro. Como eu não tinha para onde ir, ele me trouxe para estudar e aprender um ofício no Palácio. Prometeu que os assassinos de meus pais serão caçados e que também pagarão pelo mal que fizeram.
__ Sinto muito por seus pais e tudo o que passou, Aiyra. __ Abraço a jovem. A princípio, ela fica surpresa com meu gesto, mas logo retribui.
__ Tudo bem.__ Seca uma lágrima. __ Isso aconteceu há dois anos.
__ Nossa, era muito jovem.__ Acaricio seus cabelos negros e ondulados.
__Eu tinha quinze anos quando toda essa desgraça sobrecaiu em minha casa.
__ Te entendo. Sei como se sente. Algo terrível aconteceu comigo também quando tinha pouco mais que sua idade. Só que além de tudo, me culpo, porque fui avisada, mas insisti no erro.
Aiyra me observa por um tempo. Apesar de não ter lhe contado detalhes, posso ver solidariedade em seus olhos.
__ Vá conversar com ele. Tenho certeza que a ajudará...
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Cruzo novamente o grande salão. Dessa vez sigo em outra direção. Os seguranças me guiam em sentido sul do palácio. Novos ambientes se descortinam. Caminho escoltada pelo largo corredor. As sandálias de tiras que Aiyra providenciou escorregam no piso vitrificado.
Esse chão poderia ser usado como espelho!
Sinto-me ridícula usando as vestimentas
trazidas por Aiyra. A calça de cintura baixa, tecido fino, cortes nas laterais e elásticos nos tornozelos, fazem com que me sinta em uma cena dos filmes de Alladim. Puxo a cropped branca em uma tentativa falha de esconder parte da barriga exposta.
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Ela é indomável
RomanceDurante a adolescência, Adrielle Machado passou por um episódio traumatizante que a marcou profundamente. Um relacionamento abusivo a deixou com marcas físicas e psicológicas que atrapalharam seu sonho de se tornar uma modelo de sucesso. Drica, como...