A vida na tribo mudou repentinamente a partir do momento em que Khan anunciou que iríamos casar.
Hani e Samira, finalmente partiram em viagem de lua de mel. E agora, sou o novo "centro das atenções" de todas as mulheres.
Dona Soraia começou a confeccionar um vestido com minhas medidas. Constantemente sou convocada para sessões de aconselhamento em que Raja traduz tudo o que preciso saber. As meninas mais novas me acompanham de longe pela tribo soltando sorrisinhos e suspiros como se vissem alguma espécie de celebridade.
Absurdamente, Khan e eu mal nos vemos ou nos tocamos. Estamos sempre sendo monitorados. Como havia dito, as regras de seu povo são bastante conservadoras e rígidas. Não admitem que o casal permaneça muito tempo junto antes de se casarem. Isso me deixa bastante frustrada.
Tantas regras, conselhos e o distanciamento, tem me dado tempo para pensar no que está prestes a acontecer. Não tenho dúvidas quanto aos meus sentimentos por Khan. Realmente, o que sinto por ele é mais forte do que já senti por qualquer um, mas pergunto-me se não poderíamos começar nosso relacionamento do jeito tradicional como outros casais. Namorar por alguns anos e só mais tarde pensar em oficializar.
Não me sinto pronta para me tornar esposa do líder de um país. Khan foi preparado para isso a vida toda. Eu, há algumas semanas não me imaginava nem sendo tocada por um homem e agora estou prestes a me casar.
A questão é que me sinto completamente atraída por ele, como nunca estive. Totalmente rendida ao seu toque. Admiro a cada dia mais seu caráter e sua personalidade forte. E não quero perder tudo isso por conta de convenções e regras. Não sei como farei para organizar minha vida. Como contarei a minha família e como me adaptarei a tantas mudanças. Só sei que quero estar com ele agora.
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Uma semana se passou. Khan se recuperou totalmente. O braço direito desinchou e o curativo foi tirado, restando apenas uma cicatriz onde levou a picada.
Estou uma pilha de nervos. O casamento será amanhã. Um ancião da tribo celebrará a cerimônia religiosa.
Pensei muitas vezes em desistir. Cheguei a sair decidida da tenda algumas vezes em busca de Khan para dizer que prefiro adiar o casamento. Mas duas coisas me fizerem repensar. Primeiro, a dor que senti com a possibilidade de perdê-lo. Segundo, casaremos somente no religioso por enquanto e se essa é a condição para ficarmos juntos, não vou me negar a oportunidade de tentar com a única pessoa que conseguiu transpor as barreiras do trauma e do medo que ergui nos últimos anos.
No fim do dia, caminho pelo acampamento em busca de refúgio na tenda considerada "a tenda da noiva".
Abro e fecho os dedos para fazer o sangue circular. Respiro e solto o ar profundamente tentando me acalmar. Meu traseiro dói por passar horas sentada ouvindo sermões e aprendendo algumas palavras do dialeto da tribo para recitar os votos.
Me esgueiro pela parte menos iluminada do acampamento torcendo para que dona Soraia e as outras mulheres me esqueçam por algumas horas. Aproximo-me da entrada. Um braço surge na escuridão e me puxa para a parte traseira da tenda. A mão em minha boca bloqueia a possibilidade de alguém ouvir o grito de susto.
Mordo a palma da mão masculina. Ouço um gemido de dor, mas ele não me solta. Circula minha cintura com firmeza e me levanta.
__ Adrielle...
__ Khan?! Pensei que fosse Farid ou algum homem mandado por ele.__ Tomo sua mão para examinar.
__ Farid?! Por que ele faria tal coisa?__ Fecha a mão e sinaliza que não foi nada.
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Ela é indomável
RomanceDurante a adolescência, Adrielle Machado passou por um episódio traumatizante que a marcou profundamente. Um relacionamento abusivo a deixou com marcas físicas e psicológicas que atrapalharam seu sonho de se tornar uma modelo de sucesso. Drica, como...