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Noah Urrea

Mais uma vez, o dia se arrastava para mim.

Todos os dias pareciam arrastar-se sem que eu tivesse nenhum objetivo particular em mente.

Minha rotina resumia-se a acordar, ir para a monotonia do trabalho, aguentar um ou dois puxa-sacos e, finalmente, voltar para casa, esperando que um bom filme passasse na TV a cabo.

Eu já tinha 24 anos. Era diretor de uma das empresas de meu pai, Marco, espalhadas pelo mundo.

Publicidade, acho eu. Tudo que me limitava a fazer era assinar alguns papéis após perguntar para alguém que entendia do assunto do que se tratavam.

Tinha uma reunião ou outra com representantes de quem quer que fosse, não entendia do que se tratava todo aquele papo, mas fazia minha melhor pose de chefe. Ao final, tudo ficava como tinha que ficar. Bastava uma ordem como "Resolva isso imediatamente" a qualquer subordinado, e não havia mais problemas em meu caminho.

Eu temia estar entrando novamente em uma forte depressão, onde não via mais motivos para me esforçar a fazer nada. Eu poderia abandonar completamente o trabalho e não teriamm consequências. Bastava uma palavra minha e as decisões eram tomadas.

Presente ou ausente na empresa, eu continuava sendo o chefe direto. Tinha dinheiro de sobra, vivia com muito luxo, sempre rodeados de pessoas ricas, esnobes e com a péssima mania de serem falsas e mesquinhas.

Eu era, portanto, um homem rico, poderoso e infeliz.

Minha vida amorosa era inexistente. Eu podia ter as mulheres que quisesse, pelo preço que quisesse - o que, normalmente, eu fazia. Mas ninguém me dava a emoção de um sentimento forte e real. Algo que me desestabilizasse completamente, que me fizesse parecer muito menos do que eu sou.

As mulheres pelas quais eu pagava não despertavam em mim nada além de uma ereção. Podia ser o suficiente durante uma noite, durante algum tempo. Mas o fato era que eu estava ficando cansado disso.

Eu via em volta pessoas com muito menos que eu e, ao mesmo tempo, muito mais felizes. Via o que uma relação sólida fazia com as pessoas. Os sorrisos, o brilho nos olhares. E cada vez que constatava que não havia nada disso para mim, eu sucumbia ao fracasso pessoal. Poderia ir à busca de mulheres certas e decentes, mas todas que achei eram interesseiras.

Não que eu fosse um daqueles empresários idosos, ricos e com uma tara esquisita por colegiais. De fato, eu era atraente. Conseguia notar que chamava a atenção de um número grande de mulheres. Mas a verdade é que, mesmo com o mínimo de beleza, ficava claro que todas elas se aproximavam de mim por causa do dinheiro que eu tinha.

Eu cometi o erro da inocência quando me apaixonei pela primeira e última vez. Fiz planos de casamento, família, vida. E ela me abandonou com as jóias, carro, casa e conta bancária que eu havia, de bom grado, oferecido a ela.

Foi fácil arranjar um bom dinheiro com isso. A próxima notícia que tive foi que ela havia fugido para algum lugar do mundo.

Com o meu melhor amigo.

E eu continuava ali.

Por esse motivo decidi levar uma vida leviana, já que uma vida séria não havia me dado resultados positivos. Com toda a esperança de uma relação amorosa real perdida, não demorou até eu me render ao álcool e às coisas fáceis.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora