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Maratona 3/6

Sina Deinert

Acordei cedo no sábado. O relógio marcava perto das 7h, enquanto eu me acostumava à claridade suave que preenchia o meu quarto através das frestas da persiana.

Não consegui dormir direito aquela noite graças aos sonhos que teimavam em vagar pela minha cabeça. Sonhei com meus pais, ainda vivos, deitados ao meu lado na mesma cama em que eu agora me encontrava. Meu pai mexia em meus cabelos, e minha mãe fazia carinho na minha barriga, como costumava fazer quando eu era pequena e tinha problemas para dormir. Ambos pareciam me confortar por algum motivo que eu desconhecia.

Também sonhei com Noah. Não lembro direito o que foi, mas sei que era ele porque, primeiro, ele vestia as mesmas roupas de ontem, e segundo, minha cabeça atualmente apresentava a mania irritante de colocá-lo em meus sonhos todos os dias.

Me permiti ficar aconchegada em meu cobertor e pensar nele. Não que eu quase não fizesse isso, mas pensar nele era bom, e eu nunca parecia cansar de lembrar do rosto que atormentava ou dava luz aos meus sonhos. De fato, talvez fosse por isso que eu não conseguia não sonhar com ele.

Lembrei do que aconteceu ontem. Foi tudo tão rápido que, quando dei por mim, já estávamos fazendo o que estávamos fazendo. Ele não havia me impedido dessa vez. Pelo contrário, até fez com que eu acreditasse que queria, e a julgar por seus olhos que esbanjavam desejo, mesmo estando claramente bêbado, e por sua nada discreta ereção, ele realmente queria.

Essa era a parte que me deixava confusa, porque, no final da noite, eu tive a clara impressão de que ele estava tentando me evitar. A forma como Noah foi embora pareceu uma fuga. Eu não sabia do que ao certo ele fugia, mas me senti incrivelmente frustrada, principalmente depois de tudo o que aconteceu naquela noite.

Havia sido ele quem havia começado a sedução, coisa que vinha se negando veementemente a fazer. Depois disso, me pediu daquela forma para que eu fingisse sentir algo por ele. Lembro que tive que usar bastante do meu auto-controle para não mostrar, de verdade, tudo o que eu sentia por ele.

Não sabia quem tinha sido a pessoa que havia lhe dado a impressão de que ele não era importante, mas gostaria imensamente que ele não acreditasse no que quer que o tenham dito.
Bem, talvez eu não tenha sabido mostrar a ele que ele era importante. Mas se assim fosse, acredito que ele não permaneceria no meu quarto comigo depois.

Foi só quando eu pedi para que ele ficasse que algo pareceu mudar dentro de sua cabeça, então ele tinha que ir embora. Eu não sabia por que ele havia feito aquilo. Mas o que quer que fosse, me deixou um pouco mais triste do que deveria.

Assim, eu tinha certeza que não o veria aquele fim de semana.

...

Aquele sábado foi tedioso e desagradável.

Queria não ter me levantado tão cedo da cama, assim teria menos tempo para ouvir as perguntas de Angela e Jéssica sobre Noah.

- Você acha que ele vai vir aqui hoje?

- Não.

- Por que não?

- Porque não acho, Jéssica. Só por isso.

Essa era a razão, pura e simples, e eu queria que ela parasse de tocar nesse assunto, porque me incomodava imensamente saber que ele não viria e, mais ainda, não entender o motivo pelo qual ele queria distância de mim.

- Ele pagou pela sua semana! Com certeza ele deve gostar de você.

- Não, Angela. Ele só tem uma proteção esquisita comigo.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora