8.

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Noah Urrea

Sem checar se havia realmente se passado cinco minutos, tomei o resto do meu whisky e subi as escadas, rumo ao quarto de Sina.

Entrei sem bater e encontrei um ambiente mais escuro do que quando entrei pela primeira vez naquele quarto. Apenas uma luz fraca vinda de um abajour de uma mesa ao longe, encostada na parede, iluminava timidamente o local, deixando a mulher deitada na cama, vestida em um hobby preto totalmente fechado, praticamente nas sombras.

- Está escuro... - Comecei.

- É bom que seus outros sentidos ficam aguçados. - Ela disse num timbre de voz fraco.

- Não é bom. Já disse que quero ver...

Sina se levantou e veio na minha direção, e num ato completamente imprevisível, me abraçou. Como sua cabeça batia quase na altura do meu queixo, não precisei sequer me mover.

- Por favor... Vamos fazer assim hoje. Só hoje...

Então, senti aquele perfume. O perfume que sempre me fazia perder um pouco do controle que tinha.

Amêndoas. Amêndoas e shampoo.

Merda! Aquele maldito perfume...

Senti suas mãos agora abrindo timidamente os botões da minha camisa enquanto ela beijava suavemente meu peito por cima da roupa. Eu queria perguntá-la o que havia acontecido, queria saber o que fizeram a ela. Mas estava óbvio que ela não me diria.

Sem pensar muito, empurrei para os lados o tecido de seda que cobria seus ombros e abaixei minha cabeça até o local, aplicando beijos suaves. O perfume estava mais forte do que o normal, combinando perfeitamente com o ambiente escuro e incrivelmente sensual.

Minhas mãos foram para o nó em seu hobby, abrindo-o lentamente. Ela se afastou um pouco, para que eu pudesse removê-lo completamente.

Então fui pego de surpresa ao constatar que ela não usava nada por baixo do hobby, agora no chão.

E, quase que imediatamente, outra surpresa me fez estacar diante de Sina.

Embora o quarto estivesse escuro, consegui ver seu corpo em quase sua totalidade coberto de manchas escuras e arranhões.

Dei um passo para trás, assustado.

- Que porra é essa?

- Ossos do ofício. Vem cá... - Ela falou como se estivesse tendo uma conversa tediosa, vindo na minha direção e segurando com firmeza o botão da minha calça enquanto o abria.

- O quê... Espera aí! O que diabos aconteceu com você?

Ela bufou, parecendo impaciente.

- "Aconteceu" um cliente. E isso não é da sua conta.

- Não é da minha conta? Claro que é! Não quero comer uma mulher que parece que acabou de ter sido espancada!

Minhas palavras impensadas saíram de uma só vez, e pareceram extremamente insensíveis e rudes no silêncio do quarto.

Sina olhou para mim com um misto de raiva e tristeza, parecendo pensar nas palavras antes de pronunciá-las.

- Foi por isso que deixei as luzes fracas...

- Achou que eu não fosse ver? Não sou cego! Você parece uma colcha de retalhos, pelo amor de Deus!

Ela continuou me encarando por mais dois segundos, então pegou o hobby do chão e vestiu-se.

- Se não vai me comer, peço que saia do meu quarto pra que eu arranje outro cliente.

- Não vou sair! E você não vai ter mais porra de cliente nenhum essa noite! Vou falar com Tanya sobre...

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora