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Maratona 2/6

Noah Urrea

Acordei na manhã segunite reinado por um forte mau humor, parte porque eu sabia que meu dia não seria bom, e parte pela noite novamente mal dormida.

Despertei algumas vezes de madrugada por culpa de sonhos ruins, e todos eles contavam com a ilustre presença dela.

Sonhei com um James sem rosto, que batia tanto nela que a deixava desacordada. Outro sonho consistia em uma realidade paralela onde ela parecia não me conhecer, e um terceiro consistia em nós dois fazendo sexo selvagem, na minha cama.

Os três sonhos, de uma forma ou de outra, me apavoraram.

Para minha infelicidade, não tive que comparecer a muitas reuniões ao longo do dia. O que antes era um castigo, agora se mostrava uma forma eficiente de manter meus “fantasmas” um pouco afastados de mim. Ao invés disso, fiquei o dia praticamente todo sentado à minha mesa, lendo e relendo contratos.

Infelizmente, pude constatar que era muito fácil perder o fio de pensamento com simples leituras. Por isso, obriguei Any a ficar do meu lado o dia inteiro, lendo comigo os papéis. Dessa forma, quando sua perspicácia a avisava de que minha cabeça estava muito além das linhas dos contratos à nossa frente, ela me chamava novamente à realidade.

Entretanto, nada disso me distraía do fato de que estava cada vez mais difícil não pensar nela. Conforme o tempo que eu me recusava a lembrar de sua presença aumentava, maior era a dificuldade em não deixá-la invadir minha mente repentinamente.

Eu não poderia fugir dela por muito tempo, e isso estava ficando cada vez mais claro.

Às 18h fui para casa tomar um banho e me arrumar para a festa a qual iria comparecer. Não tinha como objetivo fechar contratos, mas aparentemente, minha presença era algo importante, segundo Any me dissera.

Dessa forma, em pouco mais de meia hora eu já estava pronto, ainda me perguntando qual seria a melhor opção: Sair assim que minha cota de presença fosse suficiente, me livrando daquele castigo o quanto antes, ou permanecer na festa o maior tempo possível, evitando que eu fosse parar em um lugar que eu queria ir, mas que estava tentando não querer.

Rumei para meu Volvo trajando roupas menos formais do que as que estava acostumado a usar, e pouco tempo depois foi recepcionado por pessoas que eu tinha certeza que nunca havia visto na vida, mas que mesmo assim me chamavam pelo primeiro nome.

A casa era luxuosa, como todos os lugares em que festas daquele tipo aconteciam. Grande parte das paredes eram de vidro, dando um estilo clean ao ambiente. No fundo, um jazz sem graça tocava, me dando sono e me fazendo lembrar de como odiava o som de saxofones.

Mulheres em vestidos curtos, decotados e caros passeavam entre os convidados sem nenhum objetivo aparente, bebendo taças de champagne e rindo de piadas idiotas proferidas por velhos ricos e abusados.

Graças a Deus, não demorei a encontrar Any. Corri para seu lado, decidindo que faria o possível para me sentir à vontade e me divertir naquele lugar.

– Uau, você está um gato!

– Não me faça corar na frente dessas pessoas, Any. - Falei, recebendo um sorriso dela em resposta.

– Algumas pessoas daqui querem te conhecer. Que tal fazer novas amizades? - Ela falou, com um sorriso debochado.

– Não seja falsa.

– Vamos lá, eles não são tão ruins.

Pouco tempo depois, fomoso convidados a sentar em uma grande mesa redonda onde homens e mulheres discutiam sobre negócios, e imediatamente me perguntei se, caso eu puxasse algum assunto aleatório, como futebol ou música, conseguiríamos manter uma dicussão normal.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora