14.

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Noah Urrea

No dia seguinte, cheguei na Casa por volta das 21h, quando uma música agradável e sensual tocava não muito alto, proporcionando o ambiente caloroso que eu procurava sempre que ia lá.

Passei por alguns casais que já aproveitavam a noite, sem o menor pudor, enquanto se atracavam nos cantos, finalmente chegando no bar e pedindo minha já habitual dose de whisky.

Olhei em volta procurando um rosto conhecido, e depois de algum tempo, quando não pude achá-lo, relaxei um pouco.

Sina não deveria estar naquele ambiente, porque se estivesse, os homens presentes achariam que ela estava livre.

E ela não estava, porque eu providenciei isso.
Muito bem providenciado.

– Olá, querido.

Virei-me e encarei Tanya, com um sorriso um pouco forçado.

– Olá.

– Sina está no quarto dela, se você a está procurando.

– Imaginei que ela estivesse lá - Respondi, dando um último gole em minha bebida e agradecendo a menina do bar que veio retirar o copo.

– Noah. - Tanya segurou levemente meu braço, me olhando com mais significado do que o normal.

O sorriso forçado não estava mais em seu rosto.

– Posso te dar um conselho?

– Sim? - Falei, um pouco surpreso com a intensidade de sua atitude.

– Tome cuidado.

Fitei-a por algum tempo, sem entender muito bem o que aquilo significava.

Como se ela pudesse ler meus pensamentos, completou.

– Não a torne muito especial.

Ainda não entendia muito bem o motivo daquilo, mas mesmo assim senti a necessidade de me defender.

– Não estou tornando-a especial.

– Não seja bobo. É óbvio que está.

– Ela é uma boa amiga.

Tanya me observou, sem falar nada. Depois de segundos, voltando do que parecia uma análise interna sobre mim, ela tornou a falar, se afastando logo em seguida.

– É um conselho, meu caro.

Fiquei imóvel, vendo-a caminhar para longe de mim, enquanto voltava a sorrir para alguns dos homens que brincavam com ela.

Fiquei pensando em que ocasião manter uma amizade com uma das garotas da Casa prejudicaria alguém. Não seria o caso para mim, já que eu realmente gostava da companhia dela. Não seria o caso de Sina, porque, até onde eu sabia, ela também gostava de minha companhia, se eu fosse tomar suas próprias palavras como indicação disso.
Também não seria o caso de Tanya, porque nada do que se passava entre nós atrapalharia seus negócios.

Caminhei para as escadas que davam para o corredor dos quartos das meninas, enquanto ainda tentava entender o “conselho” que Tanya acabara de me dar. Não sei o quanto aquilo tudo afetava a ela, mas eu esperava que não afetasse o suficiente para que ela se sentisse no direito de interferir no relacionamento que Sina e eu tínhamos agora.

Se ela tentasse fazer isso, nós teríamos problemas.

Cheguei à porta de seu quarto e bati, esperando por uma resposta. Uma voz abafada saiu de lá de dentro, me pedindo para que entrasse, então o fiz.

Sina estava sentada na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, segurando um livro agora fechado que eu identifiquei como sendo o mesmo livro que ela estava lendo há algum tempo. Vestia um short vermelho confortável e um moleton preto, tão grande nela que parecia pertencer a alguém três vezes maior.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora