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Maratona 5/6

Sina Deinert

Era um pouco antes das 23h quando finalmente chegamos ao apartamento dele.

Durante todo o percurso do restaurante até o prédio, não deixei de pensar um segundo sequer em como diabos Noah havia conseguido, com um carinho inocente na mão, me deixar completamente acesa de uma forma que ele mesmo parecia não saber.

Fitei-o pelo canto do olho cada vez que parávamos em um cruzamento, encontrando-o descansando a cabeça no encosto de seu assento com os olhos fechados, então me dei conta de que ele devia estar realmente exausto e nem um pouco interessado em sexo aquela noite.

Merda.

– Primeiro as damas.

Entrei no apartamento escuro, tateando em busca do interruptor. Noah o encontrou primeiro, acendendo as luzes e evitando que eu desse com o nariz na parede. Caminhei para o quarto onde estavam minhas coisas e ele me seguiu.

– Você não tem outras malas, né? - Ele perguntou, olhando para as várias bolsas e sacolas deixadas no canto do quarto.

– Não.

– Te empresto algumas minhas.

Ele disse isso enquanto tirava o sobretudo despreocupadamente, bocejando sem perceber e ficando, ao mesmo tempo, fofo e gostoso, algo que eu jamais achei ser possível. Continuei encarando-o como uma ninfomaníaca no cio, desejando mais do que tudo que aqueles dedos estivessem me tocando agora em lugares muito mais íntimos do que antes.

– Banho. - Ele disse enquanto apontava com o dedo para seu quarto, aparentemente muito cansado para formular uma frase completa.

Assisti o pedaço de mau caminho sair do meu quarto e caminhar pelo corredor enquanto tentava manter os olhos abertos. Como, Deus, ele conseguia ser tão... tão... ele?

E o que estava acontecendo comigo, afinal de contas? Desde quando eu era dada a explodir em hormônios perto de um homem? Está certo, não era “um homem”, era ele. Mas mesmo assim, aquele simples toque, da forma polida e educada como foi, não devia ser o suficiente para ter me deixado em chamas.

Eu estava com muito calor.

– Ei! - Falei, alcançando-o em seu quarto antes que ele entrasse no banho - Posso usar aquela camisa?

– Ela é sua. Fica mesmo muito melhor em você.

Ele estava sem camisa, apenas de calça social, recolhendo uma calça e um casaco de moletom para vestir depois. Gostoso.

Ele entrou no banheiro, encostando a porta atrás de si. Voltei ao meu quarto e tirei todos os agasalhos, vestindo a camisa que era minha agora. Escovei os dentes e me olhei no espelho por algum tempo, na dúvida se tentaria seduzir Noah ou se o deixaria descansar. Sem chegar à conclusão alguma, joguei um pouco de água no rosto e voltei para o quarto dele.

As paredes e objetos rodavam um pouco à minha volta, o que constatei ser o efeito do álcool no meu organismo desacostumado, mas não me importei. A porta do banheiro ainda estava encostada. Fui tomada por uma mistura de sensações - um pouco de curiosidade e muito de promiscuidade - então sem nem me dar conta, já estava dentro do enorme banheiro de azulejos brancos e pretos.

Noah não notou minha presença. Eu lembrava que o box era espelhado por dentro, fazendo com que quem estivesse dentro dele não enxergasse nada além de seu próprio reflexo, por isso só tive que tomar cuidado em não fazer nenhum tipo de ruído.

Sentei muito quieta na tampa fechada do vaso sanitário, abraçando minhas pernas enquanto me encolhia em cima dele e apoiava o queixo nos joelhos, pela primeira vez admirando Noah de verdade.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora