47.

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Sina Deinert

– Não vou trabalhar hoje. - Falei com o rosto enfiado no travesseiro. Noah parou de beijar minhas costas instantaneamente.

– Por quê? - Ele perguntou, e eu já identificava o tom de preocupação em sua voz.

– Não estou me sentindo bem.

Ele deitou ao meu lado.

– O que você tem?

– Cansaço. E enjôo, de novo.

Noah havia me visto vomitar duas vezes naquela semana, e vinha se mostrando a cada dia mais preocupado com a minha condição. Mas como realmente queria poupá-lo, preferi esconder dele a dor de cabeça e nas costas. Eu omitia alguns sintomas unicamente porque me pareciam pouco importantes, então não era como se eu estivesse o enganando ou algo assim.

– Ok. Eu não vou trabalhar também.

Tirei meu rosto do travesseiro, encarando-o com a cara amassada.

– Claro que você vai. - Falei em um tom mandão.

– Não vou. Vou levar você ao médico.

– Não precisa me levar em médico nenhum. Tenho certeza que isso vai passar...

– Você diz isso há duas semanas!

– … E além disso - Continuei, fingindo não ouvi-lo -, eu tenho pernas. Posso ir sozinha se passar mal.

– Até parece que vou te deixar ir sozinha nessas condições.

– Um taxi faz exatamente a mesma coisa que o seu carro.

– Não adianta. Nada do que você fale vai me convencer...

– Certo. Não era hoje que você tinha aquela reunião pela qual está esperando há um mês?

Ele continuou me encarando, possivelmente processando minhas palavras.

– Merda!

Noah se levantou, procurando em volta aguma coisa. Quando encontrou seu celular, automaticamente começou a discar um número decorado.

– Vou avisar à Any pra cancelar...

Pulei da cama e tomei o celular das mãos dele antes que pudesse completar o número. Voltei a deitar no colchão de bruços, com o aparelho debaixo da minha barriga.

– Quero meu celular de volta. - Ele falou, tentando empregar um tom de monotonia na voz.

– Você vai trabalhar.

– Já disse que não vou. Se você piorar...

– Eu não vou piorar! Pare de me tratar como uma criança!

– Então pare de agir como uma!

– Vai à merda, Noah! - Respondi, jogando um dos travesseiros nele - Ou melhor, vai trabalhar!

– Não vou!

Olhei-o de maneira furiosa, sabendo que aquele era o momento de usar minha carta curinga.

– Se você não for, eu faço greve.

Ele abriu a boca, incrédulo.

Sua expressão mudou imediatamente de uma segurança plena para alguma coisa do tipo “como você pôde jogar tão baixo?”.

A ameaça de falta de sexo era sempre uma boa opção para qualquer espécime do sexo masculino, principalmente quando se tratava de Noah.

Suspirei, tentando fazer com que voltássemos a conversar como adultos.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora